Rodrigo 17/07/2021
Ler ou não ler Shakespeare
"Outstanding!" - NY Times
"Extraordinaire!" - Le Monde
"O livro é bão? É bão!" - Gazeta de Anadia
Muitas eram as críticas positivas acerca de Hamlet, mas, ainda assim, um livro improvável (nunca quis ler Shakespeare), só adquirido por conta do preço numa promoção de shopping, num daqueles momentos em que, passada a euforia pela pechincha, logo vem o arrependimento. Contudo, numa fase em que livros têm perdido espaço para outros passatempos, tenho priorizado os mais finos, ainda que, nesse caso, não tenha sido uma leitura rápida.
Desse modo, o clássico inglês em formato de peça teatral, que, em outro momento, teria sido relegado à poeira do tempo, acabou me surpreendendo positivamente; a edição de bolso da L&PM teve como méritos uma tradução que primou por simplificar o rebuscado texto original e um tamanho de fonte que facilitou a vida de um jovem senhor de óculos.
Sobre a história em si, trata-se de uma trama medieval permeada por intrigas, traição no seio da realeza, um fantasma andarilho que clama por vingança, uma pobre donzela desiludida com o amor e declarações de guerra entre nações, elementos que me prenderam fortemente logo no primeiro ato. Eu me vi andando nas brumas da madrugada sobre o platô de um castelo da Dinamarca, a acompanhar as angústias do príncipe Hamlet, tão devastado por uma tragédia familiar.
Uma curiosidade do livro é que, por ser uma obra universal, ele contém algumas daquelas frases e cenas célebres que cruzaram séculos, e que geram certa expectativa de quando irão surgir e sob qual circunstância, como numa caça ao tesouro. Quem nunca escutou, "há mais coisas entre o céu e a terra do que julga sua vã filosofia", "há algo de podre no reino da Dinamarca" ou "ser ou não ser, eis a questão"? Ainda, a cena de Hamlet conversando com um crânio... de quem seria?
Em resumo, uma peça medieval grandiosa, que surpreende por estar contida em apenas 155 páginas. E, ao final de tantas passagens poéticas ou filosóficas, me senti um pouco mais erudito, e quase caindo na tentação de comprar outro livro do autor, naqueles nichos promocionais da livraria do shopping.