Coragem

Coragem Rose McGowan




Resenhas - Coragem


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Leitora Viciada 04/04/2018

Resenha para o blog Leitora Viciada www.leitoraviciada.com
Rose McGowan é atriz, diretora, empresária e ativista social, e seu destaque tem sido como defensora feminista, denunciando a misoginia sistêmica e criticando a desigualdade de gênero em Hollywood e na indústria do entretenimento de modo geral. Ela participou de filmes como Geração Maldita (The Doom Generation, 1995), Pânico (Scream, 1996), Um Crime entre Amigas (Jawbreaker, 1999) e Planeta Terror (Planet Terror, 2007), além de ter protagonizado (de 2001 a 2006) a série televisiva de sucesso Jovens Bruxas (Charmed), uma das mais longas da história da TV liderada por mulheres. Seu primeiro trabalho como diretora, o curta Dawn, foi indicado ao Sundance Film Festival. Ela trabalhou com Quentin Tarantino, Ben Afleck e Robert Rodriguez.
Se você curte cinema mais indie ou foi adolescente no final da década de 1990 e início de 2000, provavelmente a conhece; se não sabe quem ela é, mas acompanha as notícias e está ciente dos protestos e denúncias das trabalhadoras de cinema, televisão e ramos ligados ao entretenimento, especialmente atrizes de Hollywood, deveria conhecê-la. Rose é uma das líderes no movimento feminista contra os abusos sexuais e de poder praticados pelo produtor Harvey Weinstein e outros homens poderosos da área.
Seu primeiro livro, Coragem (Brave), publicado em março de 2018 pela HarperCollins Brasil, é uma autobiografia reveladora, sincera e direta. Mais que um livro de memórias, é um manifesto feminista cru, vibrante, esclarecedor e estimulante. Nele, ela debate sobre fama, cinema e consumismo, revela segredos e detalhes de sua vida pessoal, principalmente sobre sua carreira como atriz, e denuncia e acusa os chefões de Hollywood de maltratar, desvalorizar, menosprezar e abusar das mulheres, dentro e fora dos holofotes, produtoras ou consumidoras, direta ou indiretamente; e aponta a participação de todos que contribuíram com isso e ainda, retifica que os omissos que permaneceram calados e fingiam que nada acontecia, são também culpados.

Para ler toda a resenha acesse o Leitora Viciada. -> leitoraviciada.com
Faço isso para me proteger de plágios, pois lá o texto não pode ser copiado devido a proteção no script. Obrigada pela compreensão.

site: http://www.leitoraviciada.com/2018/04/coragem.html
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Malucas Por Romances 03/04/2018

Coragem
A sociedade dá passe livre aos homens. "Eles não se controlam". "Você os levou a fazer isso com sua beleza". Ouvi isso muitas vezes. "Eles não conseguem se conter. Ah, coitado, ele não aguenta." Ah, vá se foder, isso se chama agressão. Ninguém diz o que é de fato nessa sociedade, mas está na hora de começar."
O livro Coragem é uma autobiografia da atriz Rose McGowan, lançamento da editora HarperCollins. Hoje a autora tem 45 anos e decidiu contar não só sua trajetória em Hollywood, mas também contar um pouco da sua vida antes da fama. Vou tentar falar um pouco do livro sem trazer os spoiler mais bafônicos, mas por ela ser uma pessoa do meio público é quase impossível de não ter nenhum spoiler.

Rose McGowan é uma atriz norte-americana nascida na Itália. É conhecida principalmente por seu papel como Paige Matthews na série televisiva Charmed, série essa que ficou cinco anos no ar. Além dessa série, ela também participou de outros filmes como, Pânico, Nowhere, Ready to Rumble, Dália Negra entre outros.

McGowan teve uma infância traumática, ela foi criada em uma seita chamada Meninos de Deus. Vou deixar abaixo uma explicação sobre o que seria essa seita, antes de continuar a falar sobre o livro.

Meninos de Deus,Surgido na Califórnia em 1968, o movimento religioso misturava cristianismo radical com ideias nada ortodoxas. Para seu líder e fundador David Berg, falecido em 1994, o amor de Deus era sua maior dádiva e, como tal, deveria ser posto em prática sempre que possível. E de forma literal: Berg - também chamado de Mo, Pai David ou simplesmente Papai - estimulava o amor livre entre seus seguidores, independentemente do estado civil. Mais que isso, as relações sexuais eram uma maneira de “incentivar a união e combater a solidão dos necessitados”, o que era chamado de sexo sacrifical.

