E Se Eu Fosse Pura

E Se Eu Fosse Pura Amara Moira




Resenhas -


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Kaydson Gustavo 23/04/2020

E você, tá preparad@?
Ser pura.
Ser puta.
Prostituta.
Ser.
Gente.
Humana.
Decente.
Discente.
Docente.

Afogo-me nas primeiras páginas de Amara, velejo no seu barco de escritos e embarco em seu mundo louco e totalmente exposto aos bastidores da vida, as nossas fraquezas, desejos mais internos, intensos.

Habemus o mundo.
Não o mundo das novelas, não o mundo de prostitutas como Bebel, atuação da atriz Camila Pitanga. A única Bebel aqui é a torre, a queda. Mostrando as fraquezas e a demolição de formas, fôrmas e rótulos que tão facilmente colocamos. Na atuação de Camila Pitanga com finais felizes e champanhes em coberturas de luxo. Amara Moira expõe o mundo real, aquele que acontece quando a luz se apaga, quando o humano sai do casulo e mostra quem é, o que é, e como age.

Despe os homens, as mulheres. Estes expostos e nus.
De corpo, de alma, de sentimentos.
Seus relatos trazem tudo isso à tona, a masculinidade frágil e quebrável só com um vento forte ou fraco. Um sopro.

A escritora pariu ao mundo tudo aquilo que o mundo quer desesperadamente omitir, esconder e ofuscar.
Entre corpos, odores e aromas, objetificação de corpos, nudez e detalhes.
Ah, os detalhes, Moira como ninguém detalha tudo.
Traz peculiaridades, coisas que horrorizaria a família tradicional brasileira, mas só traria esse horror à tona quando visto em público, no claro e com platéia. Coitados! Coitadas! Mal sabem as esposas, as filhas, as irmãs, as mães o que seus entes queridos fazem quando a luz apaga, quando eles podem exibir o eu que habita escondido entre seus corpos e desejos mais peculiares e profundos.

Amara é pura, tão pura que torna cristalino suas palavras e a exata ideia do que quer dizer. Gritar.
Quando eu, convidado pela autora em uma dedicatória: A perder-me nas bagunças dessas páginas perigosas, fui questionado se estava preparado.
Apesar de achar que sim, não estava.
Agora, mais que preparado, releio sua obra.
Clássica.
Poesia.
Pura.
Puta.
Deleitar-se nessa obra é necessário.
Terminá-la fundamental.

E você, tá preparad@?
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Leo Vieira 31/07/2019

Apesar do título e do contexto, não é um livro de putaria (antes o título tinha a palavra “puta”, corrigida hoje com um “R” a fim de criar duplo sentido). Talvez isso dependa muito da ótica de quem for ler a situação, mas o ponto de vista do diário que era postado em um blog e que a seleção acabou se tornando um livro é de um drama. A autora era um homem gay que por um motivo pessoal ou para se identificar se tornou uma travesti. Vários relatos, acabou se tornando prostituta, como toda a vida difícil e com riscos que o ofício podiam oferecer, como doenças, agressões, maus tratos, hematomas sexuais (quase indo parar numa mesa de cirurgia), alto rodízio de homens durante a noite, envolvimentos e humilhação.
Em nenhum momento o livro passou uma impressão de vitória ou algo do tipo (atualmente a autora não vive mais disso e é Doutora em Letras pela Unicamp), mas ele é muito sincero e franco na questão de como é a vida na prostituição. Por esse aspecto ele mereceu leitura e também resenha. Um ponto interessante foi a questão do marketing da coisa, que se aplica no cotidiano. O produto (no caso a profissional do sexo) precisa estar atraente na primeira impressão e a partir daí o negociante precisa ser rápido na negociação e na arrematação. Isso também não se aplicaria para outros profissionais autônomos?
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fev 13/01/2021

Esse livro não é para moralistas. Amara Moira narra sem pudor alguns de seus programas como prostituta. Os primeiros clientes e como se sentia em relação a tudo que estava acontecendo em sua vida. Os conflitos que ela mesmo vivia. Como mulher travesti nunca iria cair nos esteriótipos que eram dignados às mulheres como ela. Não foi bem o que aconteceu.

