Kallocaína

Kallocaína Karin Boye




Resenhas - Kallocaína


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MichelleSN 06/04/2024

Antes de 1984...
Um mundo em um futuro desumanizado sob um estado totalitário e repressivo, o Estado Mundial.

Essa distopia nos traz o gosto amargo da "Servidão Voluntária*" posta em prática. O controle é, antes de mais nada, mental. Sem precisar de aparatos ou qualquer tipo de "lobotomia" uma espécie de recondicionamento social é realizado: a reeducação do ser humano transformando-o em algo desprovido de vontades e desejos.

Mas mesmo com os pensamentos sufocados por doutrinação, burocracia, rotina pesada de trabalhos e a vida sendo vigiada pelos olhos do "Estado mundial", o coração, ah esse astucioso, encontra fagulhas para acender o fogo indagador para questionar o novo status quo: "Talvez tenhamos interpretado mal essa história de ?espírito?. Quem sabe isso não quer dizer uma forma interior, uma filosofia de vida. Ou o senhor acredita que esta é uma interpretação por demais sutil para surgir de um tal círculo de lunáticos?"

À medida que as "sensações" vão se tornando "perigosas" vemos o medo crescer e medidas desesperadas são tomadas para reprimir tais sentimentos "subversivos".
A hipocrisia torna-se a principal arma.

Há um forte apelo para o coletivo, como se houvesse somente um cérebro central, cujo os corpos estariam todos ligados.
A individualidade torna-se assim algo a ser duramente combatido:
"Do individualismo ao coletivismo; do isolamento à comunidade ? este foi o caminho do colossal e sagrado organismo, no qual o indivíduo é apenas uma célula sem mais significado que o de servir à unidade do conjunto."

E com toda a pressão exercida sobre os cidadãos-soldados (forte apelo à rigidez do militarismo), a pergunta feita por uma das personagens soa quase retórica e sintomática: "de sentimentos nascem as palavras e ações. Como poderiam então os pensamentos e sentimentos serem algo privado?".

Um livro riquíssimo e leitura obrigatória em tempos onde esses "ideais" ressurgem com velocidade assombrosa.

* "O Discurso da Servidão Voluntária" - Étienne de La Boétie (1576)
Onde i autor critica o fanatismo com relação às figuras políticas (monarquia, no contexto da obra) e, consequentemente, aos sistemas totalitários.
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Rittes 16/01/2020

Admirável mundo
Claramente, esta estranha obra da escritora Karin Boye tem influências de Kafka e Huxley, mas as semelhanças param por aí. Uma distopia angustiantemente sombria e, ouso dizer, visionária, que peca apenas pelo ritmo um pouco lento; embora a leitura flua. Recomendo e daria quatro estrelas. Mas, como vocês verão, é impossível não tirar o chapéu para o incrível projeto editorial da Carambaia..., então, 5 estrelas!! Leiam.
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Jessy Silva 30/05/2024

Uma clássica distopia indispensável!
Não estou decepcionada!
Esse livro foi escrito 7 anos antes de 1984 de Orwell, a estrutura é a mesma, um Estado Totalitário que domina todos as pessoas, tira sua individualidade e governa pelo medo e pra culminar tudo isso é criada a Kallocaina, aonde se perde até o direito de pensar.
O livro me prendeu do início ao fim, uma escita densa, mas muito profunda e com diálogos intensos entre Kall e Rissen... E o que mais me chamou atenção foi a história ser narrada do ponto se vista do indivíduo que acredita e defende o Estado, mesmo quando todo seu instinto estreme seu corpo pra mostrar o contrário.

Eu gostei basta, sou fã de distopia, o melhor PRA MIM continua sendo 1984, mas Kallocaina continua sendo um clássico indispensável.
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vicniro 25/05/2024

Deveria ter lido antes de 1984 do Orwell
É muito difícil ler esse livro depois de ter lido 1984 porque a todo momento eu ficava comparando os dois livros, o que não é justo com Kallocaína já que foi lançado 8 anos antes. A distopia totalitarista criada por Karin tem muitos elementos em comum com o famoso 1984, mas achei bem interessante que desde o ínicio nós estamos enxergando o lado de quem apoia o sistema e só depois de um bom tempo ele começa a entender o que isso tem de errado, começando pela pulguinha atrás da orelha que seu colega coloca ao falar “que nenhum cidadão-soldado acima dos quarenta tem a consciência exatamente limpa”.

Achei bem interessante que o foco do livro é mais nos pensamentos e relações interpessoais do que nas ações deles em si, principalmente considerando o grupo (des)organizado que nos deparamos ao longo da leitura. Isso pode deixar a leitura um pouco densa e maçante para alguns leitores, mas para mim serviu para entender melhor o Leo Kall. Assim, gostei bastante do amadurecimento do personagem principal e em como é mostrado a sua mudança de entendimento daquele mundo.

