Luiza 23/01/2022
Mas, no fim, não deu para ficarmos juntos para sempre.
Não vou entrar muito em detalhes sobre a trama do livro em si, porque acho mais legal ler sem saber antes, então vou focar mais nas minhas impressões mesmo.
Em resumo, "Não me abandone jamais" se passa numa realidade alternativa na qual alguns campos da ciência evoluíram muito mais rápido do que no mundo real. O livro é narrado por Kathy, uma "cuidadora" (depois descobrimos o que isso significa) de 31 anos que relembra, de forma bem melancólica, a sua infância no internato de Hailsham e a sua transição para a vida adulta, acompanhada de seus melhores amigos, Ruth e Tommy.
Eu me interessei por esse livro por ter gostado do título. Pela capa, pensava que seria um romance/drama. Contudo, quando fui pesquisar mais sobre, vi que era uma história de ficção científica (gênero que eu adoro) e que abordava várias questões de filosofia.
Fiquei ainda mais intrigada e com vontade de ler! Tentei desviar dos spoilers, então fui descobrindo as principais revelações junto com os personagens, apesar de terminar desconfiando de algumas coisas.
Esse foi o meu primeiro livro do Ishiguro, e eu fiquei muito impressionada com a habilidade do autor de criar personagens realistas, imperfeitos, bem construídos e muito humanos. Senti raiva dos 3 personagens principais várias vezes (principalmente da Ruth), mas ao mesmo tempo me apaixonei por eles e terminei conseguindo entender como cada um via o mundo.
A escrita de Ishiguro é bem fluida e envolvente, então li a primeira metade bem rápido, mas desacelerei na segunda, porque o clima foi ficando mais triste e pesado. Ishiguro consegue deixar o leitor desconfortável (no bom sentido), acendendo várias reflexões sobre a bioética, a condição humana, a arte, a passagem para a vida adulta, a solidão, a morte e a famosa pergunta: os fins justificam os meios?
Recomendo demais a leitura para quem quiser sair da zona de conforto, mesmo que isso signifique alguns socos no estômago.