Essas memórias apresentam um pouco da hipocrisia brasileira, do machismo e patriarcado da nossa sociedade. Os relatos de assédio e violência sexual fazem parte também desses momentos em que ela viveu.

Além de textos mais profundos sobre como mulheres travestis não dignas de amor, que são excelentes, Amara fala também sobre o putafeminismo. Esse seria um conceito de feminismo voltado para a inclusão de prostitutas nas pautas feministas sem a intolerância e preconceito de muitas pessoas sobre mulheres que decidem trabalhar na prostituição. Não nego, fiquei reticente sobre essa questão e talvez tenha entrado no clube de moralistas hipócritas que ela demonstra que existem. Eu preciso me aprofundar mais para ter uma opinião concreta sobre.

Super indico para ampliar a visão sobre tabus da sociedade em que vivemos. No entanto, reafirmo, se você é cheio de pudores esse livro não irá te agradar. A explicação sobre a mudança do título nessa versão me deixou boquiaberto. É surreal.
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bobbie 22/02/2021

Rápido e informativo
Eu compro tudo que é relacionado a gênero e sexualidade, pois é meu campo de estudo. Ultimamente, me interesso bastante em qualquer texto sobre travestis, pois é um campo muito delicado na área de expressão de gênero e, também, sexualidade. Trata-se de um caso bastante à parte, específico. Já conhecia um pouco da história da Amara Moira, por ter lido a seção dedicada à sua fala no livro Vidas trans: a coragem de existir, de 2017, por isto me interessei por este livro. Baseando-se em seu blog de experiências pessoais como garota de programa, Amara não tem papas na língua para contar suas mais variadas vivências. Ela conta tudo, com bastante vocabulário bajubá (o "dialeto" muito utilizado por gays/travestis) e sem se envergonhar no quesito recato. Amara não mede palavras para relatar seus atos sexuais e experiências. E, claro, sua voz é imprescindível para nos enriquecermos com suas dores e prazeres, seus percalços e queixas advindos de sua vivência travesti. Contudo, senti como se Amara pudesse ter sido muito mais franca com relação às demandas dela própria e de suas companheiras, enquanto talvez pudesse ter sido um pouco menos acentuada nos detalhes de seus programas. Não sou pudico nem puritano. Apenas acredito que ela poderia ter aproveitado o canal que teve a oportunidade para falar - seu livro - e feito dele uma voz mais política (não que não tenha sido) do que sexualizada.
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Moni 25/03/2021

E se eu fosse...
Impactante no começo, talvez por estar vestida ainda com o moralismo intrínseco da gente quando o assunto é esse.
Abra a cabeça para essa leitura, pois além das vivências relatadas é necessário entender o espaço que a mulher trans ocupa, em quais condições ela trabalha.
Além disso é preciso abrir os olhos para o desequilíbrio do moralismo, que é gigante em cima das profissionais e nulo para quem procura o serviço, aquele que tem esposa em casa, aquele hétero top padrão buscando variar.
Vá além da leitura...e busque, como Amara diz: "Por um mundo onde não seja preciso coragem nem desconstrução para amar uma travesti."
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Rafa 06/11/2022

Uma leitura obrigatória pro exercício da empatia. Eu achei que compreendia minimamente a situação das pessoas trans no Brasil, eu não sabia era de nada. Adoro essa literatura pessoal, o olhar que vem de dentro da situação, foi uma leitura que me trouxe a mesma sensação de ler "Quarto de despejo", que aproxima o leitor de uma realidade muito diferente da que eu estou habituada. Um dos melhores livros que li este ano.
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Juliana (Ju/Jubs) 24/07/2022

Eu não esperava tanta sinceridade. Peguei esse livro pra ler por indicação de um amigo, não conhecia Amara, não sabia o que esperar, mas gostei muito do título; e li.

