Leyd 20/12/2019
A atração mútua pode ser central em nossa noção de amor, mas é uma ocorrência curiosamente rara na arte, que tende a dividir desejo em sujeito e objeto.
O romance de Patricia Highsmith, de 1952, "The Price of Salt", publicado sob o pseudônimo de Claire Morgan, inicialmente usa esses métodos convencionais para contar a história que começa em Manhattan, sob a perspectiva de Therese Belivet, uma jovem cenógrafa teatral de Nova York que achando difícil obter vagas na sua profissão, relutantemente aceita um emprego em uma loja de departamentos durante o período de Natal.
O primeiro vislumbre de Carol Aird na loja desperta uma atração avassaladora, por essa mulher elegante e enigmática. Quando Therese inicia o contato, torna-se evidente que a atração é mútua e as duas embarcam em um relacionamento que as consumirá instantaneamente. Para Therese, o relacionamento com Carol traz uma sensação de liberdade e aventura. Para Carol, uma mulher que está passando por uma batalha de divórcio e custódia, o relacionamento significa escolhas angustiantes. Pode-se dizer que suas vidas viraram de cabeça para baixo quando se apaixonaram inesperadamente uma pela outra, mas, na realidade, foi o contrário: a partir deste momento, tudo voltou para o seu devido lugar.
Chamar esta obra de ?uma história de amor? parece enganosamente ambíguo, graças a todas as convenções de gênero que viemos aplicar a esse termo. Quando comecei a ler este livro, me perguntei como duas pessoas que podem ser tão amargas, retidas e, bem, bipolares umas com as outras poderia ser considerado um romance épico. O fato é que Highsmith está sendo muito mais realista sobre o comportamento humano do que qualquer um que segue a rota do clichê aqui comprovado. Não é uma leitura feliz, e às vezes você vai querer sacudir Therese e Carol, mas a glória de ?Carol? está na sua veracidade e honestidade, no elaborado estudo de personagem que a autora estabeleceu com o amor. O fato de o livro se recusar a condenar Carol e Therese, mesmo quando as forças ameaçam separá-las, particularmente o destaca entre os clássicos da literatura LGBT.