Coragem

Coragem Rose McGowan




Resenhas - Coragem


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Notas.Literarias 19/07/2018

“À liberdade, sua e minha.Agora, vamos tacar fogo.”
Hello pessoal, tudo certinho?! Vamos bater um papo super legal sobre uma das biografias mais legais que já li. Biografia não é minha leitura preferida, normalmente eu leio de músicos, adoro os bastidores das bandas e saber como é que funciona toda a máquina que faz girar o som. Mas de atrizes, eu acho que nunca tinha lido, e só posso dizer que fiquei bem impressionada.

Meu contato com Rose foi no seriado Charmed, ou Jovens Bruxas, como se chamava por aqui. Ela entrou no lugar de Shannen Doherty,que interpretava Prue, a irmã mais velha, que acabou morrendo na série. Mas todos sabemos a fama de encrenqueira que ela tinha, não é mesmo, pois desde Beverly Hills, 90210, aqui Barrados no Baile, que ela não era muito bem vista. Mas isso é detalhe e foi só para contextualizar e relembrar duas séries que eu amava em minha adolescência.

Rose é uma atriz muito bonita, e uma de suas grandes características físicas que sempre chamaram a atenção, era uma das coisas que mais a incomodavam no fato de ser atriz. A superexposição de sua vida e a dissecação de todos os seus passos pela imprensa, sempre foram um problema que ela fingia entender e aturar até o dia que tudo foi demais e ela simplesmente desistiu de todo o Glamour da vida Hollywoodiana.
“Rompi com você. O você coletivo, o você social. Rompi com ideal de Hollywood, aquele do qual eu havia participado. [...]
Eu rompi com alguém? Sim, rompi com o mundo. E você também pode.”
Cada relato da atriz sobre seu tempo na grande máquina de sonhos chamada Hollywood nos faz questionar toda e qualquer produção. Não que eu nunca tenha imaginado que seja um preço muito alto ter que ser linda e perfeita em todo o momento da sua vida. Não poder simplesmente ser quem você é, porque não é isso que a indústria do entretenimento quer. A indústria cria os mitos, vende a imagem para a massa consumir e depois você vira escrava de toda essa necessidade de ser perfeita.
“Ironicamente, o perfeccionismo que tinha sido incutido em mim pela seita à qual ele havia me forçado a participar me salvou de passar a vida na prisão por assassinato. ”
Rose nos mostra o quanto era sofrido e custoso estar ali. E aí nesse momento você deve estar fazendo a mesma pergunta que eu mesma fiz enquanto eu lia a história: porque permanecer, não é mesmo? E ela nos responde isso. Ela nos faz mergulhar em sua alma e em suas lembranças e eu posso garantir a você, que não é um lugar bonito de se estar. E não estou nem me referindo aos casos de abuso e assédio. Estou falando da constante competição, da constante necessidade de se provar e da insistente necessidade de ser cada dia melhor que o anterior.
“Por que eu deveria proteger aqueles fofoqueiros acéfalos com meu silêncio? Eles me humilhavam, me desvalorizavam e me maltratavam. [...]Hollywood vive sob um véu de mistérios, mas eu nunca disse que guardaria segredos.”
Num livro intenso e quase devastador, Rose McGowan nos mostra os bastidores de Hollywood sem censura, sem cortes e sem maquiagem. Com a alma ferida e se reerguendo, Coragem não é só um livro de memórias, é um alerta a todas nós, mulheres, que almejamos ser aquelas que aparecem em nossas telas, mas que não fazemos ideia do preço que se paga para ser aquela pessoa.

Recomendo essa leitura a todas as pessoas, pelo simples fato dele ser um alerta e quase um pedido que você endeuse menos as pessoas e seja mais aquilo que sua essência pede a você para ser. Mire-se no espelho e tenha orgulho de ser quem você é, como você é.
“Não colabore com a degradação que sempre nos impõem. [..] Seja melhor. Pense de modo diferente. [...] Sei que pode mudar o mundo, começando pelo seu, tendo coragem.”

Cinco notas musicais para esse emocionante relato.

site: http://www.notasliterarias.com/2018/03/resenha-coragem.html
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Biia Rozante | @atitudeliteraria 09/07/2018

No minimo chocante...
Uau. É difícil pensar em outra maneira de iniciar essa resenha sem ser com essa expressão. UAU!

Quando recebi o livro da HarperCollins Brasil confesso que hesitei em iniciar a leitura. Não sou uma grande fã de biografias, leio apenas as de personalidades que por alguma razão tenho curiosidade ou admiração e sendo totalmente honesta, nunca tinha ouvido falar em Rose McGowan.

"Minha vida, como você vai ler, me levou de um culto perigoso a outro, o maior culto de todos: Hollywood. E digo isso porque, com exceção da bomba nuclear, nada tem alcance mais amplo do que Hollywood. CORAGEM é a história de como lutei para sair desses cultos e retomei minha vida. Quero ajudar você a fazer a mesma coisa."

Intenso, triste, cru, real. CORAGEM é uma critica a sociedade de modo geral, uma critica a maior indústria do entretenimento do mundo. É o desnudar de uma alma que tanto sofreu, lutou e se feriu com tudo isso. Um desabafo, a desmitificação de um “universo” que julgamos perfeito, que por diversas vezes idealizamos e almejamos.

Rose não teve uma vida fácil. Nascida e criada na Itália, no seio de uma seita chamada MENINOS DE DEUS. Sua infância foi marcada por agressões físicas, emocionais, opressão e humilhação. Foi realmente tenso ler a respeito, acompanhar esse pedaço da vida de uma criança que buscava entender o mundo no qual estava inserida, se descobrindo como ser humano, buscando amor, atenção, segurança e encontrando o completo oposto disto tudo. E não pense que isso melhora. Sua adolescência foi tão complicada quanto. Conforme avançava na leitura e me deparava com aquela jovem tão feroz, buscando sua liberdade, tentando pertencer, ter apoio, lutando por uma migalha de felicidade, mais angustiava ficava, mais compreendida a importância, ou melhor, a necessidade do que estava sendo desabafado/escrito.

“Passar fome desanima. Passar frio desanima. Esconder o terror e ter coragem o tempo todo exige muita energia.”

Os primeiros cinquenta porcento da leitura são dedicados a nos apresentar a Rose, desde sua infância até o momento em que ela chega em Hollywood. E é marcado por uma explosão de sentimentos, raiva, frustração, angustia, carência... A cada palavra escrita eu podia ouvir seus gritos. Foi pesado, intenso, mas esclarecedor. Ela nos obriga a refletir, a questionar o quanto os alicerces são importantes, o quanto as agressões sofridas na infância interferem no adulto que você irá se tornar, na maneira como você irá se portar, se relacionar com os demais a sua volta. Confesso, no lugar dela não sei se teria sobrevivido a tudo isso. Se teria saído ilesa e com a força com a qual ela ressurgiu posteriormente.

E então chegamos a intocável indústria do entretenimento. A maior de todas, a mais visada, a mais brilhante e maravilhosa... Será?. Lugar onde grandes figurões, milionários dominam, mandam e desmandam, são endeusados, fazem sua própria lei. Ainda que eu acredite que isso está mudando, atualmente temos visto denuncias, mulheres que tem vindo à tona para relatar as agressões, expondo o que sofreram, podemos dizer que Rose foi uma das primeiras, a que levantou a bandeira e vem tentando abrir espaço para que outras tenham a coragem de fazer o mesmo. Jamais imaginei encontrar tanta desumanidade, foi realmente um choque me deparar com a realidade por trás dos bastidores – estupro, violência, mulheres sendo usadas, vistas como objetos, exaltadas apenas por sua beleza e sendo obrigadas a negar todo o resto. Acho que nunca paramos para pensar em como os filmes, as séries, as grandes produções acabam influenciando a maneira como pensamos, agimos, nos enxergamos e nos relacionamos com as pessoas a nossa volta. Como sempre julgamos tudo muito inocente e glamoroso, quase que robotizado, deixando de ver os seres humanos, as vidas por trás daquilo. E Rose nos convida a abrir os olhos, a enxergar além das aparências, do que é mostrado.

