Resenhas - A Casa dos Espíritos

rafa 06/05/2024

Que experiência
Meu deus que livro!!!!! tanta coisa acontece nele, eu lia, lia, lia, lia e não passava nem 5%. achei meio maçante no começo, mas depois de uns 60% devorei o livro. minha cena favorita, com toda certeza, foi o monólogo do Esteban contando a vida dele pra Transito. Esse final teve muito significado pra mim, mesmo o Esteban sendo um escroto, por conta da relação dele com a Alba, que lembra eu e meu vô! isabel allende tem uma escrita que não eh para todos, mas com certeza todos deveriam ler uma vez na vida

Diana 05/05/2024

Isabel escreve muito Dios Mio
Eu amei essa leitura em tantos níveis que nem sei descrever. A Casa Dos Espíritos é um relato tão denso, com tantas camadas que ao final vc relembra alguns personagens como se tivesse realmente os conhecido.

E falar da ditadura lembrou tanto fatos históricos recentes rsrs
Enfim
...
Apenas leiam ?

Nathalia 05/05/2024

Clara, blanca y alba
Precisei de uma noite de sono pra botar as ideias em ordem e vir falar desse livro (e acabei lendo outro livro).


Tô tentando lembrar se eu já li algum livro de um país latino (com exceção do Brasil), mas acho que não (que vergonha). É bom ler sobre algo que é semelhante a vivência do nosso país - ao mesmo tempo que é uma merda perceber algumas dessas semelhanças.


Sendo sincera, eu comecei esse livro bem animada pra assistir o filme, por que tem um elenco bem interessante, mas o elenco estado-unidense e a produção dinamarquesa (?) me desanimou e depois lendo a página dele na wikipedia eu resolvi não passar raiva.


Sobre o livro: ele é perfeito?


Não.


Eu odeio ler livros devagar e demorei uns bons 10/12 dias pra conseguir ler esse livro. Os capítulos são GIGANTES (saudades da nossa boa e velha literatura de folhetim que nos presenteia com capítulos de no máximo 5 páginas), e o ritmo da história foi muito estranho pra mim. Sabe os começos dos livros da Jane Austen, que ela vai passando tipo por um prólogo, contando a história meio por cima antes de entrar de fato na narrativa, onde a gente para pra escutar os pensamentos dos personagens e acompanhar tudo de fato? Eu senti que esse livro inteiro é contado assim. Entendo que seja porque, de fato é isso, dentro da história: a Alba narrando a história a partir dos cadernos da avó, mas mesmo assim, acho que esse estilo de narrativa me encheu o saco e até me distanciou da história em alguns momentos.


Ao mesmo tempo acho que esse livro foi muito longo e muito curto, foi estranho porque o estilo me fez sentir que tudo tava muito en passant, ao passo que nunca parecia que esse livro nunca ia acabar. Nem sei explicar direito o que rolou.


Fiquei me perguntando quem era o protagonista e também não encontrei resposta - pensei que poderia ser a casa (já que tá no título), mas não achei que ela tem tamanha importância na história, assim como os espíritos. Clara e Blanca me incomodaram pela falta de agência em muitos momentos - principalmente a Blanca (PU-TA QUE PA-RIU, cê tem a chance de ficar com o amor da sua vida, ele tem dinheiro pra te sustentar, ele te ama, você ama ele e tipo eu realmente não entendi porque não - tudo bem que no final da tudo certo?) - as duas são bem pouco desenvolvidas pra mim. A vida da Clara era mexer com os rolês de espiritualismo e o que a gente sabe sobre isso de fato, o livro só menciona a mesa de três pés, mas nunca se aprofunda nesse interesse, cita que ela toca o piano com ele fecha e larga só nisso dai, ah eu hein.


Vou ser obrigada a admitir que eu achei que o livro deu uma baita guinada com a morte da Clara.


Até porque é o momento em que o livro inteiro borbulha e transborda. As histórias que estavam seguindo distantes convergem: Jaime, Alba, Blanca, Pedro Tercero, Amanda, Miguel, Esteban Trueba e Esteban García (o póbi do Nicolas completamente esquecido no churrasco e pelado acima de tudo).

E aqui eu começo a falar do que é bom no livro, e o que é bom é muito bom.


A história por si só (sem pensar em como ela é contada) é brilhante. De verdade. É muito rica e é muito latina, acho que todos os países latino-americanos tem com o que se identificar: conflitos de classes, machismo, violência, justiça, religião, política. E é muito bem construída, eu adoro como as imagens vem voltando de tempos em tempos, me dá um ar novelesco de alguma: Blanca e Pedro Terceiro dormindo embaixo da mesa e voltando a dormir na mesma posição na beira do rio, Barrabás no começo, Barrabás na noite de núpcias, Barrabás no final, Miguel se escondendo na guarda-roupa no nascimento da Alba e depois vindo se apaixonar por ela, o Esteban García sendo um nojento de tempo em tempos também. E ainda, a ideia do narrador que sabe o que vai acontecer e dá spoilers - sempre acho um máximo.