Apesar de em alguns momentos eu ter ficado um pouco confusa com o texto, eu acabava entendendo o sentido geral do que estava sendo dito. Dito isso, super recomendo a leitura, mas acho que teria um maior impacto se eu não tivesse lido 1984 antes! É bem interessante pensar que, como foi lançado em 1940, ela estava vendo a ascensão do nazismo e que deveria ter essa percepção das pessoas que apoiavam os regimes totalitaristas.

P.S. Confesso que pela sinopse, eu achei que nesse universo a droga utilizada para fazer as pessoas confessarem tudo fizesse parte do dia-a-dia das pessoas, como se com uma conversa com seu chefe, por exemplo, você falasse tudo o que viesse na sua cabeça.
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Giulia Ficarelli 20/05/2020

Sci-fi mais que atual!
Desde o começo do livro, me peguei pensando em ?Admirável Mundo Novo?. Não a toa, o posfácio do livro fala sobre a obra.
Ainda que seja uma ficção, Kallocaína é um livro que debate diversos comportamentos da nossa sociedade.
Muito interessante e uma leitura muito agradável e leve.
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OPHTHORN 25/04/2024

Minha nossa senhora da bicicletinha
Gente, tô passando pela pior fazer que um leitor pode passar: a fase de abandonar vários livros em sequência.
Eu tava super interessada em ler esse livro pq ele se assemelha muito a 1984, mas enquanto a leitura de 1984 é fluida, essa é maçante.
Muito muito muito muito chato, não aconteceu nada emocionante nas primeiras 100 páginas do livro (tem 209).
Eu sou uma pessoa que leio rápido, em um dia eu leio 100 páginas, mas a escrita é tão entediante e tão chata que simplesmente não foi.
Fiquei decepcionada e quase comprei o livro antes (que bom que não comprei, ia ser desperdício de dinheiro).
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Wellington 01/02/2021

Kallocaína: 9,5
Imagine a maior ambição dos agentes de controle em 1984 – acessar e julgar pensamentos, impedindo o "gérmen da rebeldia" – possibilitada por uma droga; eis Kallocaína.

Há um Estado Mundial totalitário, um protagonista-engrenagem que tem lapsos de clareza a respeito de sua individualidade sendo esmagada, personagens psicologicamente riquíssimos, uma tomada de consciência cambaleante, as possíveis consequências e aspectos de uma sociedade assim... Etc.

Não há muito o que dizer a respeito da obra, além disso: é uma distopia perturbadora. Ao mesmo tempo, oferece a possibilidade de observar como um defensor de tal modelo pensaria e viveria; aos meus olhos, é o maior mérito da história. Também é mostrado o gigantesco conflito interno de alguém assim quando entra em contato com vivências diferentes.

Os monólogos da esposa, do chefe e de algumas cobaias são extraordinários, falam sobre o que é o sentido da vida para eles – cada um partindo do próprio lugar de fala.

Quando peguei a edição pela primeira vez, a achei simples quando comparada a outros projetos especiais. Durante os primeiros capítulos, mudei de ideia e senti que é perfeita para a história. Muitas partes se passam em ambientes subterrâneos, o protagonista é um químico, há vigilância constante e uma bela alusão a estrelas; dessa forma, tudo na edição condiz: o olho que lembra uma estrela (e brilha no escuro!), a cor laboratorial, a sensação do material... Não achei nenhum erro, de nenhum tipo.

A ausência de prefácio foi agradável, não sinto que essa obra precise de um. Já o posfácio foi extremamente enriquecedor. A autora, Karin Boye, era sueca; se desiludiu com a URSS stalinista, assistiu com desesperança a ascensão nazista, tinha depressão, fazia psicanálise, teve relacionamentos frustrados com homens e mulheres e cometeu suicídio um ano após o lançamento desta obra, aos 41 anos. Descreveu o processo de escrita de Kallocaína como "torturador" (sic), já que o esmagamento da individualidade humana lhe era aterrorizante.

Devorei o livro em poucos dias; fácil e fluido de ler. O único motivo pelo meu decréscimo de nota é a sensação desagradável e o gosto amargo que ficam depois – talvez justamente como a autora se sentia e o que a obra deveria evocar. Não é uma história feliz.

site: https://www.instagram.com/escritosdeicaro/
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Tiago 03/02/2021

Ótima distopia
Kallocaina foi escrito por Karin Boye em 1940, antes do famoso 1984 de Orwell. É uma distopia com uma arco narrativo muito envolvente. A história é sobre uma droga que faz as pessoas dizerem a verdade sobre seus pensamentos íntimos. O protagonista é o inventor da droga e é um personagem muito bem construído. Foi difícil para mim decidir o que pensar sobre ele durante a leitura. A sociedade futurista retratada no livro é tão sombria (se não mais sombria) quanto a de 1984. Em resumo, Kallocaina é uma leitura altamente recomendada para fãs de distopia.
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Felipe Philipp 18/02/2021