Ele também era utilizado como forma de evangelização, sob o nome de flirty-fishing, que encorajava mulheres a prostituírem-se em nome do amor divino. A pesca-coquete (como a prática era chamada no Brasil) acontecia principalmente à noite, em boates, com agências de escort facilitando o processo.

A sexualidade liberal do grupo e sua publicação e distribuição de escritos, fotos e vídeos advocando e documentando contato sexual entre adultos e crianças e a sexualização de crianças levou a inúmeras denúncias de abuso sexual de menores...

Fontes: https://revistatrip.uol.com.br/trip/isto-e-uma-igreja
https://pt.wikipedia.org/wiki/Meninos_de_Deus


E foi em uma seita como essa que a Rose cresceu, além de viver totalmente isolada do mundo exterior e as mulheres serem forçadas a serem escravas e sempre belas. Rose estava sendo criada em uma seita religiosa e na época esse movimento religioso incentivava fortemente relações sexuais entre crianças e adultos. O pai dela ao perceber que ela e seus 5 irmãos corriam risco dentro da seita decidiu fugir, essa fuga ocorreu quando ela tinha nove anos.

"... minha mãe tinha tão enraizada a ideia de que um homem a salvaria que não conseguia ver a verdade."
Depois dessa fuga a gente poderia imaginar que a vida dela melhorou, mas não melhorou. Além de conviver com um pai que tinha sérias alterações de humor, ela cada hora vivia com um parente diferente, uma hora com avó, tias e diversas vezes com sua mãe que sempre estava em relacionamentos abusivos.
"...E é ASSIM que se entra em um relacionamento abusivo: quando começamos a agir de um jeito para não chatear a outra pessoa nem irritá-la. Você começa a abrir mão do controle de sua vida, pouco a pouco, cada vez mais. A coisa vai aumentando até que, um dia, você escondeu tanto de si mesmo que se perde."
A primeira vez que ela fugiu de casa ela tinha 13 anos, e com isso ela viveu indo e voltando sempre para as ruas. Até que um dia "ela se viu" em Hollywood, e em Hollywood e na sua vida de estrelato a exposição e sexualização começou a fazer parte do seu cotidiano.

Rose McGowan fez sua primeira aparição em Hollywood com dezessete anos, em 1992, e daí pra frente ela não parou mais. E como ela mesmo diz, ela saiu de uma seita para outra, já que em Hollywood ela mesmo relata os abusos sofridos e presenciados. A forma que as mulheres são tratadas como objetos sexuais, não só em filmes, mas também fora dele, muitas vezes ela não expôs tudo por medo, mas em outras por achar tudo aquilo "normal". Mas em um certo momento da sua vida e da sua carreira, ela já estava cansada de tudo e decidiu que era hora de expor os fatos.
"As mulheres sabem quando foram agredidas emocional, física ou verbalmente. E nenhum homem tem o direito de dizer o contrário."
Eu durante toda a leitura fiquei chocada, triste e em muitos momentos desesperada com tudo que aconteceu na vida dela. Em muitos momentos quis acreditar que era só ficção, mas saber que é real foi o que mais me tocou. Em vários momentos quis pegar ela no colo e abraçar, em outros dizer que aquilo não era certo e que ela tinha que colocar a boca no trombone sim. Esse foi um livro tão cru e real, que só mostrou o quanto essa atriz foi guerreira em diversos momentos de sua vida.

RESENHA COMPLETA NO BLOG

site: https://malucaspor-romances.blogspot.com.br/2018/04/resenha-coragem-rose-mcgowan.html
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LT 01/04/2018

Oi, gente!

Olha eu aqui trazendo para vocês a resenha de mais um livro da nossa editora parceira, HarperCollins Brasil!

Confesso que quando recebi a sinopse do mesmo, fiquei com aquele pé atrás, porque biografias não são o meu estilo de leitura nem de longe. Mas, quando vi quem era a autora por trás da obra, resolvi dar uma olhadinha. Li a primeira página, a segunda, a terceira e então terminei o livro em menos de dois dias.

Vamos conhecer a história por trás de Coragem?

[Quote] "Eu rompi com alguém?
Sim, rompi com o mundo.
E você também pode.
Meu nome é Rose McGowan e eu tenho CORAGEM." [...]

Coragem é um livro que nos conta a história de vida de Rose McGowan, uma atriz que fez muito sucesso nos anos noventa em filmes como "Pânico" e pelo seriado Charmed que eu amava mais que tudo. Ela é uma atriz talentosa, que estava em seu auge e confesso que fiquei muito chateada com o seu sumiço das telonas e nesse livro ela conta o segredo de tudo isso.

