NicholasJade 01/12/2021
?Pensar feminismos negros é pensar projetos democráticos?
Neste livro, primeiro que eu leio da autora, mas que definitivamente não será o último, Djamila fala brevemente sobre sua vida, sobre as adversidades que teve que enfrentar enquanto uma mulher negra, e em seguida nos apresenta de forma introdutória (como é esperado pelo volume do livro) diversas pautas discutidas pelo feminismo negro.
Ela o faz com uma coletânea de suas matérias para diferentes revistas, citando leituras que a influenciaram, e o faz de forma lúcida e direta. É uma leitura que todos deveriam ler, apesar de eu discordar com duas frases pontuais da obra - uma sobre a questão do Holocausto, que não deveria ser relativizada.
Todavia, é um livro que aborda a necessidade de um feminismo negro, interseccional, que reconheça a nocividade de um feminismo universal - que apaga mulheres racializadas, mães, trans - e a importância de celebrar mulheres plurais, e também levantar a defesa de outras pautas comunitárias, que não vejam os homens como inimigos - principalmente os homens negros e os homens LGBTQIA+.
Djamila também fala da importância da inclusão de mulheres trans em sua obra de forma direta, o que me agradou bastante, por muitas vezes ser deixada de fora essa pauta tão importante no país que mais mata mulheres trans no mundo, principalmente travestis negras.
Enfim, uma obra de excelência, que não deixarei de recomendar, mas que alertarei às pessoas racializadas que tenham interesse de ler sobre os gatilhos, uma vez que naturalmente a obra aborda racismo, violência policial, violência doméstica, abuso e assédio, trabalho infantil etc. leiam, mas leiam com responsabilidade para com sua saúde mental.