“Você pode dizer “chega”. Você pode dizer “sim” para ser mais livre. Você pode se libertar da armadilha que foi armada para você.”

Nos cinquenta porcento finais, senti que as emoções eram de firmeza, de certeza, de garra, uma mulher que sabe o que quer, pelo que está lutando e onde quer chegar, perdendo o tom de raiva. Rose por diversas vezes teve sua voz calada, mas hoje é protagonista de sua história, de suas decisões, assumiu o controle, ela teve coragem.

Fiquei chocada, horrorizada e enfurecida. Que leitura impactante. Não entrei em muitos detalhes, não fiquei parafraseando a autora pois acredito que todos devam ler a obra, para assim formar sua própria opinião a respeito de tudo que nos é exposto. É difícil falar de um livro que não é ficção, que é uma história real, pois não temos como julgar. Mas espero ter sido capaz de transmitir um pouquinho do que foi minha experiência de leitura. É uma leitura forte, carregada de emoções, que não romantiza nada, muito pelo contrário desnuda, expõe, acusa. Não a fama, sucesso, nada que possa pagar sua saúde, paz de espirito, tranquilidade e nada jamais deve ser maior que sua vontade de viver, que seu amor-próprio, que sua felicidade. Não aceite, não abaixe a cabeça, não se submeta, você não é obrigada a nada. Seja a protagonista da sua história.

Sem qualquer dúvida, CORAGEM é um livro de superação, de recomeço, de luta. Um desabafo, uma critica, um chamado, um grito. A revelação do lado escuro, daquilo que não enxergamos e que por diversas vezes não queremos ver. Cruel, porém verdadeiro, necessário. Se tiver a oportunidade, leia a obra.

site: http://www.atitudeliteraria.com.br/2018/05/resenha-coragem-rose-mcgowan.html
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Retalhos e Prefácios 28/06/2018

"Acredito muito que a vitória para uma de nós é uma vitória para todas nós"
Em, "Coragem", McGowan descreve suas memórias com uma fluidez que torna a narrativa impossível de ser largada até lermos a última palavra do livro.

Não são memórias de fácil degustação. São verdades duras jogadas em nossa cara e, se alguém ainda se ilude com os tapetes vermelhos, os mocinhos criados, moldados, praticamente esculpidos pelos filmes americanos para que sejam vendidos como verdadeiros príncipes encantados, essa leitura faz-se ainda mais necessária.

Rose foi criada em uma seita na Itália onde pôde vivenciar, desde bem nova, a crueldade humana imersa em uma realidade de extremismos religiosos, fanatismos e, claro, todas as características do patriarcado. No entanto, desde então, ela já demonstrava traços fortes de sua personalidade e, mesmo sendo duramente punida, mantinha suas opiniões e questionamentos acerca do que acreditava e duvidava.

Em tal seita, seu pai dormia com diferentes mulheres, tinha grande poder nas tomadas de decisões e, ainda, a prática de pedofilia era aprovada entre os adeptos.

Entre absurdos e divergências, seus pais se separam, mudam-se para os Estados Unidos e Rose passa por um período de instabilidade: ora com um pai agressivo e opressor, ora com a mãe, e até na rua.

O caminho até os primeiros filmes é longo e árduo. Como a vida de muitas garotas, eu diria. Quando se nasce mulher, sobreviver já se torna uma tarefa habitual desde muito cedo. E Rose descobriu isso precocemente.

Já nos estúdios hollywoodianos, a atriz percebeu que havia se libertado da antiga seita em que crescera mas, como não havia suposto até então, caíra em outra tão cruel quanto.

Nesta, produtores, diretores e atores de renome usam de suas posições para abusarem de atrizes iniciantes, de funcionárias com baixos salários - que dependem do trabalho de alguma forma.
Aproveitam do sonho de aspirantes à atrizes para estuprá-las: quantas vezes quiserem, como quiserem, onde quiserem.

E, tudo isso já é feito há tanto tempo, que foi de certa forma naturalizada por todos os que estão ao redor.

Em certa ocasião, após ser estuprada por um poderoso diretor de estúdio, Rose tenta desabafar com o ator Ben Affleck, queridinho nos anos 90, e ainda em atuação, como no filme "Garota Exemplar", por exemplo. Mas, a resposta que recebeu do "amigo" foi: "Eu falei pra ele parar com isso".

Sério, cara?

Além desses casos extremos, Rose também sofreu todo o tipo de abuso que possamos imaginar na mão de seus assessores. Afinal, uma estrela de Hollywood tem padrões a seguir: Manter-se magra, cabelo de jeito tal, cor "x"... Seu corpo não pertence mais a você. Você agora pertence à uma indústria e essa indústria vende essas mulheres para nós. Nós somos os consumidores. Nós adquirimos esses produtos e passamos a idealizá-los cada vez mais como perfeitos. Não tolerando nada que fuja desse ideal.

Mas, por qual motivo?

E se for diferente?

Depois de sua infância, dos abusos que viu na seita em que passou a infância, nas agressões de seu pai, de seus primeiros namorados - sendo um, extremamente machista e controlador -, de um relacionamento com final devastador com Marilyn Manson que a princípio parecia ser incrível e depois apenas mostrou-se mais um relacionamento abusivo para sua coleção. Onde ela deixou-se de lado e viveu a vida de outra pessoa e ainda foi humilhada publicamente no fim. Depois disso tudo, os abusos de Hollywood foram ficando cada vez mais nítidos e de fácil compreensão para Rose. Era hora de romper com o silêncio. Era hora de impedir que mais e mais mulheres passassem por tudo o que ela havia passado, ao menos com as pessoas públicas.

E foi o que Rose fez. Falou. E falando ela deu voz a muitas outras mulheres também!

E, em seu livro, tudo isso é relatado corajosamente.

"Coragem" é um livro que coloca o dedo na ferida, que desperta para muitas verdades veladas, que passa por cima de qualquer intenção de dúvida. "Coragem" é muita honestidade, sororidade e luta. Luta por sobrevivência. Luta por equidade.

Que esse seja apenas o começo do fim de muitas mazelas. Que a gente aprenda, de uma vez por todas, a não se calar!

Tenho muito prazer em recomendar esse livro! Muito.

À liberdade, sua e minha.

Agora vamos cuspir fogo.- pág. 10

Confira a publicação completa no Blog!

site: http://www.aquelaepifania.com.br/2018/04/resenha-coragem-rose-mcgowan.html
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Liachristo 02/06/2018

Uma tocante e triste realidade!
Olá leitores!
Hoje venho com a resenha de Coragem ou Brave, seu título original. O livro foi escrito por Rose McGowan e lançado aqui no Brasil pela HarperCollins.
Gostei muito da leitura e dei nota 5/5.

Durante várias décadas Hollywood foi extremamente cultuada, idealizada e feito para ser vitrine do que havia de mais belo entre os seres humanos, principalmente das mulheres. Uma indústria totalmente sexista, voltada para o entretenimento, mas que ao invés de seguir seus múltiplos conselhos de ser melhor enviado através de filmes, simplesmente seguia o caminho inverso, escondendo monstros e situações altamente nocivas em seus bastidores. Isso até que uma mulher teve a audácia e a coragem de gritar ao mundo toda a sujeira que residia ali, dentro daquelas imensas mansões dos figurões do cinema.