O livro é bem curtinho, as fontes possuem um tamanho adequado e as páginas amareladas ajudam muito a leitura a fluir. Digo fluir, porque simplesmente devorei o livro. Sabe quando encontramos um amigo depois de um tempo e em uma conversa descobrimos tudo o que aconteceu na vida dele no período em que estávamos afastados? Foi essa a sensação que tive ao ler a obra, pois Rose nos apresentou uma escrita simples e com alguns palavrões, inclusive.

A obra é dividida em duas partes e se inicia com relatos sobre a infância da atriz. Uma infância difícil, surpreendente e aterrorizante em Florença, na Itália. Sempre ouvimos sobre as famosas seitas, mas confesso que na minha cabeça errônea acreditava que era tudo ficcional, entretanto, vi que não. Rose cresceu em uma dessas seitas, a Meninos de Deus. Devo dizer que ela passou por poucas e boas, e desde aquela época percebemos o quão forte era a sua personalidade a ponto de ela sofrer as consequências por sua opinião sem mudar o que realmente acreditava.

Cada capítulo relata uma fase da vida de Rose. O sair da seita, morar com seu pai, depois voltar a viver com a sua mãe. Os problemas que enfrentou com os padrastos, o período em que fugiu de casa, até o momento em que se cansou. Cansou de passar fome, de viver com medo, de sofrer e então se reergueu e voltou para sua família, mesmo que não seja lá essas coisas. Nesse momento, a história não ocorre mais na Itália e sim nos EUA.

Depois de adulta, Rose relata os problemas de relacionamento que teve, incluindo com o roqueiro Merilyn Manson, e confesso que isso me surpreendeu ainda mais. Como ela se dignou a viver aquilo? A cada capítulo, a cada nova fase o leitor pode perceber que nada foi fácil, e que realmente quando vemos as pessoas na televisão jamais imaginamos o que ela passou para chegar ali.

A vida pública e o sucesso aconteceram de forma inesperada em sua vida, o que ela passou nas gravações, nos sets e nos eventos são relatados também e devo dizer que algumas partes com muitos detalhes e foi isso que realmente pegou. Em meio a toda essa crise que Hollywood está passando por causa dos assédios e dos abusos, McGowan não polpou nomes, detalhes e muito menos a sua opinião sobre tudo o que viveu, sim, ela era uma das vítimas também.

A segunda fase se inicia quando a atriz percebe que chegou no fundo do poço novamente. Agora famosa, conhecida, admirada, mas não era mais ela. Todos os seus ideais e as suas convicções se foram, ela precisava recomeçar. Voltar a ser ela mesma para enfim voltar a viver. E é assim que se encerra o livro, com o desfecho, o desabafo, a superação e a enfim felicidade.

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Não dá para negar que esse é um livro polêmico. É aquele tipo de livro que mostra toda a sujeira, a lama por trás de um mundo, do qual a maioria das pessoas, um dia, em algum determinado momento de sua vida, já se imaginou lá.

Coragem me pegou de surpresa, me arrebatou e me deixou de boca aberta. Ele não é uma simples biografia. Enquanto lia, só conseguia pensar que estava diante de um desabafo. Sabe quando você está se escondendo a tanto tempo e precisa falar, expor tudo o que passou de ruim em sua vida? Foi isso o que Rose nos trouxe. Um compilado de todos os momentos ruins de sua vida com o objetivo de mostrar para nós, leitores, que as pessoas famosas também possuem uma vida e um passado, e que nem sempre o mundo do glamour é as mil e uma maravilhas.

Em suas palavras ora delicadas ora agressivas, a autora busca nos passar um aprendizado com base em todas as coisas ruins que passou. Sabe aquela história de aprender com os erros? Ela nos mostrou que podemos aprender com os erros dela.

Não sei o que mais me prendeu na história, mas afirmo que fiquei "presa" nesse livro e a cada capítulo eu queria conhecer mais sobre a sua vida. Não sei se era porque sou fã da atriz, ou se foi porque no fundo eu tinha a esperança de chegar na parte em que ela era feliz e isso só chegou, infelizmente, no último capítulo.

Algo que, sobre todas as coisas, percebemos nesse livro, é que ele fala sobre a distinção que existe na sociedade entre os homens e as mulheres. Rose vivenciou isso desde pequena quando vivia em uma seita e continuou a viver ao chegar na terra do cinema, até que percebeu que era mais importante do que qualquer outra pessoa e do que possam pensar dela em algum momento por determinados atos.

