Mundo de Tinta 28/07/2019
Atualizado!! Resenha do Blog Mundo de Tinta
Kankyo Tannier é uma "monja zen-budista" francesa, que escreve para um blog, usa redes sociais, escreve artigos para revistas, apresenta palestras e também atende como hipnoterapeuta, professora de canto e oratória e (ufa!) ainda faz trabalho voluntário como cuidadora de cavalos. O que já nos leva a um outro assunto que eu também amo: os paradoxos dos rótulos!
Sua história é baseada no período em que esteve por quase dezesseis anos em retiros budistas de toda a França e outras partes do mundo, praticando uma vida monástica intensa; e depois nos trouxe suas experiências mais interessantes, e principalmente, mais significativas para nossa vida cotidiana.
Quando pensamos em silêncio, sempre somos levados a crer que depende do ambiente, mas Kankyo nos prova que não é bem assim.
Claro que se você tentar meditar numa creche com muitas crianças gritando e chorando juntas, não será tão fácil como seria numa biblioteca, não é?! Mas eu não disse que não é impossível.
No decorrer da leitura, vamos entendendo e exercitando (sim, temos exercícios para aplicar no dia a dia) a prática do silêncio interno. Aquele que só depende de você e de você, somente.
Um silêncio das palavras, mas também dos pensamentos (reduzindo julgamentos e críticas internas), dos olhos (evitando o excesso de informações) e do corpo (reencontrando o prazer de estar presente a cada momento).
Esse livro me ajudou e ainda ajuda muito, nessa busca de paz e silêncio interior. Antes eu praticava (ou achava que praticava) a técnica da "audição seletiva", mas no fundo acho que só fingia demência e deixava a onda passar, mas não sem a absorver, mesmo que pouco.
A maior diferença agora é que essa onda realmente passa através e não sobre você, e não é preciso fingir demência, basta desfocar do excesso e deixar o pensamento realmente solto, isso se chama esquecimento sonoro.
Falar e escrever é muito fácil mas na prática (e demanda muita mesmo!!) não é tão difícil.
Eu, particularmente, tenho receio de ir a lugares em que eu seja conhecida e precise cumprimentar e conversar com muitas pessoas, especialmente quando estou na pele da "Dra.", isso é realmente estressante pra mim, e fujo sempre que posso...
O exercício é fixado em algumas questões: "Como ficar em silêncio ao lado de outra pessoa? Como estar presente na sociedade sem usar palavras? Como agir de maneira que meu corpo manifeste serenidade e presença?" Pág 33.
Então como não é sempre que posso, fui praticar um pouco. E percebi que não preciso estar tensa por socializar, apenas me deixei ficar em silêncio ao invés de me cobrar para participar das conversas. O que antes poderia ser um silêncio de frustração e até de contrariedade, passou a ser um silêncio absortivo e contemplativo. Me senti menos pressionada e mais serena.
Não sei se as pessoas em volta me acharam dispersa ou aborrecida, mas o retorno do marido, que é um dos que mais me conhece, foi ótimo! Fiquei orgulhosa de mim.
Continua no blog...
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