Eu não costumo ler biografias, ou mesmo autobiografias como é o caso, mas como sempre digo, nada como sairmos um pouco de nossa zona de conforto de vez em quando para aprendermos algo, ou mesmo para descobrirmos que os monstros podem e devem ser exterminados!

o livro é de uma realidade chocante e triste algumas vezes, mas também altamente tocante no que concerne aos sentimentos que todas nós mulheres passamos em algum momento em nossas vidas. Todas nós já tivemos em algum momento o desprazer de sermos assediadas, menosprezadas e até mesmo machucadas na alma, simplesmente por termos nascido com o tal "sexo frágil".

Por este motivo, mesmo que como eu você não curta muito esta linha de livros, eu aconselho que abra sua mente e seu coração e dê uma chance, para que Coragem possa levar a você a mesma sensação de poder que trouxe a mim. Não o poder de ser superior a alguém, mas sim o poder de saber que a nossa força está dentro de nós e que todas nós podemos mudar o mundo a nossa volta se tivermos a coragem de deixar a nossa voz ganhar vida!

"Ser corajosa não quer dizer não ter medo, só significa fazer as coisas que dão medo mesmo assim."
"Não entre no jogo do sistema. Seja melhor. Pense de modo diferente. Sei que você consegue. Sei que pode mudar o mundo, começando pelo seu, tendo coragem."

Esta resenha foi postada no Instagram @docesletras.

site: https://www.instagram.com/docesletras/
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Marcela @ler_sim_ler_sempre 30/04/2018

è preciso ter coragem
Coragem é a autobiografia da atriz Rose Mcgowan. Um gênero que não tenho costume de ler. Aliás, nunca tinha lido. E recebi esse livro da editora com um certo receio. Porém assim que comecei a lê-lo, eu percebi que a leitura dele é mais que necessária. Por que Rose só não nos alerta sobre o que acontece a anos em Hollywood e sim o que acontece a gerações na vida das mulheres.


Ele é dividido em duas partes. Onde de início conhecemos sua infância, de como viveu em uma seita com os pais e depois como foi sua adolescência. Já passando por abusos sexuais e psicológicos. Se tornando bulímica, anoréxica e adquirindo vícios. Carregando então, essa bagagem pra Hollywood. Em que sua degradação como mulher acaba, por assim dizer, se completar.


E na segunda parte vemos como ela conseguiu sair desse ciclo, fazer sua voz ser ouvida e seus agressores punidos. Incentivando assim outras mulheres a fazerem o mesmo. E não se calarem.


Em Coragem, Rose Mcgowan tem uma escrita crua, forte e realista. Um verdadeiro tapa na cara da sociedade. Um chacoalhar nas mentes humanas.
Em que você sente como se fosse uma amiga te contando sua história. Sentindo sua dor, sua repulsa e seu orgulho ao tentar mudar o rumo de sua vida.
E ela não esconde nada e nem se faz de coitadinha. Se despe completamente de suas vergonhas, erros e vícios. Uma verdadeira vítima dessa sociedade dominada pelos homens, mas com uma coragem genuína.


Enfim, um livro que trás uma mensagem de empoderamento feminino e um alerta a todas nós mulheres.
Que é preciso respeitar e defender umas às outras. Enfraquecendo assim o machismo e fortalecendo o nosso papel na sociedade.


Que é preciso ter CORAGEM.

site: https://www.instagram.com/p/BiAf3EFHCIe/
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Ivy (De repente, no último livro) 28/04/2018

Resenha do blog "De repente no último livro..."
Rose McGowan é um rostinho familiar pra mim. Eu amava Charmed desde que era adolescente. Assisti o episódio piloto da série quando ainda era bem novinha e Rose ainda nem fazia parte do trio de irmãs. A série alcançou um tremendo sucesso, Shannen Doherty saiu, Rose McGowan a substituiu e a personagem de Paige foi apresentada ao público. Eu gostava muito da Paige, a irmãzinha de Phoebe e Prue era doce e valente, e sempre achei a atriz muito bonita, o curioso era que nem eu e certamente nem os milhões de expectadores conseguia imaginar os dramas pessoais enfrentados pela jovem atriz naquele momento.

Logo depois da era Charmed, tornei a ver Rose no MTV Awards. Ah meu Deus, a menina doce daquela série agora namorava o Marilyn Manson e estava seminua ao lado dele na premiação!! Todo aquele excesso de sex appeal me fez sentir uma certa aversão pela atriz naquele momento. Embora agora, anos depois ao ler sua biografia eu entenda o que ela estava vivendo e pensando quando agiu daquela maneira, quando você é apenas um mero expectador que não sabe nada, infelizmente vai julgar o livro pela capa, e quando vi Rose ali fazendo caras e bocas, naquele vestido que mostrava praticamente tudo do seu corpo, eu achei que ela estava se desvalorizando, e junto com isso, desvalorizando a figura feminina como um todo.
Os anos passaram e nunca mais ouvi falar da atriz, até quando estourou o escandalo com aquele produtor famoso de Hollywood, o Harvey Weinstein que abusou de uma centena de jovens atrizes, algumas hoje bem famosas como Ashley Judd, Cara Delevigne e a própria Rose McGowan.

Rose se tornou a porta voz da campanha que hoje já é mais do um simples hashtag do twitter. O #Metoo se dedica a denunciar, a dar nomes, e através dele mais e mais mulheres se sentiram livres para contar as experiências traumáticas que viveram. No meio desse lodo os pecados de Hollywood foram expostos e muitos grandões da indústria caíram.
E foi justamente a jovem Rose que foi uma das primeiras em denunciar seu agressor. Foi ela que teve a coragem de narrar como aconteceu o seu estupro e como lutou para superar um trauma que até hoje a persegue.

Coragem não se resume à mais um manual feminista, não é sequer apenas um livro de denúncias. Me surpreendi porque Rose, aliás, é discreta ao extremo e procura não dar nomes, embora o leitor consiga ler nas entrelinhas e saber quem é quem em sua narrativa.
Quando a Harper Collins anunciou o livro entre as novidades, eu fiquei curiosa por essa biografia. Rose foi criada na "famosa" seita Childrens of God. Essa seita é a mesma onde se criaram os irmãos Phoenix, Joaquin e River Phoenix, o primeiro dos irmãos tem uma personalidade peculiar, o segundo teve um fim trágico. Eu queria muito saber o que Rose, sem papas na língua, teria à dizer sobre crescer naquela seita.
Os primeiros capítulos já começam brutais. Fica dificil para nós, ocidentais livres e modernos, entender como existe ainda seitas com o poder de manipular seus fiéis de uma maneira tão sinistra ao ponto destes se excluirem totalmente da sociedade, vivendo uma vida à parte, em uma realidade que só se poderia descrever como bizarra.
Rose consegue descrever bem o pesadelo, a dor e a solidão que sentiu, o leitor entende nitidamente o vazio que aquela garota tão pequena vivenciou.

Como a atriz descreve em suas próprias palavras, ela basicamente saiu de um culto secreto para entrar em um culto público, de efeito gigantesco, um culto talvez ainda mais cruel, que possui segredos enraizados tão profundos que quase ninguém sequer ousa contestar. Hollywood não é só sinistra, é medonha mesmo. Através das palavras da atriz a gente consegue ver o que homens sedentos de poder e dinheiro são capazes de fazer. E o grande trunfo desse livro é como Rose nos abre os olhos pra nos mostrar como pouco a pouco cada um de nós acaba sendo manipulado, quer seja por um ideal, quer seja por um padrão de beleza.
Eu achei tocante como ela mesma reconhece seus erros, se desculpa diante do público por quando sente ter errado em sua vida, mas também é dura, exigente, intensa quando precisa nos fazer entender que mudar a realidade está em nós, em cada um.