E é essa a lição que nos fica. Independente de qualquer religião, qualquer gênero, qualquer sexualidade e qualquer profissão, você é mais importante e as suas idealizações que devem reger a sua vida e não o que vão pensar de ti ou se vão te julgar. A pessoa mais importante para você, sempre deve ser você, em todas as hipóteses e circunstâncias.

Sobre a edição, já falei um pouco lá em cima, assim como falei sobre a escrita da autora. O que devo complementar aqui, é que a capa do livro é a mesma que foi lançada lá no exterior, e na mesma temos a própria Rose! Um adendo que quero fazer, é que conforme ia lendo a obra percebi pequenos erros de revisão, do tipo palavras repetidas e erros de digitação, mas nada que atrapalhe o nosso desempenho na leitura.

Recomendo a todos esse livro, pois ele nos mostra a vida nua e crua de uma atriz que usa os seus erros e acertos para nos mostrar que tudo o que passamos de ruim em nossas vidas jamais deve alterar a nossa essência.

[Quotes] [Quotes] [Quotes] [Quotes] [Quotes]

"Você pode dizer “chega”.
Você pode dizer “sim” para ser mais livre.
Você pode se libertar da armadilha que foi armada para você."

"Eu também usava os livros como fuga. As palavras eram meu consolo e minha salvação quando eu era pequena, e continuam sendo até hoje. Palavras, vidas diferentes, séculos diferentes, era assim que eu sobrevivia."

"Quando coisas importantes e sombrias nos acontecem, demoramos muito mais para nos importar com o resto. Parecia que eu tinha 8000 anos e estava no corpo de uma pessoa pequena, basicamente uma alienígena entre aqueles que entendiam conceitos tradicionais de sociedade."

"Passar fome desanima. Passar frio desanima. Esconder o terror e ter coragem o tempo todo exige muita energia."

Resenhista: Mayara Milesi.

site: http://livrosetalgroup.blogspot.com.br/
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Fábbio @omeninoquele 31/03/2018

Precisa ser lido!
"O mais incrível de ser artista? Não podemos ser demitidos de nossa mente. #liberdade"
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Atualmente temos acompanhado nas mídias, casos de abusos sexuais contra as mulheres de Hollywood, no começo de suas carreiras, por homens poderosos que dominam essa indústria.
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Em seu texto bastante emponderado, Rose McGowan, trás suas memórias desde quando era apenas uma garota na Florença, Itália que saiu cedo de casa até ser descoberta e tragada à indústria machista de Hollywood.
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O estrelato logo se tornou um pesadelo de exposição, todos os detalhes de sua vida pessoal se tornaram públicos e a sexualização de sua imagem foi constante, muitas vezes apresentando-a como um produto a ser consumido.
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Em suas memórias e em um relato bastante revelador ela narra episódios em que viveu humilhações por parte de diretores e outros homens da indústria do entretenimento, abusos físicos (estupro) e psicológicos tudo por conta de ter um espaço. Inclusive sendo impedida de tomar as próprias rédeas de sua vida uma vez que era vista como objeto, algo sexual que vendia para homens e visava lucro.
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Ela decidiu depois de perceber que aquilo devia mudar e que precisava quebrar o que a "máquina de Hollywood" havia a transformado, como um objeto de lucro, que ficasse quieta e seguisse o caminho que fora indicada a ela. Mas ela se rebelou e impôs sua verdadeira identidade e voz. Longe de roteiros, ela resurgiu corajosa, controvérsia e verdadeira expondo a indústria machista e liderando o movimento de denúncias de assédio sexual na indústria de entretenimento.
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Rose McGowan é uma atriz conhecida pelos papéis de destaque em filmes como Geração Maldita, Pânico, Um crime entre amigas e Planeta Terror e estrelou a série Charmed. É escritora, cantora, diretora, empresária e ativista feminista.
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"Coragem" é um livro com uma mensagem forte, desafiadora e reveladora de uma mulher que sobreviveu aos massacres de uma indústria misógina, mas que não se calou e não se cansa de lutar pelos direitos das mulheres na sociedade.

Não costumo ler autobiografias, mais acho que esse livro tem uma mensagem muito importante e que precisa chegar a muitas pessoas, pois nele é discutido igualdade de gênero, que é algo que deve ser debatido, para quem sabe futuramente essa realidade da cultura machista possa mudar.
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Esse livro é como um soco no estômago, pois revela a obscuridade de tudo o que aprendemos a admirar. Mas que também é um lugar onde o machismo, impera e destrói sonhos daquelas que são consideradas descartáveis e apenas "só garotas".

site: https://www.instagram.com/p/BhAJjdChvCz/?taken-by=omeninoquele
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Queria Estar Lendo 30/03/2018

Resenha: Coragem
Coragem é a autobiografia da atriz e ativista Rose McGowan, publicado aqui pela Editora Harper Collins - que cedeu o exemplar para resenha. Uma obra visceral, do início ao fim, e definitivamente um texto que deveria ser lido por todo mundo.

