Paulo 14/07/2022
Pensar fora do Vale do Silício... é possível?
Publicado em 2018, o livro do jornalista Franklin Foer nos faz refletir sobre nosso relacionamento com a tecnologia, indispensável por um lado, mas que possui aspectos negativos por outro.
O livro critica as gigantes da tecnologia – agrupadas pelos europeus sob a palatável sigla GAFA (Google, Apple, Facebook e Amazon) – que estariam triturando os princípios que protegem a individualidade.
A obra centra-se na atuação do Google, Facebook e Amazon, os monopólios de tecnologia querem moldar a humanidade a seu bel-prazer. Essas empresas cresceram exponencialmente por meio da evasão fiscal e da promoção de lobby no Congresso americano.
O autor traça um paralelo com as empresas alimentícias Nabisco e a Kraft, que queriam mudar a forma como nós comíamos e o que comíamos; hoje, Amazon, Facebook e Google querem ditar nossa maneira de ler e também escolher o que iremos ler.
Segundo o autor, as empresas de tecnologia estão destruindo algo muito precioso, que é a possibilidade de contemplação. Elas criaram um mundo onde estamos o tempo inteiro distraídos e sendo vigiados. Por terem acumulado muitos dados, construíram um retrato da nossa mente, que usam para guiar de forma invisível o comportamento das massas (e cada vez mais o comportamento individual), com o intuito de promover seus interesses financeiros.
Criticando dos monopólios atuais, o autor alerta que apenas um site (Google) despontou como portal para o conhecimento; outro (Amazon), como ponto de partida para todo o comércio. E embora possamos falar em redes sociais no plural, a verdade é que apenas uma delas (Facebook) abarca cerca de dois bilhões de indivíduos.
Para essas empresas, as leis do homem seriam um mero incômodo, que podem apenas retardar um pouco esse trabalho. Instituições e tradições não passam de sucata a ser descartada.
Fica o alerta do autor, para reflexão: o que está acontecendo é uma completa renúncia ao livre-arbítrio - os algoritmos tomam decisões em nosso lugar.