A biografia de Rose McGowan é uma das biografias mais honestas que já li. É como estar sentado diante da atriz, falando com ela. Dá pra imaginar aquelas mesmas palavras saindo dela.
Por muitos momentos dá pra entendê-la, em outros podemos até não compreendê-la totalmente, mas ficamos com aquela vontade de poder abraçá-la, consolar, como faríamos com uma amiga.

Com certeza Coragem é um livro que transborda uma sinceridade que é dificil de se encontrar em artistas da midia atual. É um testemunho carregado de dor, porque a história da Rose é muito cheia de altos e baixos, de momentos onde a realidade supera qualquer obra de ficção. As perdas que essa moça, que escreve com alma de menina, sofreu, conseguem tocar no coração do leitor, porque ela é honesta e sincera em quanto aos sentimentos até mesmo quando sabe que ficaremos chocados com sua maneira de julgar e reagir. Mesmo assim, chocados ou não, Rose é autêntica, é forte, é o tipo de garota que hoje deve ser exemplo de alguém que não só ressurge das cinzas pra contar que venceu outra vez, como de alguém que superou diversas dificuldades na vida e mesmo assim ainda quer relembrar tudo para garantir que outras meninas possam ter histórias melhores do que a sua. Aplausos à Rose McGowan, do fundo do coração espero que continue de cabeça erguida pois desde agora aprendi a admirá-la por mais esse grande passo que deixa explicito toda a sua coragem.

site: http://www.derepentenoultimolivro.com/2018/03/review-182-coragem.html
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@retratodaleitora 27/04/2018

"Hollywood vive sob um véu de mistério, mas eu nunca disse que guardaria segredos."
Resenha | Coragem, de Rose McGowan | @harpercollinsbrasil

___🦋___"Hollywood vive sob um véu de mistério, mas eu nunca disse que guardaria segredos." .

ATÇ: Essa obra contém gatilhos (violência sexual e relacionamentos abusivos) .

Coragem é a autobiografia da atriz Rose McGowan, mais conhecida pelo seu papel na série Charmed, na qual ficou por duas temporadas. Rose é italiana e chegou aos Estados Unidos quando seu pai fugiu de uma seita religiosa, depois de seguir por anos as loucuras que eram pregadas lá.

Aos 13 anos Rose fugiu de casa e depois disso sua vida, já marcada pelos abusos da infância no ambiente hostil em que vivia com seu pai, seguiu um rumo não muito diferente... Rose deixou uma seita para entrar, sem perceber, em uma outra, e tão perigosa quanto: o pouco conhecido mundo obscuro de Hollywood.

Rose McGowan foi descoberta muito jovem e desde pequena teve que aprender a se defender. É uma sobrevivente. Este livro é uma forma de desabafo e ele revela muitos detalhes dos abusos que sofreu, físicos e psicológicos, e como esses traumas afetaram sua vida e afetam ainda hoje.

Ver a Hollywood podre e absurda que a artista expôs aqui não foi uma surpresa tão grande, mas não deixou de ser revoltante... É doentio e assustador ver como os "grandões" da indústria do entretenimento tratam as artistas mulheres como objetos, e revoltante ainda hoje não termos direitos iguais nos mesmos cargos.

Essa é uma leitura que abre os olhos de quem não conhece a Hollywood como ela realmente é, e mais do que isso é sobre Rose e sua luta de muitos anos contra os fantasmas que a perseguem, e um deles é o diretor Harvey Weinstein, seu estuprador e de mais outras dezenas de mulheres que no último ano se posicionaram contra a violência e misoginia que a mídia ainda insiste em manter no escuro. Elas finalmente estão sendo ouvidas. É inspirador.

Lembrando que essa leitura pode conter gatilhos! Um livro MUITO forte escrito de uma forma super crua.

Classificação: 3,5/5

site: https://www.instagram.com/p/BhcO9CSnUTv/?taken-by=umaleitoravorazblog
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Cheiro de Livro 25/04/2018

Coragem
Os movimentos #MeToo e #TimesUp causaram uma reviravolta em Hollywood e em outras indústrias (embora menos do que deveria … ainda). Mas esse tsunami não veio do nada. Ele veio para ficar, veio para dar um basta no comportamento que nossa sociedade estava mal acostumada a ter. Esse comportamento que aceitava que homens mal intencionados, mas igualmente poderosos, abusassem de seu poder, fortalecendo assim a ideia de que mulheres devem ser objetificadas e silenciadas. Não mais!

Em “Coragem” (HarperCollins Brasil), a atriz Rose McGowan solta o verbo e não mede palavras para mostrar seu posicionamento nesse movimento. Além de contar o que aconteceu com Harvey Weinstein (a quem ela chama somente de Monstro) e com outros abusadores (um deles me chocou muito porque eu realmente não espera!), Rose expõe uma vida marcada por abusos diferentes, desde psicológicos a físicos e sexuais. Mas um fator que se mantém forte do início ao fim do livro é o fato de que Rose nunca se colocou como vítima, mas como sobrevivente.

“Coragem” é um soco no estômago e um exemplo de como expor a fragilidade é força. Rose não mede palavras para mostrar sua revolta, suas cicatrizes, mas também não se cala na hora de elevar sua voz contra injustiças.

Um fator que acho que vale o livro é que Rose McGowan não fala só das suas experiências com abuso, mas como Hollywood tem influência sobre todas as nossas vidas, tendências, vontades e até escolhas. E como isso é perigoso de consumir sem consciência! É o clássico caso de que “se está no cinema, vale a pena copiar”, sabe? E também é destacada a diferença entre um cara criminoso e um cara apenas babaca. Ambos merecem serem colocados em seus devidos lugares, mas com devidas proporções. E Rose é implacável!

Embora veja o livro como uma leitura impactante, principalmente no atual momento que vivemos, acho que Rose foi agressiva demais. Sim, é revoltante ler tudo que ela passou – e passa -, mas a agressividade no relato, embora justificada e coerente, pode afastar o leitor. Senti que, nessa situação, a forma feriu um pouco o conteúdo. Mas, ao mesmo tempo, essa é Rose, é quem ela é e isso é louvável.

“Coragem” é um desabafo, um chamado para a luta que todas nós, mulheres, estamos cansadas de travar, mas que juntas podemos vencer. Basta não se calar e ter coragem.

site: http://cheirodelivro.com/coragem/
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Sissi Freire @dicasdasissi 22/04/2018

Ela teve coragem. Eles tinham que ter vergonha.
Não vou fazer escândalo.Só vou contar como as coisas são.
Pág. 18

Rose McGowan esteve nas telas das nossas TVs por décadas. Ela foi Paige Mathews, meio irmã das Halliwell no seriado de TV Charmed. Além disso você já viu Rose em filmes como Pânico, Fantasmas e Grindhouse de Quentin Tarantino.

Mas o que você talvez não saiba é que Rose rompeu com Hollywood, se rebelando contra os poderosos e encontrando sua própria voz.
Coragem conta sua história.

Biografias não são meu estilo de leitura e tirando a do meu amado Ozzy Osbourne, nenhuma chegou a me chamar a atenção. Porém quando a Harper Collins me enviou Coragem e eu me encontrei encarando os olhos de Rose, que eu tanto admirava desde Charmed, me vi compelida a ler e a entender o que ela tinha para me contar.

E ela tinha muito para contar, muitas aventuras e muitos sofrimentos. Descobri que ela nasceu na Itália, dentro de uma seita chamada Meninos de Deus, e posso afirmar que, depois do que li, nada ali era realmente de Deus.

Enquanto esteve dentro dessa seita, Rose foi uma criança que sofreu abuso psicológico, que passou fome e que apanhou. Não tinha acesso as coisas do mundo e ia percebendo, a seu jeito, como tudo que acontecia ali dentro era errado. A seita era sexualizada, chegando a explorar meninas e jovens para que essas trouxessem novos membros masculinos para dentro da Meninos de Deus.