Para quem não sabe, eu sou escritora. Como escritora, palavras são minha ferramenta, minha maneira de conversar com os leitores, de mostrar sentimentos, de criar mundos e de dar vozes à personagens. E, pela primeira vez em muito tempo, eu terminei um livro sem saber como me expressar. Palavras me faltaram; o que sobrou foi emoção.

"A sociedade dá passe livre aos homens. "Eles não se controlam". "Você os levou a fazer isso com sua beleza". Ouvi isso muitas vezes. "Eles não conseguem se conter. Ah, coitado, ele não aguenta." Ah, vá se foder, isso se chama agressão. Ninguém diz o que é de fato nessa sociedade, mas está na hora de começar."

Coragem não é uma leitura fácil e acho que por isso ela se tornou tão essencial. É um livro cru, honesto e devastador; é a história de uma artista, de uma sobrevivente, de uma mulher.

Rose McGowan foi criada em uma seita. Em sua infância, ela já viveu coisas cruéis demais. Experienciou a loucura do fanatismo, os extremismos que as pessoas são capazes de fazer por se colocar em pedestais inalcançáveis. Rose viu e foi obrigada a viver sob a sombra da coisa tenebrosa que é um homem poderoso; livre disso, ela teve aquela ínfima sensação de que, talvez, na América, as coisas fossem diferentes. Não foram.

"Você pode dizer 'chega'. Você pode dizer 'sim' para ser mais livre. Você pode se libertar da armadilha que foi armada para você. E, acredite, ela foi armada sim."

É interessante como ela criou comparações entre a seita religiosa na qual foi criada e aquela à qual foi apresentada ao pisar em Hollywood. Demorou um tempo para Rose começar a trabalhar como atriz - tempo esse em que mais do impensável e do cruel recaíram sobre ela, como o abandono por parte da família, com um pai perturbado e uma mãe submissa ao papel desempenhado durante tanto tempo no culto; a maneira terrível com que o mundo tratou as diferenças de Rose; mesmo um período como sem-teto, abandonada à própria sorte. Essa mulher experimentou tudo que o mundo tem de mais ruim, e é absurda a força que ela encontrou em si mesma para seguir em frente.

Não uma força inquebrável, definitivamente. Rose passou por maus bocados, enfrentou a depressão em suas diversas formas. Viu o pior do mundo refletido nela mesma.

"Em uma sociedade ditada pelo que vemos na TV, a verdade é que o que você tem assistido e consumido desde que nasceu formou quem você é e continua formando."

Em Hollywood, no entanto, nasceu o culto igualmente perturbador àquele ao qual ela foi forçada a conviver durante sua infância. Em frente e atrás das câmeras, Rose foi exposta ao pior do ser humano. O culto ao corpo, à imagem, aos sorrisos falsificados para esconder as monstruosidades que se escondem atrás de portas de hotéis e reuniões com a pretensão de dar um salto em sua carreira. Hollywood é um reflexo do patriarcado, do machismo e de tudo de ruim que pode acontecer a uma mulher. É um espelho do nosso mundo.

Os relatos da artista são de revirar o estômago; você não precisa de muita bagagem para entender a quem ela se refere quanto aos abusos - tanto físicos quanto psicológicos - e não precisa nomear para que os rostos dos monstros relatados nas campanhas criadas pelas atrizes hollywoodianas surjam em sua mente.

"Por que o desejo de um homem toma meu direito à igualdade? O que faz com que certos homens pensem que suas perversões são mais importantes do que o direito que uma mulher tem de existir como ser humano livre na sociedade?"

Rose expõe tudo o que viveu. É visceral porque é real; porque aconteceu com ela e provavelmente aconteceu com dezenas, talvez centenas de outras atrizes. É cruel porque a maneira com que elas foram caladas é compreensível - o medo as calou. O medo da repressão, de serem vistas como mentirosas, as coisas imbecis que lemos em comentários sempre que um novo caso de assédio é denunciado.

"Quando somos doutrinadas desde cedo, quando nos moldam dessa maneira, não aprendemos a ver nosso valor. Não percebemos que nós, durante todo o tempo, merecemos o ouro; ouvimos o tempo todo que devemos nos contentar com a prata."

