Augusto 16/10/2018O Desinteresse...Gente, a um bom tempo estou lendo esse livro e cada palavra usada foi como uma chave pra mim. Do final do mês de Julho pra cá a vida não sorriu muito pra mim no quesito amor e amizades. Foram tantas idas e vindas. Tantos altos e baixos. Tanta gente entrando e saindo da minha vida sem motivo algum, como se eu não fosse nada... Coisas me jogaram pra baixo, mas, hoje, sou grato pelos ocorridos, porque fizeram de mim alguém melhor e não pior. Me fizeram crescer e não diminuir, e o livro me ajudou bastante a me reorganizar aqui dentro.
E hoje eu li algo no Face que me remeteu muito, não ao livro em si, mas ao que as palavras usadas acrescentaram em mim e me fizeram perceber. Vou contar um pouco.
Hoje antes de vir trabalhar, eu estava passeando pela timeline do Facebook e enquanto navegava pelas varias publicações, fui surpreendido pela publicação de um colega que falava sobre algo ao qual nunca parei para pensar, ele falava sobre o desinteresse nos relacionamentos, seja lá amoroso ou apenas amizade. Bastou um post para me fazer pensar sobre o exposto que retratava as situações de desleixos propositais, numa conquista inusitada dos atuais amantes.
Sabe, eu penso que gostar de alguém hoje em dia se tornou bizarro. Se você demora pra responder uma mensagem, a pessoa demora o dobro de propósito. Virou um jogo de desinteresse, e nesse jogo idiota ganha quem consegue se mostrar mais desinteressado.
E sabe o que acontece depois? Não acontece nada. Por que a relação fica chata e acaba. O amor, a amizade, o carinho entre as pessoas deveriam voltar a ser expressados de forma mais tranquila e não como está hoje. Gostar de alguém, querer estar junto, demonstrar o teu sentimento deve ser algo bom, e não uma disputa.
Só que o amor é, claramente, um sentimento recíproco. Mas, antes dele vir a florescer, é necessário conquista. E uma conquista por muitas vezes árdua. Não vai se namorar, claro, uma pessoa que não é conhecida ou que não se tem confiança. Mas, para adquirir confiança, demora um certo tempo. Já para conhecer é relativo. Depende do quanto cada um deixa-se mostrar e, ainda assim, será muito difícil conhecer o outro por inteiro, já que há segredos nossos que não partilhamos com ninguém.
Entre troca de mensagens, encontros, carícias, presentes, experiências, convivência, vai se ganhando a confiança e se conhecendo também. O amor, se realmente existir, evidencia-se e logo passa a ser experimentado pelos enamorados. É evidente que tudo isso não acontece nessa monotonia, expressa por essas palavras, nem nessa rapidez na mostragem dos fatos.
Diria que a disputa existe sim, mas não é a disputa de duas pessoas querendo se sobressair quanto ao desprezo. Ou melhor, não só em relação a ele. Quando se gosta, há um laço, um vínculo e uma necessidade do outro. Então ambos se dispõem a manter o contato e acesa a chama, certo? Não. É melhor fingir não estar ligando e esperar a ação do outro. Ser duro na queda. E quando o outro vem, alcança-se o objetivo claro de se mostrar forte e de preencher o próprio ego. E o outro acaba notando e perdendo essa sensibilidade, esse zelo. Daí, a relação estremece e fica aquela mesmice de um pseudo-carinho. A briga, portanto, é pelo preenchimento do próprio ego, de se encher, e de usar ou ter o outro para completar aquela quantia necessária e diária de carinho e atenção que precisamos, e da qual o outro também precisa, mas não fazemos.
Entre colégio, trabalho, atividades, saídas e a montanha de tarefas que fazemos todos os dias, deixamos de demonstrar o afeto ao outro. O que sentimos de verdade. Preferimos esconder-nos atrás das raivas e bobagens adquiridas ao longo do dia a fazê-lo. Preferimos, na verdade, usar o outro como uma escapatória do que nos aflige, sem perguntar como foi o dia e como está a pessoa amada. Queremos nos encher de energias e sugar do outro, sem se preocupar em deixar fluir as nossas para o parceiro. Não deixamos haver essa troca. Ainda observamos e acompanhamos pouco o outro, não se atentando a detalhes cruciais que fazem diferença em um elogio daqui e ali. Assim, assistimos a relacionamentos completamente superficiais, sustentados apenas por meros beijos gostosos ou boas noites de sexo.
O desinteresse aí atinge seu ápice, sendo pelo outro e pela relação em si. Para ser sincero, estamos vazios de muitas essencialidades que sustentam toda trama romântica e isso implica no nível e tipo de relações que presenciamos. Precisamos sentir mais o outro, precisamos nos entregar mais e atentar que qualquer união é feita pela dedicação de dois.
E, mais que isso, atentar-se para conhecer, de fato, as pessoas, sabendo encontrar a essência delas, deixando de lado e superando as utilidades (em todos os sentidos) que elas possam ter para a gente. Ficar com as inutilidades e as características únicas que elas podem partilhar. É descobrir o real valor das pessoas e da construção dos relacionamentos.
Vivenciem, troquem e amem mais. Só assim virá o real interesse que todos, inclusive nós, desejam.