lahmot 06/05/2024
Cheguei de tapete voador com as expectativas lá no alto e caí de cara no chão.
O que aconteceu aqui, Diana Wynne Jones? O Castelo Animado foi um livro tão aconchegante, uma fantasia tão gostosinha de se ler, com personagens bem desenvolvidos como a drama queen do Howl e a rabugenta da Sophie, como foi que esse declínio aconteceu?
Sim, eu já comecei meio desanimada depois de perceber que o protagonista seria outro, mas resolvi que daria sim uma chance e não ia fazer com que isso afetasse minha experiência, mas COMO fazer isso, quando absolutamente quase nada na trama me comprou? O Abdullah parecia engraçadinho, um romântico sonhador que usa de mil-e-uma formalidades para falar com as pessoas (e quando ele usa isso de maneira passivo agressiva fica bastante ridículo e engraçado), mas as motivações dele eram somente... ir atrás de uma mulher que ele viu TRÊS vezes na vida e se apaixonou... Então tá.
Gente, uma pequena dica, fazer um protagonista que detesta animais não é a melhor forma de cativar o leitor, ok?
O interesse romântico tem o nome perfeito, sério, caiu bem demais nela, porque além de ter um nome que uma pessoa certamente não teria, ela também não é uma, é um elemento na narrativa, e nada mais do que isso. Flor da Noite é a mulher mais bonita de todas (e magra!), ela também é muito inteligente. Sim, é só isso. Se quer mais, vá ler outro livro. Lá pro climax ela e Abdullah se reencontram e você pensa que ela vai ter desenvolvimento enfim, mas acontece que era tudo um mal entendido, e ela logo volta a ser a porta que era antes para que o protagonista possa "brilhar".
No geral, esse livro tem um sério problema de machismo, nem parece que ele foi escrito por uma mulher. Não vou nem comentar sobre as parentes do Abdullah, pobres coitadas. Lá pro final eu fiquei besta, um grupo de mulheres são sequestradas e os homens precisam de favorzinhos para querer ajudar elas?? Mas que diabos, minha nossa senhora. A princesa Beatriz, que é uma das poucas que parece ter um fio de personalidade, se contenta com o otário do "soldado" (que só presta quando vai cuidar dos gatos).
Eu gostei que fomos apresentados a uma cultura diferente aqui, algo baseado na árabe, mas... dá para perceber que foi escrito por uma pessoa de fora, há muito do olhar ocidental em diversos momentos, achei que a ideia foi legal, mas a executação... poderia ter sido melhor.
Perdi a conta de quantas vezes eu chegava numa parte e pensava "Ah! Agora vai se tornar mais interessante", então eu logo me decepcionava. O que salvou um pouco foi quando a galerinha do primeiro livro fez aparição, porque antes disso é como se a trama estivesse andando em círculos. A leitura é sim fluída, eu não achei maçante, mas é tão sem sal, desmotivante. Demorou tanto para surgir um elemento que me cativasse, e eu achei extremamente irônico que esses elementos foram justamente o "gênio" e os "gatos" *cof cof*.
Pretendo ler o último da trilogia, mas já esperando pelo pior porque pelo que dizem é o mais fraco de todos, uma pena, viu? Espero que melhore (eu sempre digo isso, mas nunca melhora...).