A primeira coisa que reparei foi: 3 revisores em um livro (trabalho na área), logo pensei que ou ia dar muito certo ou ia ser uma tragédia (Spoiler: deu certo, vou falar sobre isso mais pra frente).

A segunda coisa que reparei foi a linguagem, junto à sinceridade. Tão despojada, tão natural, isso muitas vezes faz um texto ser mal escrito, o que aumentou meu receio.

A questão é: o conteúdo é tão incrível que deixei de lado a parte chata de mim. Amara me fez sentir amiga dela, fez com que eu quisesse conhecer ainda mais dela e de seus pensamentos. Ela ganhou uma fã.

Ela fez eu perceber a transfobia no meu dia a dia, e eu tentei fazer algo a respeito, infelizmente, não deu resultado, é algo tão naturalizado. Na hora eu fiquei muito chateada e triste, mas fiquei feliz de ter feito algo a respeito, de ter tentado.

Acredito que esse é o caminho, não só (re)conhecer o preconceito, mas fazer algo a respeito. A questão é que quem não faz parte, não vê, não sente, e, assim, é só mais uma piada, mais uma campanha publicitária sobre/para mulheres/homens cis, mais um ditado popular. Mas não, é mais uma forma de fechar os olhos e fingir que uma parte da população não existe.

Enfim, voltando (antes que eu me esqueça). Sobre a revisão, está muito bem feita, quase bem feita demais. Acho que a revisão poderia ter acompanhado mais o tom despojado do livro, não exagerado, mal escrito, mas natural, como um livro de comum de literatura. A revisão seguiu à risca as regras gramaticais, fiquei com medo de ela atrapalhar a linguagem usada, no fim, foi uma mistura interessante.
Livrendo 23/08/2022minha estante
Amei a resenha e concordo com você sobre o ponto de vista da revisão .
As vezes a forma como ela é aplicada pode descaracterizar o estilo narrativo no texto .
Vou ler e focar na sua sugestão que achei mais completa em detalhes ?




lipelimma 22/06/2021

Dei algumas boas risadas e depois foi ficando um pouco repetitivo. Acredito que seu propósito foi cumprido.
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Jonas307 12/02/2022

Um livro que conta explicitamente a vista de uma Travesti na Prostituição com seus relatos de trabalho seus conflitos sociais e pessoais de uma forma que te faz refletir sobre tudo e que te levanta questionamentos durante toda a história, o livro me prendeu de uma forma incrível nao conseguia parar de ler. INCRÍVEL!
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Heloisa Motoki 27/06/2021

Mostrando a realidade
A história de Amara Moira mostra uma realidade que a hipocrisia e o preconceito não mostram.

Uma história profunda que mostra seus medos e angústias.
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Dandara Virgínia | @dandaravmachado 30/01/2022

Leitura muito boa. A escrita da Amara é maravilhosa, é literalmente a leitura de um relato. É quase que impossível não comparar com vivências sexuais que as próprias mulheres (sejam elas cis ou trans) não prostitutas vivenciam.
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chuwanning 26/09/2021

carambolas
isso foi forte e extremamente visceral. no começo, uma pessoa alucinada, cheia de brilho, tesão, vontade de se jogar. mas aos poucos essa pessoa vai tomando consciência das várias faces deste trabalho que, sim, é tão mal falado, e de deparando com repulsa, nojo, violência, ocasional prazer, sim, mas também muita discriminação, medo, pavor. absolutamente real, é claro, pois é autobiográfico (creio eu). a cada crítica ácida que ela faz aos homens, à sociedade, você vê que não é ensaiado ou performático, é um desabafo, cada mínima coisa. intenso e, por que não, vulgar, espalhafatoso, explícito. genial.

contém gatilhos gráficos de estupro.
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