Em um dado momento seu pai "acordou" e fugiu para os Estados Unidos levando Rose e seu irmão. A vida nos EUA não se provou fácil, e ela odiava a cultura local com seu queijo laranja e seus hábitos barulhentos. Rose era uma criança reflexiva e empreendedora, e aos poucos foi se encaixando, a seu modo, em toda essa nova vida que o pai a enfiou. Quando sua mãe reapareceu em sua vida e a levou para morar com ela, Rose teve mais decepções. As escolhas amorosas da mãe sempre envolviam homens violentos e abusivos e ela lutava contra isso em casa com unhas e dentes.

Ter voz e ser ouvido é um direito humano básico e essa injúria estabeleceu um tipo de padrão em minha vida. Pág. 56

Com todo um histórico de violência familiar, Rose virou uma fugitiva, drogada e acabou internada. Aos 14 anos trabalhou em uma funerária e depois em um cinema e foi com essa idade que começou a perceber que seu corpo chamava a atenção dos homens.

O desenrolar de sua história parece com a de tantas outras moças que desembarcam na Cidade dos Anjos em busca de um lugar na indústria cinematográfica. A diferença é que Rose não estava buscando ser atriz, isso apenas aconteceu com ela. Assim como o estupro e abuso por parte de um dos figurões de Hollywood, e também como as obscenidades que ela e outras mulheres eram obrigadas a ouvir dos diretores e produtores.

A diferença é que eventualmente, Rose encontrou sua voz.

E em meio a tudo isso, houve também a comoção da mídia quando ela, uma moça linda, começou a namorar Marilyn Manson, o músico esquisitão. Nada parecia se encaixar, mas ela sabia o que tinha ao lado dele. Finalmente era compreendida, amada e respeitada. Será?

Rose foi uma pioneira no quesito "não me importo com o que você pensa". Sofreu slut shamming (1), assinou contratos que causaram muitos danos a sua saúde física e mental até que, finalmente encontrou sua voz nas redes sociais, principalmente no twitter.

A guerra de Rose é a guerra de todas nós. Não podemos ser definidas por homens e seus desejos. Não podemos nos deixar manipular ou subjugar. Temos nossa voz, somos donas do nosso corpo e não apenas objetos de luxo/lixo para alguns seres que se comportam como donos do mundo.

Esse é um livro que retrata cruamente o que acontece nos corredores de Hollywood e em suas festas mais hypadas. Rose é direta, sem não me toques e não poupa ninguém.

Mais do que uma biografia, CORAGEM é um manifesto, uma declaração de que é possível se rebelar e sobreviver. Mas não sem algum sofrimento.

A sociedade dominada por homens nos faz perceber que em último caso somos nós, as mulheres, que salvam. Nós somos o cavalo branco e temos que contar com ninguém além de nós mesmas. Pág. 57

Sobre a edição: A Harper Collins reproduziu com capricho a mesma capa que o livro teve no exterior. As paginas amareladas facilitam a leitura e a diagramação está muito boa. Ainda acho a letra pequena mas... estou ficando meio cega mesmo. Encontrei alguns erros de revisão, mas nada que atrapalhe o curso da leitura.

Ficou curioso?
(exemplar cedido pela editora)

(1) - Em sexualidade humana, slut-shaming (do inglês, slut, gíria para se referir a mulher promíscua, prostituta, e shaming, de shame, verbo que significa "envergonhar, causar vergonha", em tradução livre, seria "[pôr] pecha de prostituta" ou "tachar de prostituta" ou "de vadia") é uma forma de estigma social aplicada a pessoas, especialmente mulheres e meninas, que são percebidas por violar as expectativas tradicionais machistas de comportamentos sexuais. Alguns exemplos de casos em que as mulheres são "envergonhadas por ser vadias" incluem violar os códigos de vestimenta aceitos por vestir de forma percebida como sexualmente provocativas, o pedido de acesso ao controle de natalidade, ter sexo casual antes do casamento ou ser estuprada ou sexualmente agredida (o que é conhecido como culpabilização da vítima). Fonte- Wikipedia


site: www.youtube.com/dicasdasissi
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Luana 21/04/2018

Resenha completa: https://leitoresviajantes.blogspot.com.br/2018/03/resenha-coragem.html

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Mila F. @delivroemlivro_ 20/04/2018

Chocante.
Brave (2018) no Brasil publicado como Coragem pela Harper Collins Brasil, foi escrito pela atriz Rose McGowan, e tem como objetivo denunciar as seitas e a corrupção na indústria de entretenimento de Hollywood.

É muito difícil eu ler biografias ou autobiografias, geralmente só abro exceções quando são de personalidades ou escritores que admiro ou tenho muita (muita, muita) curiosidade de conhecer, mas este não era o caso de Coragem, tanto que fiquei meio desanimada para ler, mas comecei a leitura sem pretensão alguma e pensando "O livro é pequeno, eu vou começar e se eu não estiver gostando abandono", ao longo de tantos anos lendo eu aprendi que não adianta forçar a leitura de algo pois resultará em duas coisas horríveis: um trauma literário e uma ressaca literária prolongada, contudo, Coragem me SURPREENDEU MUITO.

Fiquei surpresa e assustada quando me deparei devorando as páginas desse livro tão rapidamente, pois jamais esperei isso de mim, mas os relatos de Rose foram tão chocantes, polêmicos e arrebatadores que a tarefa mais difícil que encontrei foi soltar o exemplar.

Rose conta vários fatos de sua infância difícil na Itália, quando pertencia à mesma seita que os país e o quanto lá aconteciam coisas absurdas, violentas e abusivas. Também conta como conseguiu fugir dessa seita e do país, pois se continuasse lá provavelmente não conseguiria sair. Vamos acompanhando Rose relatando a trajetória da sua adolescência conturbada e sem a figura de um pai e uma mãe que fossem acolhedores e aconselhadores. Rose praticamente teve que viver lançada a própria sorte.

Não é a toa que com uma formação tão sofrida e desregrada ela não ficasse cheia de traumas psicológicos e que fosse sofrer um pouco até encontrar a si própria e sua voz, até isso ela passou por relacionamentos violentos, devastadores, teve doenças psicológicas e problemas alimentares, foi estuprada, apanhou e quando encontrou um emprego foi enganada e levada a crer em algo que era absolutamente o oposto. Os "amigos" lhe viraram as costas, ou simplesmente não foram suficientemente corajosos para explicarem os podres da industria de Hollywood, então, isso também, ela teve que aprender na marra.

Então até chegar no lugar em que está atualmente ela passou por muita coisa horrível e absurda que, eu como leitora, fiquei chocada, pois mesmo sabendo de alguns relatos e denuncias, nada se comprada com o que Rose falou minunciosamente e citando empresários, assessores, produtores etc, é assustador ver que muitos trabalhos artísticos que amamos são frutos de violência nos sets de filmagem, ou mesmo por trás das câmeras.... O fato é que nunca mais irei assistir a alguma produção da mesma forma.

Para finalizar, minha experiência com Coragem foi algo inesperado e incrível, amei ter me dado essa oportunidade de sair da zona de conforto e ler este livro, pois mesmo diante de toda a dor e agressões relatadas, podemos ver resquícios de esperança e que o mundo está mudando e que as mulheres podem, sim, conquistar um espaço mais digno e superar os sofrimentos: Rose é um exemplo disso!

site: www.delivroemlivro.com.br
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Laura Brand 16/04/2018

Nostalgia Cinza
Em 2017, um burburinho em Hollywood se tornou um escândalo que cresceu até se tornar um movimento. Você deve ter ouvido falar do movimento #MeToo, que deu voz a centenas de atrizes norte-americanas que confessaram anos de abuso e assédio por parte do alto escalão da indústria do entretenimento. "The Silence Breakers" conquistaram o mundo com sua coragem de denunciar os poderosos e, apesar do alívio em perceber que os olhos estão começando a se voltar para a seriedade do tema, é com muito pesar que recebemos todas as notícias e desabafos de mulheres que passaram pelo inimaginável.