"Mas ela podia ter falado antes". "Por que não fez nada para impedir?". "Podia ter pedido ajuda". "Podia ter gritado.". "Ela aceitou isso quando quis se envolver com a fama". É doentio, mas é real. É o que acontece ainda hoje em dia - e os relatos da Rose vêm de anos atrás; tempos em que a voz das artistas, das mulheres, eram ainda mais ínfimas contra a opressão sofrida.

O medo oprime as pessoas de maneiras diferentes. Com Rose, seus traumas se relevaram de diversas maneiras; subjugaram a atriz até a pior situação em que uma mulher poderia se encontrar. Não só a calaram como também bagunçaram tudo que ela era. Rose fala sobre os relacionamentos abusivos que viveu - com homens desconhecidos e com grandes nomes da indústria do entretenimento - e como ele as cegou para o que era abuso. Como gentileza não apaga a crueldade de um homem; como as mulheres são aterrorizadas sem mesmo saber que estão sendo vítimas de um relacionamento tóxico.

"As mulheres sabem quando foram agredidas emocional, física ou verbalmente. E nenhum homem tem o direito de dizer o contrário."

O livro é uma montanha-russa e seu ápice é o momento em que Rose resolveu chutar a porta. Depois de permanecer nas sombras por tanto tempo, ela ergueu sua voz. Fez-se ouvir. Ela ergueu o rosto e sua presença e falou; contou sobre os abusos, sobre os terrores que a perseguiram. Mostrou os monstros e seus rostos, expôs ao mundo que seus ídolos eram os pesadelos de muitas mulheres. Ela falou e foi ouvida. Devagar, mas ganhando espaço para lutar contra o sistema opressor que por tanto tempo governou Hollywood.

"Não ousem ensinar às meninas a serem complacentes; ensinem os meninos a não estuprar. Para mim, o estupro não pode ser definido por uma lei escrita por um homem. Como esse homem pode saber o que é estupro? O estupro, para mim, é qualquer violação do meu corpo."

E é um reflexo do mundo, convenhamos. Como ela mesma diz, o que nós vemos na TV é o que nos condiciona para a vida. Se vemos a representação do poder do homem branco em filmes e séries, é porque é o que comanda o mundo - não mais.

"Mas o estupro como recurso de enredo precisa acabar. Para começo de conversa é preguiça de desenvolver a história; há muitas maneiras de fortalecer uma personagem para incentivá-la a agir."

Hoje em dia pedimos representação; pedimos justiça; pedimos que sejamos ouvidas. E, devagar, o mundo está respondendo a isso. Não completamente; o Oscar ainda premiou um agressor de mulheres como Melhor Ator. Uma franquia bilionária ainda contrata um agressor de mulheres para um de seus papéis principais.

"Não somos descartáveis, não somos "só garotas". As mulheres de Juarez, as índias desaparecidas do Canadá, as "meninas noivas" sequestradas por Boko Haram na Nigéria, todas são "só garotas". Está na hora de pararem de pensar em nós dessa forma. Não somos só "qualquer coisa". Somos seres humanos completos. Pensem na nossa vida."

Mas, em meio a algumas sombras, encontramos luz; há espaço para um filme de heroína ser um dos mais elogiados de todos os tempos, há espaço para um filme comandado por um elenco majoritariamente negro alcançar a maior bilheteria da história dos Estados Unidos. Há espaço para a voz daqueles que foram oprimidos por tanto tempo, e Rose é uma das que está lutando dia após dia por isso.

Porque Rose McGowan é Coragem e dá sua voz para alavancar a coragem das outras mulheres. Ela é uma representação poderosa do que é o feminismo. Ela expôs seus demônios para lutar contra eles. Mostrou seus terrores para que víssemos que não estamos sozinhas. Esse livro é essencial e deve ser lido e comentado por todas as pessoas. Deve ser espalhado entre aquelas que lutam e aquelas que precisam entender seu lugar nessa luta.

"Sejam criativas em tudo que fizerem. É preciso coragem, mas acredito em vocês; sei que têm o poder de serem melhores. Sei que está aí dentro a força para serem corajosas."

Coragem é uma obra prima; um livro inesquecível e uma história poderosa que vai ficar comigo para sempre.

site: http://www.queriaestarlendo.com.br/2018/03/resenha-coragem.html
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Livroseliteratura 27/03/2018

Resenha do blog Livros & Literatura
Adoro biografias que giram em torno de alguém que admiro e me identifico. Decidi ler Coragem por amar a série Charmed, cujo elenco a autora em questão integrou.