In vino veritas moderna
Leitura que dá uma sensação de claustrofobia o tempo inteiro, e isso é fantástico. Poucas distopias me deram essa sensação, mas essa obra me deu um sufocamento angustiante, não é só a invenção do nosso protagonista, mas é a escrita da ótima autora. O jeito de conduzir o nosso protagonista maníaco, foi algo que nunca tinha lido em nenhum lugar, e digo mais: nenhuma distopia, seja anime, como Psycho-Pass, outras obras ou até filmes, como Filhos da Esperança, me deu essa sensação. É uma obra mais do que recomendada.
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Dilso 15/03/2024

Distopia importante
Leo Kall é o inventor de uma droga que faz com que as pessoas confessem seus pensamentos mais secretos. Contudo, ironicamente, ele também foi vítima dela diante de um Estado totalitário e distópico. A Kallocaína, batizada por ele com seu próprio nome, foi seu derradeiro fim...
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Wolpim 29/03/2024

Confrontando a tirania e Celebrando a Individualidade.
"Kallocaina", escrito por Karin Boye, é uma obra distópica que explora temas de controle estatal, individualidade e resistência. A história se passa em um mundo totalitário, onde o Estado exerce um controle absoluto sobre a vida das pessoas. O protagonista, Leo Kall, é um homem que trabalha para o Estado e se vê confrontado com dilemas éticos e morais à medida que questiona o sistema opressivo em que vive.

Kall é retratado como um personagem passivo e inseguro em alguns momentos, o que pode frustrar alguns leitores. Sua falta de ação e hesitação diante das injustiças do Estado podem torná-lo menos cativante como protagonista. No entanto, sua esposa, Linda, emerge como um ponto alto na história. Linda representa a luta pela liberdade individual e a descoberta da importância da individualidade, especialmente em relação aos filhos. Sua jornada de auto descoberta e resistência contra o controle do Estado é um dos aspectos mais emocionantes e inspiradores da narrativa.

A narrativa de "Kallocaina" oferece reflexões profundas sobre a natureza da liberdade e da opressão, bem como sobre o papel da individualidade na sociedade. Embora o protagonista possa não ser tão forte ou carismático quanto alguns leitores desejariam, a trajetória de Linda e outras personagens secundárias compensam isso, proporcionando momentos de grande impacto emocional e reflexão.

No geral, é uma leitura envolvente e provocativa, embora sua força possa variar dependendo da afinidade do leitor com o protagonista e o ritmo da narrativa.
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O resenheiro 04/06/2024

Uma distopia para ser apreciada
A substância ao ser injetada na veia revela os pensamentos e sentimentos tal qual um soro da verdade. O protagonista Leo Kall, seu inventor, gostaria que ela levasse seu nome: kallocaína. E assim foi. Mas para ter certeza de que funciona, uma bateria de testes se torna necessária, feita com lotes de humanos do Serviço Voluntário de Cobaias.

Pra quem gosta de distopias, não vai se arrepender. Eacrito em 1940 por uma sueca, dizem que foi literatura de George Orwell, e de fato, várias similaridades podem ser observadas nesta história e em 1984. A começar pelo ambiente totalmente vigiado, o Estado como objetivo, a desumanização do ser humano. Tudo é para a comunidade, nada deve ser privado.

Kall é um químico, inventa essa substância, esse líquido verde, que vai tornar possível socializar aquilo que temos de mais privado, nossos pensamentos e sentimentos. A verdadeira glória! Pelo menos é o que ele tenta demonstrar para todos, mas seria isso mesmo? Para confundi-lo, aparece a figura de Edo Rissen, que será seu chefe durante os experimentos e que traz um desconforto na maneira de olhar, questionar e levantar dúvidas a respeito.

A leitura requer um pouco de atenção, e a história gira em torno desse tema, desde o descobrimento, passando pelos experimentos e comprovação de sua efetividade perante as autoridades, até a aplicação da kallokaina como meio de prova em uma acusação judicial. Todos somos suspeitos, afinal, quem não tem algo a esconder, principalmente depois dos 40, como afirma Rissen.

É sim uma leitura sufocante, ideias distopicas represoras com temas que nos fazem repensar o alcance de um totalitarismo exacerbado. Enquanto lia ficava pensando em quanto essa autora sueca sofreu ao viver tanto na Alemanha como na U.R.S.S durante o período da Segunda Guerra. Só mesmo isso explica sua obra...
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Ellen609 18/04/2024

Kallocaina
Considerando a data de publicação (anterior à 1984), concordo com os comentários presentes no final do texto: essa obra deve ter influenciado Orwell.
É mais uma distopia bizarra, em que o Estado existe como fonte absoluta de verdade e demanda obediência ao nível dos pensamentos. Seríamos tratados como uma colônia, em que o individualmente não temos valor e nada se cria, só se sobrevive. Não temos arte, não temos ciência, nem descobertas.
Recomendo médio. Não fez meu estilo. Gosto de ficção, mas esses protagonistas bitolados me dão nos nervos.
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