Entretanto, antes desse movimento, algumas mulheres começavam a preparar o terreno para o alvoroço muito necessário causado pelas denúncias. Rose McGowan é uma dessas mulheres. Conhecida por suas polêmicas, Rose é porta-voz de movimentos pelas minorias e, infelizmente, entra na lista de mulheres feridas por Hollywood e seus poderosos. Em CORAGEM ela escancara a porta de sua vida e convida o leitor a conhecer os bastidores de uma indústria até pouco tempo inabalável. Com reflexões e relatos, Rose escreve uma autobiografia doída, mas extremamente necessária. Conheça a história dessa mulher incrível e entenda por que CORAGEM é um livro imprescindível na sua estante.
Desde a primeira página foi possível perceber que não seria um livro fácil, um livro comum. Rose começa falando sobre como o cabelo comprido guarda uma mística em Hollywood, o que já explica de cara a importância do cabelo sendo raspado na capa. Apesar de sentir que o padrão de cabelo comprido, imposto pela mídia como referência de beleza e sexualidade, escondia quem ela realmente era, ela era obrigada a se limitar a esse elemento caso quisesse continuar sendo uma atriz requisitada. "Me diziam que eu precisava ter cabelo comprido, caso contrário, os homens que contratavam em Hollywood não iam querer me comer, e se eles não quisessem me comer, não me contratariam. Ouvi isso da minha agente, uma mulher, o que é trágico em muitos níveis". É assustador perceber a realidade de forma tão crua.

Logo na apresentação ela já joga verdades a respeito da produção de conteúdo de Hollywood e como isso nos afeta em níveis que não gostamos e não tentamos pensar a respeito. Em determinado ponto ela diz que aqueles trocados que gastamos para pagar uma sessão de cinema nos custam mais caro do que pensamos porque os conteúdos produzidos de forma "inocente" pelos estúdios moldam a forma como pensamos e, principalmente, como vemos a nós mesmos, principalmente nós mulheres. Porque passamos a desejar ser como os atores que admiramos, a pensar como somos levados a pensar, a tentar parecer como quem vemos nas telas. Ela diz que não estamos pagando um filme com dinheiro, estamos pagando com nossa mente.
Durante toda a leitura, é como se estivéssemos sentados em uma plateia ouvindo Rose palestrar e militar de forma intensa, crua, pura e incrivelmente honesta. É um livro cheio de posicionamentos fortes de quem passou por muita coisa e foi repreendida por tentar ser alguém fora do padrão tido como certo ou bonito aos olhos de Hollywood.
Rose passa os primeiros capítulos contando sua experiência sendo parte de uma seita da qual ela nunca quis fazer parte. Ela cresceu em meio a uma seita chamada Meninos de Deus, onde sofreu incontáveis agressões físicas, psicológicas e mentais em nome da religião. Por conta de escolhas de seus pais, ela foi obrigada a aturar tudo sem poder falar qualquer coisa sequer. Desde o começo do livro é impossível não se sentir enojada com os pais de Rose por terem permitido que sua filha sofresse tudo o que sofreu e, mais, por contribuírem para isso. A mãe completamente indiferente e o pai extremamente violento e abusivo definiram a forma com a qual Rose se relacionaria com as pessoas pelo resto de sua vida.

É difícil passar as páginas e ler todos os abusos sofridos por ela sem sentir um misto de raiva, indignação e impotência. Dói em qualquer um com o mínimo de empatia ler todos os absurdos que Rose descreve e saber que tantas pessoas puderam impedir todos esses abusos e nada fizeram. É difícil aceitar o fato de que Rose, desde cedo, precisou se virar para não ser engolida por um mundo cruel, inescrupuloso, machista e nojento.
Já não bastasse fazer parte da parcela de mulheres assediadas diariamente no mundo, Rose precisou conviver com a violência contra a mulher desde cedo em todas as instâncias de sua vida. O livro de Rose é um punho cerrado de pura coragem. O título do livro faz jus à trajetória de Rose. E como faz...
É triste perceber como todos os abusos sofridos por ela aconteceram enquanto Rose estava apenas tentando encontrar sua liberdade e sua felicidade, mesmo ela chegando ao ponto de sequer entender o que é ser feliz de verdade. Seja na seita enquanto ela tentava entender o que é ser amada e acabava sendo agredida e espancada por não acreditar na forma como eles insistiam ser a verdadeira fé, seja na primeira vez que conseguiu ir para escola e acabou sendo vítima de comentários grosseiros e uma exclusão sem sentido, seja quando buscava conforto nos pais e acabava vítima de padrastos desumanos e até mesmo do pai monstruoso, seja em Hollywood quando acreditou que estava tomando as rédeas da vida e acabou caindo na armadilha dos homens poderosos e agressores que tiram proveito das mulheres pelo simples fato de serem mulheres.
Não é fácil ler um relato em primeira mão de uma mulher que sofreu abusos nos mais diversos níveis, principalmente quando ela relata do que viu e sentiu em Hollywood onde, teoricamente, existiriam pessoas poderosas com capacidade de protegê-la e inteligentes o suficiente para entendê-la. Quando ela foi estuprada por um famoso diretor de estúdio, ela procurou ajuda, correu atrás de meios de expor seu agressor e fazê-lo pagar pelo que fez com ela e com outras jovens que passaram pela mesma coisa.

Como se o estupro não fosse uma violência intensa o suficiente, ela precisou ouvir de todos que isso era comum, que ela não conseguiria nada tentando culpá-lo, que sua carreira acabaria ali e a dele continuaria intacta, que ela sabia de alguma forma onde estava se metendo e muitos outros "conselhos" que eram novas violências. É assustador perceber como o assédio é tão naturalizado e banalizado, e ainda mais assustador ainda, é perceber que quem é conivente é quase tão culpado quanto quem agride, porque são essas pessoas que permitem que o assédio continue se alastrando, são essas pessoas que permitem que o assédio não seja levado a sério da forma como precisa. Como se ainda não bastasse tudo isso, ela começa a ser perseguida no ramo apenas por se recusar a se calar diante das atrocidades que vê e sofre.

Rose também faz uma crítica certeira ao estupro como recurso de fortalecimento de personagens femininas. É muito comum ver protagonistas femininas sendo assediadas e violentadas com a desculpa de que aquilo deixará a personagem mais forte, como se apenas esse recurso fosse capaz de enaltecer o desenvolvimento de uma personagem feminina. Como muitas atrizes sofreram assédios reais, Rose pontua o fato de que elas acabam sendo obrigadas a reviver esse assédio em frente às caras e ainda tendo que ficar "gostosas" para o público.

CORAGEM é um livro extremamente necessário, independente de gênero. Mesmo que a leitura seja carregada de emoção e crítica, é um livro que abre os olhos para a realidade, ao invés de mascará-la com o charme da indústria do entretenimento. Enquanto a maior parte das pessoas só enxerga o lado glamuroso de Hollywood, Rose mostra o que o ramo tem de pior e, o mais importante, o que tem de verdadeiro.

site: http://nostalgiacinza.blogspot.com.br/2018/03/resenha-coragem.html
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@blogleiturasdiarias 14/04/2018

Resenha | Coragem
Quando recebi o livro, fiquei com um pé atrás por nunca ter lido ou me interessado pelas biografias. Não me identificava muito com o gênero, entretanto este livro trouxe um tema tão importante, ao mesmo tempo polêmico, que me vi acabando-o em menos de 2 dias e percebendo o quanto o mundo da fama e Hollywood não é tudo glamour. Seu papel era chocar, e ele alcança o objetivo.