Não posso dizer que me decepcionei por completo, mas a sensação despertada ficou bem longe do encantamento.

A Rose, assim como eu e milhões de outras mulheres, foi vítima, isso é fato. No entanto, penso que ser vítima já é o bastante, não é necessário colocar o vitimismo em um pedestal.

A proposta da obra é apresentar uma biografia, mas o que absorvi foi apenas desabafo, num texto construído, em muitas passagens, de forma repetitiva e com uma quantidade desnecessária de palavrões. Na minha opinião, não precisamos "sujar" tanto uma produção literária na tentativa de exprimir emoções e acredito que o recurso mancha a seriedade do conteúdo.

Em quase 300 páginas, só li sofrimento. Ela é uma guerreira, uma sobrevivente, uma vencedora; não teve um momento bom na vida? E se é tudo tão sórdido, tão horrível, por que ela insistiu em algo tão vulgar, quando há milhares de outras carreiras?

Acredito que nada nessa vida é 100% bom ou 100% ruim. Tudo tem dois lados e senti falta do outro prisma.

Uma obra importante, um levante à voz que todos devem, quando oportuno, bradar. Entretanto, criei uma expectativa que não foi correspondida por completo. Reconheço que a leitura teve um lado positivo, mas esperava mais dele.

Recomendo? Sim! As reflexões levantadas são importantes. Mas friso que é uma leitura perturbadora, muito mais do que uma mera distração.

site: www.instagram.com/livroseliteratura
Santos.Autor 27/03/2018minha estante
Eu particularmente não gosto de livros assim, prefiro sempre os que apresentam uma redenção no final ou pequenas redenções. Aquelas incríveis, porém imperceptíveis escapadas das armadilhas da vida são minhas preferidas, no entanto eu conheço várias pessoas que amariam ler esse livro. Indicarei baseado na sua descrição, quem sabe não inspira alguém! Parabéns pela resenha.


Livroseliteratura 28/03/2018minha estante
Ela apresenta uma redenção, à forma dela. Senti falta desse tipo de clímax que você comentou. Não deixa de ser uma leitura válida, mas é importante a gente entrar em sintonia com a obra, né? Ah, obrigada!




douglaseralldo 25/03/2018

10 CONSIDERAÇÕES SOBRE CORAGEM, DE ROSE MCGOWAN, OU SOBRE ENFRENTAR PROBLEMAS HISTÓRICOS
1 - Coragem é a autobiografia de Rose McGowan, uma das vozes feministas mais fortes da atualidade, que ao acusar o produtor de Hollywood Harvey Weinstein por suas práticas de assédio sexual, desencadeou toda uma gigantesca luta das mulheres na maior indústria do entretenimento; no livro, além de sua vida em Hollywood, de forma intensa, em muitos momentos até mesmo verborrágica, a atriz fala de sua história e desnuda um mundo hostil às mulheres, meninas, crianças...

2 - Na obra, a autora narra de sua infância até o momento de percepção e compreensão do mundo a qual está inserida, especialmente toda a estrutura machista e misógina que a cerca, que embora em seu livro seja focada na indústria de Hollywood, suas experiências anteriores a isso, bem como uma observação básica da nossa sociedade, deixa bem claro quem está no controle, e, aliás, usa de todos os meios para manter esse domínio: um mundo de homens e inimigos das mulheres;

3 - Por isso a narrativa de McGowan é marcada por uma contundência revolucionária - que às vezes flerta com o reacionarismo -, palavras escritas com o fígado, duras, fortes, mas necessárias diante da luta que se dispõe a enfrentar, pois enfrentar o machismo é de certa forma enfrentar séculos de estruturas sociais firmadas e mantidas das quais se é difícil de escapar, porque, como a indústria do cinema, como denuncia a voz de McGowan tudo está centrado e voltado aos desejos e vontades dos homens;

Completa: http://www.listasliterarias.com/2018/03/10-consideracoes-sobre-coragem-de-rose.html

site: http://www.listasliterarias.com/2018/03/10-consideracoes-sobre-coragem-de-rose.html
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Raffafust 25/03/2018

Recentemente a mídia passou a divulgar abusos de celebridades Hollywoodianos, não que isso venha acontecendo somente agora, mas sim, isso teve voz somente agora. Por essa razão muitas das vezes que leio comentários do tipo "porque foi abusada há 10 anos e se pronunciou somente agora?" me dói ver que mulheres ainda tem esse pensamento e não param para pensar no como esse assunto era totalmente proibido, advogados recomendavam às vítimas a não denunciarem, afinal elas certamente não ganhariam a causa, os motivos eram os mais absurdos e Rose fala muito sobre isso nesse livro onde se entrega para quem quiser saber o que há por trás de corpos perfeitos, papéis de destaque e milhões de dólares na conta das atrizes, não de todas, mas de muitas delas, a verdade é a de Rose.

