spoiler visualizarAlissia0 11/06/2024
"Não há fim para o Universo"
Não digo que foi o meu livro favorito do King, mas ainda conseguiu trazer todas as emoções que sinto ao ler suas obras. O enredo me causou medo e arrepios, mas acima disso, senti também ansiedade e muita curiosidade para entender mais e adivinhar quem era a entidade por trás dos eventos na trama, prestando atenção em cada detalhe e "pista" tal qual uma detetive - acompanhando fielmente a dinâmica dos próprios personagens da história (dois deles, inclusive, sendo detetives, hahah). A construção da mentalidade e da psicologia dos personagens, em especial do protagonista (Ralph), sobre um assunto tão além de suas realidades modernas, foi tão boa quanto nos outros livros que li. Arrisco dizer que é uma característica única do King conseguir desenvolver tão bem um suspense psicológico envolvendo fatores sobrenaturais que, ao mesmo tempo, exploram de forma muito bem amarrada o psicológico dos personagens, como uma construção do início ao fim.
Acredito que uma das minhas partes favoritas de todo o livro foi a sua parte inicial, com os depoimentos das testemunhas. Isso foi escrito de uma forma muito interessante e também foi um fator que eu nunca tinha encontrado conforme meu histórico de "lidos" no Kindle aumenta. O fato de ele ter conseguido inserir, em um livro único, uma personagem boa o suficiente (um beijo, Holly) para transformar e dar outro rumo à história a partir da metade do livro, diferentemente dos demais personagens que apareceram desde a primeira página, foi genial, na minha humilde opinião.
Fiquei tremendo com o fato de a entidade da vez ter sido um bicho-papão, pois é um conto que ouvimos tanto quando crianças, especialmente através de uma música específica aqui no Brasil que meus pais costumavam cantar para mim, que não tinha como não me incomodar ao ler as páginas, tornando o livro ainda mais assustador (e ótimo ao mesmo tempo, pois mesmo assustada, não conseguia deixá-lo de lado!).
Também amo como o King se dedica à história e se aprofunda ao ponto de trazer à tona desde a descrição de um filme (mexicano) até ambientes ou locais tão específicos como o Buraco de Marysville (e ainda relacionado com o povo indígena da América do Norte).
Mas o que realmente me causa muito impacto e nunca deixa de continuar me surpreendendo é a forma como o autor possibilita ao leitor uma sensação de calmaria ao final do livro (e talvez até mesmo de ensinamento ou moral, por trás do que está escrito - mas isso é um achismo meu, ou melhor, uma sensação) com os personagens estando, finalmente, relativamente em paz (dado todos os acontecimentos prévios), e de uma maneira que funciona muito bem para um livro único, em meio a tantos personagens e tantas informações como ele propicia.
"- Também existe uma força do bem no mundo. Essa é outra coisa que acredito. (...) Existe uma força que tenta restaurar o equilíbrio. Quando os sonhos ruins vierem, Ralph, tente se lembrar daquele pedacinho de papel."