Queria Estar Lendo 01/05/2018
Resenha: A Heroína da Alvorada
Um dos mais recentes lançamentos da Editora Seguinte - que cedeu este exemplar para resenha - A Heroína da Alvorada, da autora Alwyn Hamilton, é tudo que um fim épico precisa ser. O fim da trilogia iniciada em A Rebelde do Deserto e magistralmente desenvolvida em A Traidora do Trono não poderia ter sido mais emocionante e inesquecível.
Na trama, Amani está enfrentando as consequências do avanço da rebelião; com o príncipe preso em algum lugar distante e sem ideia de como sair da cidade para procurá-lo, uma vez que as forças do sultão estão caçando a Bandida de Olhos Azuis e todos os que lutam ao seu lado, resta a Amani construir estratégias e lidar com o caos do seu jeito para dar àquela luta uma chance de conquistar a tão sonhada liberdade.
"As pessoas do deserto sabiam que não importava se ele era um rebelde, um traidor ou um herói - todos os homens eram apenas mortais."
É tão difícil falar quando um livro é muito bom. Nesse caso, o livro foi espetacular. Arrebatador. Difícil de deixar de lado; eu só queria devorar as páginas e chegar logo ao final ao mesmo tempo em que queria me segurar para que não acabasse tão rápido. Alwyn Hamilton entregou o final perfeito para uma das melhores trilogias de fantasia contemporânea que já li.
A saga da Amani é o de uma heroína, de fato. Todo o desenvolvimento da protagonista foi bem pontuado, com os momentos certos para dúvidas e hesitações, para os traços de fragilidade ocuparem novos lugares conforme a trama avançava e as situações mudavam para um curso mais dramático.
"Continuávamos perdendo pessoas. E não só as nossas. Pessoas que pertenciam a outras. Pessoas cujas vidas não tínhamos o direito de sacrificar."
O fato de ela continuar lutando, continuar tentando, seguir em frente mesmo quando tudo parece perdido, mostra muito da personagem que é. Amani tem medo, mas não se subjuga mais por ele. Ela teme as perdas, os sacrifícios e as mortes. O peso da guerra sobre seus ombros e dos seus companheiros de luta; mas sabe que, no fim, vai valer a pena. Toda essa luta está buscando pela liberdade, para dar voz ao deserto e ao seu povo. É uma rebelião, afinal de contas. Rebeliões são construídas com esperança, como diria meu sábio Rogue One.
Eu amo a Amani com todas as minhas forças. Ri e chorei e me emocionei mais do que imaginei que faria com cada cena dessa protagonista; eu já gostava muito de tudo que ela era e representava, mas aqui ela ganhou seu espaço definitivo nas minhas lembranças.
"Eu devia saber melhor do que ninguém a distância que separava as lendas da verdade."
Em relação à rebelião, Alwyn dá o devido espaço para cada personagem apresentado até então. É um livro completo porque não se esquece daqueles que fazem parte do background dessa guerra. Cada nome citado importa e tem seu destaque dentro da trama ou em alguma subtrama. São heróis e heroínas.
Jin é uma das figuras mais presentes por sua proximidade emocional com a Amani. O relacionamento deles reside em meio à confiança e apoio, sustentado por olhares e sorrisos e toques e entendimentos. Eu amo como os dois se entendem, como dividem frustrações e medos e como entregam seus corações sem resguardo, porque sabem que pertencem um ao outro.
"Era uma vez um garoto do mar que se apaixonou por uma garota do deserto."
Em relação à causa, Jin está abalado pelos acontecimentos do fim do segundo livro, mas mantém a postura determinada e corajosa frente aos infortúnios que o grupo encontra. Ele é um guerreiro, um protetor e um príncipe; ele sabe o preço da guerra.
Hala foi uma surpresa na história; eu nunca pensei que me emocionaria tanto com a personagem, mas lá estava eu chorando diante de tanta bravura. Ela e tantos outros.
"- Qualquer um que afirme que não tem medo de morrer ou é burro ou está mentindo."
Sam, querido e divertido e inesquecível Sam, foi o alívio cômico mais do que necessário para os ânimos dos rebeldes. Ele e Amani dividem uma relação de amizade maravilhosa, digna dos melhores diálogos e piadas. Em meio a tudo isso, Sam ainda confronta alguns problemas do passado e encontra coragem para enfrentar uma luta da qual acabou se tornando uma parte tão essencial.
Ahmed, Shazad e Rahim têm seus momentos grandiosos; dois príncipes e uma general. Figuras importantes para a parte política e estratégica do livro, mas também para desenvolver mais do sentimento de esperança.
Shazad, inclusive, QUE MULHER! Eu amo a amizade dela com a Amani, amo como ela se impõe diante dos soldados, amo como comanda e luta e é indestrutível, mas ao mesmo tempo só uma garota com sonhos e anseios e o ímpeto de fazer a coisa certa.
Eu amo como cada personagem nessa história representa um pouco disso, como cada um dos guerreiros é essencial.
"Mas sob a sombra do sultão, os monstros da minha infância pareciam ridículos."
A ameaça crescente representada não só pelo sultão - que é um monstro e merecia o inferno - mas também da traidora do livro anterior, dos soldados de metal criados a partir de magia e até mesmo pelas figuras místicas dos djinnis, tudo tem seu momento; carregado de tensão, na maioria das vezes.
Eu achei muito interessante como a Alwyn trouxe a parte mitológica e mística da história para fazer parte do arco principal; como o sangue mágico da Amani significou tanto para a rebelião. Espere grandes momentos envolvendo esses detalhes!
A edição da Editora Seguinte está impecável; diagramação e revisão perfeitas, a capa é um arraso por si só.
"Era muito mais difícil de acreditar que você podia perder uma guerra quando conseguia rir na manhã da última batalha."
A Heroína da Alvorada deixou um vazio no meu coração, mas carregado de emoções boas. É um livro devastador por mexer tanto com os seus sentimentos, como todas as histórias sobre heroínas e a luta pela liberdade devem fazer. Mas acredite quando digo que não é a última vez que ouvimos falar sobre esse deserto.
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