Acompanhamos a história da Rose McGowan, atriz de sucesso dos anos 90 e filmes como por exemplo Pânico, Malucos por Natureza até em séries, como 2001 ela entrou para o elenco de Charmed interpretando Paige Matthews. Dividido em duas partes, temos conhecimentos de tudo que ocorreu na sua vida da infância até a fama em Hollywood, os percalços, sua família, a luta para modificar algumas coisas até enfim alcançar sua felicidade.

Em diversos momentos levei tapas na cara. É uma história de vida crua, em que ela não poupa detalhes e verdades, mostrando que seu sofrimento vem desde a infância. Eu me sentia praticamente na pele dela no decorrer dos acontecimentos, de quando ela pensava que enfim viveria feliz e vinha mais tragédia. E é esse o objetivo da atriz. Não somente de nos fazer identificar com o que ela passou, mas nos colocar no seu lugar, simpatizar por quem passou por isso. Não enxergava como uma leitura de biografia, mas um desabafo, um grito que estava preso na garganta. Acredito que tenha sido libertador para ela. Assim para aquelas que se sentiram representados.

Foi angustiante ler alguns trechos em que ela cita seu sofrimento com pai, padrasto e depois do marido, em que ela teve constante problemas com homens. E não para nisso, um deles ainda desencadear problemas de aceitação do corpo dela, doía muito em mim como mulher ler relatos como este. Em alguns pontos eram nítidos que ela se perdeu, bagunçaram o que ela era.

"Eu rompi com alguém? Sim, rompi com o mundo. E você também pode. Meu nome é Rose McGowan e eu tenho CORAGEM." pág. 14

Como mesmo cita, saiu de uma seita na infância para cair numa outra pior — para mim o sentimento passado é que foi mil vezes pior. Sua narrativa é aquele tipo que você lê desesperada pensando em como ninguém fazia nada, em como era possível se calarem?! Notando ao mesmo tempo que a luta era difícil, cheia de tapa-bocas pelo caminho e se rebelar foi difícil.

Rose traz verdades de como a vida foi dificultaso, de como a fama pode acabar com as pessoas, no entanto no final acorda, sacode a poeira e inicia a vida que quis. Além disso se tornou uma ativista, ajudando outras mulheres que possam ter passado pelo mesmo trauma. Sua influência foi fundamental para denunciar o que há de pior nos bastidores de Hollywood. E eu que não me considero tão atenta ao mundo dos filmes, me senti grata por ter lido algo assim.

A mensagem é forte e deve ser lido por todos. Eu apoio fortemente em ser um livro de cabeceira porque é literalmente Coragem. Coragem para dar voz a estes absurdos; Coragem em se reerguer e ser quem ela é hoje. De uma forma geral para quem não lia autobiografias, saio esperando mais vozes como a dela, mais vozes que tentaram ser caladas e não foram.

Na parte física, a edição é clara, limpa, sem detalhes que fujam do seu objetivo de passar a mensagem. A capa que reflete fortemente seu conteúdo foi mantida da edição original, tem um sumário muito bacana além de uma nota da autora e prefácio que merecem muito serem lidos. Na revisão e na ortografia nenhum erro aparente. A narrativa é feita em primeira pessoa.

"Existe uma diferença entre ser sexual e ser sexy. Não há nada de errado nisso. Sexualizada é quando os outros fazem mudanças para o benefício deles. Eu tinha participação naquilo. Não dizia não, mas, como muitas mulheres em seitas, não sabia que podia dizer não. Tinha perdido minha voz. Tinha me perdido. Mas meu eu tentava me acordar desesperadamente." pág. 220

É empoderador e revelador este livro. Saio feliz com esta leitura que me fez pensar sobre muita coisa, além de ver a volta por cima de alguém que estava praticamente sem brilho na vida. A última mensagem que posso deixar é para ler! O momento ideal para pensar no que é empoderador, no feminismo é esse! Não deixe a oportunidade escapar enquanto temos um leque de opções sobre o assunto! Espero que tenham gostado!

site: http://diariasleituras.blogspot.com.br/2018/04/resenha-coragem.html
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Vai Lendo 10/04/2018

O mundo invertido de La La Land
Eu fui uma típica garota dos anos 90 e 2000: sobrava esquisitice, discos do Nirvana (e do Molejo), jeans rasgados e uns filmes de terror para assistir.

Se você viveu em uma época parecida, é provável que Rose McGowan tenha feito parte da sua vida, assim como fez da minha.

Filmes como "Pânico" e "Um crime entre Amigas" ocupam lugares especiais em minha memória e ambos contam com a atriz em seu elenco. Sua vida foi inspiração para uma das minhas músicas preferidas do Marilyn Manson, chamada Coma White. “Uma pílula pra te tornar qualquer outra pessoa / Mas nenhuma droga nesse mundo/ Irá salvá-la dela mesma”, diz a letra.

Apenas isso bastaria para que o livro "Coragem", escrito por Rose McGowan e lançado recentemente pela editora HarperCollins Brasil, chamasse a minha atenção.

Mas a obra vai muito além de meros momentos nostálgicos.

Apesar de ser seu livro de memórias, a obra transcende a própria trajetória da atriz.

"Coragem" é quase uma biografia não-autorizada de Hollywood, contada por quem viveu na pele anos de abusos cometidos por poderosos da indústria. E, acredite, mesmo que atualmente a gente tenha maior conhecimento da situação, com vários escândalos vindos a público, ainda assim o relato feito por Rose é aterrorizante, inassimilável e, infelizmente, corriqueiro no mundo em que ela vivia.

A estrutura do livro é essencial para a prevenção de análises rasteiras, tais como: por que Rose não apenas deixou Hollywood e foi seguir a sua vida? Porque Rose já cresceu em um ambiente problemático para caramba, uma seita para ser mais precisa (sim, você leu certo), e passou boa parte da vida sem poder contar com ninguém. Ela tinha um pai com problemas sérios de saúde mental, uma mãe frágil que arrumava namorados controladores e, ao tentar se livrar disso tudo, acabou indo para as ruas. Era isso ou morrer de fome.

Fugindo de seu próprio destino obscuro, acabou chegando na maior indústria do entretenimento global. O lugar que, em nosso entendimento, é feito de glamour, dinheiro e luzes por todas as partes é, na verdade, uma espécie de “Mundo Invertido” de La La Land.

Rose descreve com detalhes o momento em que foi estuprada por um poderoso produtor, Harvey Weinstein (a quem chama de “Monstro” no livro). Ela tinha feito seus primeiros filmes e foi chamada para uma reunião de trabalho; após meia hora, ele a obrigou a entrar em sua jacuzzi.

Aliás, essa é uma característica da escrita da atriz – seca, direta e brutal. Por isso, fica o alerta para pessoas verem nesse tipo de leitura alguma forma de gatilho.

Algo que me chamou muita atenção é a despersonalização progressiva que essas atrizes sofrem, que foi bem relatada no livro. Muitas vezes, Rose, que não tinha problema nenhum com uma determinada parte do seu corpo, começava a ficar obcecada se alguém comentasse qualquer defeito – e todos comentavam tudo o tempo todo.

Isso a fez recorrer a uma série de intervenções estéticas, dietas malucas e todo o tipo de maquiagem para esconder aquilo que ela de fato era e ser aquilo que os homens ao redor dela desejavam que ela fosse. Isso sem contar nas capas de revista nas quais ela não se reconhecia, depois de tantas camadas de retoques no photoshop.

