Tuca
31/05/2021Eles têm um passado conturbado e de certa forma parecido, marcado pela dor, pelo medo, e pela violência, mas vão conseguir superar para construir um futuro de amor? River Wild era o recluso da cidade. O assassinato de seu padrasto por sua mãe quando ele era criança fez com que boa parte dos moradores descontasse nele o ódio que sentiam pela morte de alguém querido pela comunidade. O que não sabiam era que quem havia matado o estimado policial tinha sido River, dando um basta a todos os abusos que sofria dele.
Annie também viveu presa em um ciclo de violência, e seu basta foi a descoberta da gravidez. Foi nesse momento que ela resolveu enterrar Annie Coombs para criar Carrie Ford, abandonando assim o marido – também policial - abusivo e buscando uma nova vida no interior do Texas. É lá que ela vira a vizinha de River, e que seus destinos se unem.
Você quer um slow-burn com um bruto carinhoso? Tá aí. River faz de tudo para afastar Carrie: ignorá-la, responder de mau jeito, tirar sarro, mas não consegue esconder o bom coração que tem, não consegue disfarçar seu sorriso que se abre com a bondade dela, nem enterrar sua gentileza quando ele sabe que ela precisa, assim como não é capaz de viver mais na solidão que a presença dela afastou. Todo seu comportamento turrão na verdade foi resultado do bullying que sofreu a vida inteira, que o levou a perder a capacidade de confiar nas pessoas, mas pouco a pouco Carrie vai mostrando a ele como é ser amado.
Com um estilo que me lembrou de algo entre Mariana Zapata e Ella Maise, Samantha Towle criou um amor que nasce leve e se desenvolve inocente para um casal cuja vida era sombria. A bondade pode ser sempre encontrada nos cantos mais inesperados, da mesma maneira que as aparências não deveriam ditar onde se depositar a confiança. O cara legal não tem isso tatuado na testa, ele pode ser um vizinho grosseirão, enquanto o homem da lei pode ser um predador disfarçado. Carrie e River aprenderam a não se enganar por aparências, talvez por isso, foi simples para Carrie reconhecer o coração de River e seguir sua intuição quanto ao caráter dele. É possível talvez perceber bondade muito mais por aquela coisinha que chamamos de sexto sentido, aquilo que a gente sente na pele, no olhar, no discurso, nas ações genuínas, do que na imagem de um cargo ou por uma reputação inventada.
Um bom livro pode ser definido por várias coisas. Pode ser por um bom enredo, por ótimos personagens, por uma escrita imersiva, por descrições interessantes, por trazer novos conhecimentos, ou por criar um universo para o qual seja gostoso escapar e difícil de dizer adeus... a lista é longa e exemplificativa. O bom livro... ele fica com a gente mesmo depois do fim. Ele marca. Independente do critério que você use para dizer que ele é bom. Um bom livro sempre marca. River Wild não trouxe um tema incomum, mas o propôs de uma maneira que fez da sua história e dos personagens que nela viviam marcantes.
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