Nascida em Florença, na Itália, seus pais sempre viveram um casamento machista, onde as vontades de seu pai eram as mais respeitadas, quando a família entrou para uma seita onde seu pai tinha muito poder de decisão foi ainda pior: seu pai dormia com outras mulheres que engravidou e deu alguns irmãos à atriz, a seita apoiava que crianças dormissem com adultos. Parece absurdo, e é.

Rose nunca teve pais presentes preocupados com seu bem estar, era sempre uma série de equívocos na criação de um filho que culminaram em experiências traumatizantes para ela.

Mais tarde seus pais se mudaram para os Estados Unidos, lá, separados, Rose sofreria ainda mais. Um pai agressivo e opressor que a via como inimiga, que cobrava que ela arrumasse dinheiro para continuar morando com ele...Rose passou por muitas coisas: foi morar na rua, morou um tempo com uma tia, até conseguir trabalho de figurante em produções Hollywoodianas - ela morou em Seattle e em Los Angeles- e conseguir pagar o pai.

Nessa mesma época um abuso acontece com um cara que ela achava ser seu amigo, de uns 50 anos. A vida dela não passaria infelizmente só por essas infelicidades.

Seu primeiro namorado sério, William, era filho de pessoas importantes e bem sucedidas, mas era muito fraco para a bebida e para as drogas e tinha uma obsessão pelo corpo magro de Rose, a fazendo malhar o dia inteiro e comer quase nada. Foi nessa época que ela teve anorexia e nunca mais ficou de bem com seu corpo.

Dos primeiros papéis em filmes grandes, como Pânico de 1996 que a lançou ao estrelato até Planeta Terror de 2007, Rose com certeza comeu o pão que o diabo amassou, inclusive foi estuprada pelo próprio capeta da sétima arte, o diretor de estúdio Harvey Weinstein. Esse monstro como ela a descreve, aproveitou por anos de seu poder na indústria para marcar reuniões com atrizes em seu quarto de hotel e abusar delas, sabendo de seu poder no meio e que elas não o denunciariam com medo de nunca mais conseguirem um papel novamente.

A cena que ela narra o estupro é incômoda e perturbadora. E nos perguntamos como tantas pessoas ao redor podiam saber o que ele fazia e as pessoas não faziam absolutamente nada, só eram coniventes. A própria empresária dela "a empurrou" para as garras dele como se fizesse um grande favor.

Rose teve namoros longos com 2 nomes famosos: Marilyn Manson, o cantor de aparência nada convencional que teve um relacionamento com ela normal, Rose o elogia e diz que foi feliz ao lado dele, só se ressente do modo como ele falou do término. Há o mais polêmico, seu namorado de 4 anos, o diretor Robert Rodriguez, importante no cenário do cinema mundial, ele dirigiu filmes como Um Drink no Inferno e A Balada do Pistoleiro.

Rodriguez era casado há muitos anos com uma produtora famosa quando iniciou seu romance com Rose, única parte do livro que acredito de verdade que ela não pensou nada em outra pessoa, porque para querer respeito, precisamos ter com o outro, e se envolver com alguém casado é errado em tantos níveis que aí não consigo te defender, amiga!

Mas enfim, como boa parte de Hollywood que vemos as verdades hoje em dia, ele era - é - outro ser podre, desses que queremos distância por causa de sua megalomania ao lado de outro superego chamado Quentin Tarantino, os dois fizeram da vida dela um inferno, mas absorta no mundo onde tudo era normal da forma que faziam, Rose não só não tinha noção das furadas que se metia como também tinha muito medo de nunca mais ser chamada para fazer filmes algum.

Na verdade, nessa época ela já era uma das atrizes principais de Charmed, seriado de sucesso de Aaron Spelling. Falecido produtor/diretor e pai de Tori Spelling ( lembram da Donna Martin de Barrados no Baile?).

Um soco bem dado na boca do estômago, é assim nos sentimos a ler esse livro, é como se soubéssemos do lado obscuro de tudo que aprendemos a admirar.

Rose teve - e tem- coragem, e agora amor próprio, para entender o que faz bem à ela e que se sentir bem consigo mesma sem pressões da sociedade é fundamental para sua felicidade.

Leiam, porque esse livro é incrível.
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