Fiquei um bom tempo pensando sobre isso: nem essas mulheres, vendidas como padrão de beleza, estão no padrão de beleza. O que parece ser uma afirmação meio sem lógica mostra o quão doente é essa imposição estética.

Por isso, considero "Coragem" um livro forte, verdadeiro e com um propósito muito claro de inspirar mulheres a ter voz ativa, a denunciar. Infelizmente, sabemos que isso não é possível em todos os casos (e, tudo bem, existem várias formas de sermos corajosas, e tentar sobreviver é uma delas).

Apesar de todo o tema, é uma leitura muito fluida, que levanta vários questionamentos importantíssimos. Apenas achei o comecinho do livro um pouco cansativo, talvez, por uma culpabilização exagerada dos pais que, assim como ela, passaram por situações traumáticas em suas vidas. Mas nada disso faz com que a voz de Rose McGowan enfraqueça. Pelo contrário, com "Coragem" ela mostrou por que é, atualmente, um dos maiores nomes feministas contra abusos sexuais e machistas em Hollywood.

site: http://www.vailendo.com.br/2018/04/10/coragem-de-rose-mcgowan-resenha/
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Silvana 06/04/2018

"Eu rompi com alguém?
Sim, rompi com o mundo.
E você também pode.
Meu nome é Rose McGowan e eu tenho CORAGEM"

Recebi esse livro em parceria com a HarperColins. Foi um dos lançamentos de março. Mas confesso que ele tem duas coisas que não gosto muito de ler. Primeiro é uma história real e prefiro ler ficção. E segundo não sou tão fã de biografias. Mas quando vi essa capa e o título do livro eu quis ler ele. E não me arrependi nenhum pouco. Pelo contrário foi uma leitura fascinante do começo ao fim. Mesmo achando que a autora foi bem radical em algumas partes, tenho que tirar o chapéu para ela porque o que essa mulher viveu e sofreu, não é qualquer um que consegue superar não. Acho que Coragem deveria ser o sobrenome dela.

Como não sou muito de assistir e acompanhar filmes e séries, quando vi o nome da autora eu não sabia quem era. Mas quando fui procurar saber mais sobre, e vi que ela fez Once Upon A Time, dai me lembrei quem era ela. Porque os outros filmes e séries que ela estrelou eu não assisti. Mas ela é mais conhecida por alguns "vestidos" que ela usou em algumas premiações e ainda mais conhecida por ter sido uma das primeiras mulheres que tiveram a coragem de se expor e denunciar a rede de abusos sexuais que as mulheres sofrem em Hollywood e principalmente o abuso que ela sofreu de um dos grandes nomes de Hollywood, Harvey Weinstein, que também foi denunciado por várias atrizes famosas recentemente. Entre elas Angelina Jolie e Gwyneth Paltrow.

No livro ela conta como conseguiu fugir de uma seita para apenas cair nas garras de outra. Mas durante toda sua vida ela sofreu nas mãos de homens abusivos que se achavam o dono da razão e das mulheres, e até chegou a morar um tempo nas ruas por não suportar mais sofrer abusos físicos e psicológicos. E o pior é ver que ninguém em volta moveu um dedo para impedir o que estava acontecendo. Infelizmente vivemos em um mundo onde as mulheres são criadas para ser menos e para obedecer e serem objetos dos homens para eles fazerem o que bem entendem. O triste é que muitas mulheres compactuam com isso.

Esse livro é um ato de coragem sim, mas acima de tudo é um grito de liberdade. Um grito pelo feminismo. Um grito de todas as mulheres que querem apenas ser iguais e ter os mesmos direitos e ser ao menos respeitadas como seres humanos. Você homem talvez não entenda isso. E você mulher se não entende, alguma coisa está muito errada como você. Eu digo com propriedade porque eu já sofri abuso sexual em um período da minha vida e me senti a pior pessoa do mundo. Isso depois de achar que eu era a culpada pelo o que aconteceu. Essa é a primeira vez que falo sobre isso e só estou dizendo isso para mostrar como o livro realmente mexe com a gente. Por isso que indico que você leia o livro. Ele vai te dar CORAGEM.

Mas voltando ao livro, Rose nasceu na Itália dentro da conhecida seita Meninos de Deus, que hoje se chama A Família Internacional. Mas que pelo o que ela conta, estou me baseando no que li no livro porque não conheço nada sobre eles, de Deus não tinha nada. Fiquei de cara com as coisas que acontecia dentro da religião. Um dos seus princípios é que você tem que ser perfeita fisicamente e teve uma coisa que me chocou que foi quando um dos membros cortou uma verruga da Rose, assim do nada como se estivesse espremendo uma espinha. Isso quando ela tinha seis anos. É cada barbaridade que ela conta que acontecia dentro da seita que você tem que ler para entender como a Rose cresceu e acabou se tornando uma pessoa suscetível a abusos.

O basta do seu pai foi quando eles decidiram dentro da seita que era aceitável adultos terem relações sexuais com crianças. Foi então que ele resolveu fugir com sua família, mas só com a segunda esposa, deixando a mãe de Rose para trás. Mas seu pai estava com os preceitos da seita dentro dele e continuou agindo igual e até pior que antes, tratando os filhos como animais. Depois disso foram anos sofrendo abuso nas mãos do pai, posteriormente do padrasto e futuramente de um namorado cuja mãe foi a responsável por Rose acabar entrando em outra seita, Hollywood.

E essa parte você tem que ler o livro para saber o que realmente acontece pro trás das telas. Porque eu que não sou muito de assistir filmes e sou meio por fora desse assunto já fiquei chocada e achei dificil de acreditar, imagino quem é fã de filmes então. Mas não achei dificil de acreditar nas coisas que ela conta que acontece nos bastidores com as mulheres, o que eu não consigo lidar é que ninguém até então tenha tido coragem e voz para denunciar o que realmente acontece nos testes de elenco e durante as filmagens. Será que realmente vale a pena se calar pela fama? Porque dinheiro, são poucos que realmente conseguem e se for ver mesmo os atores ficam com bem pouco do que ganham. Prefiro meu emprego mesmo, obrigada.

No livro ela cita bastantes personalidades conhecidas, mas como ela mesma diz, a intenção do livro não é contar fofoca de Hollywood e sim denunciar os fatos, por isso o que ela conta é quase nada do que realmente acontece. Ela não cita o nome de Harvey Weinstein no livro, ela se refere a ele como "O monstro" e nem o nome de Robert Rodriguez, cineasta com quem ela foi casada e mais um na lista de abusadores. Mas em compensação ela cita muita gente que apoiavam os abusos ao ficarem calados. E também não posso deixar de citar os distúrbios alimentares pela qual a autora passou por causa da questão "estar gorda" para Hollywood, mesmo pesando na faixa de quarenta quilos.

Como essa resenha já está enorme, eu só quero reforçar para que você leia o livro e se surpreenda com o quanto ele é atual e como disse antes, um grito a liberdade das mulheres. Tem até o movimento #ROSEARMY atuante no twitter e no site, uma plataforma de justiça social criada pela autora. Leia o livro e se junte as muitas mulheres que depois que lerem ele terão CORAGEM. Esse um livro é necessário. Você tem que ter ele na sua cabeceira. E por fim o meu muito obrigada a HarperCollins por trazer esse livro para o Brasil e por ter me dado a oportunidade de lê-lo.

"Existe uma diferença entre ser sexual e ser sexy. Não há nada de errado nisso. Sexualizada é quando os outros fazem mudanças para o beneficio deles. Eu tinha participação naquilo. Não dizia não. Tinha perdido a minha voz. Tinha me perdido. Mas meu eu tentava me acordar desesperadamente."


site: https://blogprefacio.blogspot.com.br/2018/03/resenha-coragem-rose-mcgowan.html
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