Paula @contrapontodaleitura 14/06/2020
Não me abandone jamais...
É difícil colocar este livro dentro de um só gênero. Drama, mistério, ficção científica, romance? Encontramos todos estes elementos e muito mais na história que a protagonista Kathy vai nos contar. No presente ela está com mais de trinta anos, no final da carreira de cuidadora. Mas para entender quem ela é, ou o que ela é, e o que exatamente ela faz, precisamos voltar no tempo, começando pela sua infância em um internato peculiar cheio de segredos, chamado Hailsham, passando por todas as etapas do seu desenvolvimento.
Ao seu lado temos seus amigos Ruth e Tommy, que juntos criam um laço de amizade que permeia toda a narrativa. Pode-se dizer que a amizade é um dos grandes pontos da história. Como conhecemos as pessoas que chamamos verdadeiramente de amigos, até onde essa relação pode chegar, e como o tempo e o crescimento atuam na modificação da estrutura de uma amizade.
Do outro lado temos individualmente cada um tentando encontrar o seu lugar em um mundo que parece já ter determinado o futuro de cada um. Refletimos como a inocência é importante na infância, e é a base para que possamos aprender e crescer, pois se já sabemos onde vamos chegar, a jornada perde a sua motivação, a razão de aproveitar o presente e as descobertas, e perde aquilo que faz a vida se movimentar em frente, rumo ao eterno desconhecido. Também, com a passagem da infância para a vida adulta, vemos a crueldade do mundo em que vivemos e como cada um escolhe um caminho para enfrentá-lo.
No final temos todas as revelações dos mistérios que permeiam o livro, o que abre ainda mais discussões sociais e filosóficas sobre a existência humana, e nos deixa com o coração na mão. Vencedor do prêmio Nobel de literatura, é relato tocante sobre a vida, amizade, crescimento e encontrar o seu lugar no
mundo. É o tipo de livro com várias camadas, sujeito a diversas interpretações, e que continua a engrandecer após o término da leitura.
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