bella318 31/05/2024
"Você é santo dos ricos ou dos pobres?"
Hilda furacão simplesmente tornou-se um dos meus livros favoritos! Me encantei pela escrita do Roberto, senti-me tão próxima, tão confidente de seus relatos, que considerei que éramos amigos próximos à distância, e que ele contava cada detalhe da pequena cidade de Santana dos ferros a mim. Essa obra marcou minha viagem ao Mato Grosso do Sul, pois fora nela que eu iniciei e terminei este livro, e totalmente obcecada, passei horas do meu dia vendo os edits da minissérie, o que me fez apaixonar-se pelo ator que fez o Roberto. Detalhe! Fui ao camelódromo de Campo Grande, e lá eu me apaixonei pela segunda vez, pois o garoto que estava vendendo uma caixinha de som era idêntico ao Danton Mello.
E como se não bastasse, no dia do trote do terceirão, o tema era: personagens, e o que fiz? Primeiro, cogitei a ideia de ir de Hilda, mas tomei a decisão de ir de Roberto Drummond, e eu fui! Com direito a uma carteirinha da UJC e a placa do DOPS.
Definitivamente foi um livro que me marcou muito. Não sei dizer exatamente o porquê, mas me apeguei muito aos personagens e aos acontecimentos tão comuns dentro de uma cidadezinha onde todo mundo conhece todo mundo, onde a fofoca corre solta! O que me deixou interessada também foi a vida do trio, Roberto, Malthus e Aramel, como eles eram tão diferentes entre si, mas mesmo assim se entendiam e ajudavam um ao outro. Fora a mudança desses, saindo da cidade natal para a capital em busca dos seus objetivos e sonhos, cada um seguindo o seu próprio caminho, conhecendo o novo, aprendendo a lidar com a desilusão e sendo surpreendidos por algo que nem sequer cogitaram que aconteceria. Simplesmente maravilhoso!
De uma simplicidade tão grande, tão realista, tão familiar, que chega a se tornar acolhedor. O sotaque presente nos personagens, eu adorei como isso foi muito bem escrito, sem forçar nada, deixando ser algo suave, característico e real.
Não assisti a minissérie por completo, mas disseram a mim que ela é muito melhor, posso entender os motivos, o livro pode tornar-se monótono quando se vai com a esperança de que ele ficará apenas no romance entre o Santo e Hilda furacão. E acredito que o fato de não ter sido o foco da obra, foi o que mais me prendeu. Roberto foi capaz de abranger tantos tópicos dentro de uma narrativa tão leve e divertida de forma tão clara, que posso considerar como uma viagem no tempo para os anos 60, e ao mesmo tempo, encontrar paralelos dentro dos dias atuais. A política foi muito bem escrita, e toda essa questão dos ideais comunista, e principalmente como isso era visto quando a ditadura surgiu. São tantas críticas que até me perco, sobre a hipocrisia, o poder, a liberdade de expressão, a desigualdade social, o quanto o dinheiro nos torna vulneráveis, aparência, ser mulher dentro de uma sociedade patriarcal, gênero e sexualidade, religiosidade, mercado de trabalho, preconceito cultural, e escravidão. Enfim, muitos mais!
Confesso que depois de ler Hilda Furacão, pude entender melhor o que foi a realidade do Brasil nos anos 60, sobre o golpe militar e o comunismo. É aquele tipo de livro que você lê bem devagar, saboreando cada detalhe, porque não quer lidar com o final. Peguei este livro emprestado da biblioteca, mas irei comprar um para mim, preciso.