Também vou admitir que eu gostei muito da narrativa ser dividida na terceira pessoa (que na verdade é a Alba) e a primeira pessoa que é o Esteban. Entre todas as relações do livro, a que mais me interessou foi a do Esteban (Trueba hein pelo amor de deus) com a Alba. Onde a gente entende que sim, ele é um ser humano desprezível, um estuprador e batedor de mulher que não merece admiração, mas também é o avô de alguém e essa pessoa consegue encontrar o bem dentro dele e se agarra nisso, porque ele é a família dela - e as pessoas não são placas maniqueístas, mas coisas muito muito complexas.


De longe, a cena que eu mais gostei e aquilo que mais vai ficar na minha cabeça de tudo isso é o conto do Jaime: o  gêmeo apaixonado pela namorada do irmão que se vê obrigado a fazer um aborto nela, e depois ainda a encontra dependente e salva a vida dela das drogas, só pra ela se apaixonar por ele no momento que ele sabe que não vai dar mais, que a hora deles passou. E ele morre. Ele é morto, mesmo quando o que pregava era o pacifismo e tudo o que ele fez durante a vida foi se dedicar ao cuidado aos necessitados. Morre da maneira mais vexatória possível. Ai gente o tanto que eu chorei lendo o final do Jaime não está escrito que coisa dolorosa.


Também chorei durante as torturas da Alba, mas foi um choro diferente. De ódio, sinceramente. Parabéns aí pra dona Isabel por fazer a gente sentir ódio de alguém com tão poucas cenas hein.


Em suma: O livro pela história é bom demais, mas a experiência de leitura me fez passar umas raivas.

Julia 04/05/2024

Perfeito ?
Que história! Incrível ler sobre uma família com personagens tão bem escritos. Realmente uma história de muita dor, raiva, resistência, e já pelo fim, amor.

oiamanda 04/05/2024

Difícil, mas envolve!
Esse livro foi um desafio para mim. Nunca havia lido o gênero e este foi indicado no clube do livro que participo. No início foi extremamente difícil para a leitura pegar, eu lia, lia, e não saia do canto. Parágrafos enormes e capítulos intermináveis me deixaram beeeem cansada, mas fui seguindo.

Ele desenrola uma trama de gerações, nos trazendo informações de parentes longínquos, personagens que não fazem muito sentido estarem sendo abordados de maneira tão intrínseca, porém no final sabemos que tudo tem um porquê de ser relatado.

Até que em meados do quarto capítulo a história me pegou! Quando imergimos no romance de Blanca e Pedro Terceiro o livro ganha todo um suspense, drama, amor e urgência que nos enlaça. Sendo Blanca a terceira geração relatada no livro e só com seu surgimento eu me sentir realmente envolta, dá para imaginar o cansaço que foi até então.

Logo surgem outros personagens intrigantes nessa trama familiar, bem como o endossamento do universo político ao qual a narrativa do livro converge, misturando fatos reais à ficção.

Um desafio que foi cumprido e, ao final, bem aproveitado.

Luísa 02/05/2024

Procuro meu ódio e não posso encontrá-lo
Esse livro nasceu para ser um clássico. que história. que família. a vontade as vezes é de tacar longe de tanta raiva desse mundo fictício tão real que isabel allende soube criar tão bem. não é para quem quer uma leitura rápida, não é pra quem quer amar o protagonista e também não é para pessoas sensíveis. é um livro com muito gatilho, que entre magia, premonições e cabelos verdes naturais, traz a realidade da América Latina.

Magna.Poetisa 30/04/2024

Cansativo
O livro foi cansativo, mas é o meu ponto de vista. Não gosto de capítulos grandes, e nesse caso são enormes, acabou se tornando bem cansativa a leitura. No entanto, não me arrependi, são muitos personagens e histórias que se entrelaçam, inclusive a realidade e a fantasia se fundem e acabam por captar o leitor a ir cada vez mais afundo na trama. Tem espaço para minorias, para a política, abuso, machismo, parafilias, ditadura, mas também tem espaço para relações familiares, histórias de amor e sindicalismo. Muita luta... Desde o princípio. O prelúdio de Cinco gerações que se encontram e sintonizam, um casal improvável de um político corrupto, latifundiário e explorador com uma sonhadora, caridosa e previdente, o casamento da esquerda com a direita onde os frutos legítimos em nada puxam ao pai, enquanto a descendência bastarda lhe sai uma cópia fiel, ou melhor, piorada. Cada detalhe está interligado, nada passa despercebido. Dois narradores e pequenos spoilers ao longo da trama.

Rafa 30/04/2024

Allende nos presenteia com uma narrativa rica em detalhes, tecendo um universo mágico onde o real se funde com o sobrenatural. Personagens cativantes, como a sensitiva Clara e o enigmático Esteban, nos conquistam com suas personalidades complexas e histórias comoventes.
Com sua escrita envolvente e personagens marcantes, "A Casa dos Espíritos" se consagra como um clássico atemporal, capaz de tocar os corações de leitores de todas as gerações. Um livro que nos convida a refletir sobre o amor, a perda, a família, a história e o poder transformador da literatura.

Livinha 29/04/2024

Único
Precisei refletir alguns dias sobre esse livro. Queria influenciar as pessoas a lerem essa obra esplêndida. Mas depois vi que a autora, por si só, já faz isso. Um livro que traz um romance de formação de uma família que viveu amores e violências, recebeu afeto e ausência, bem como teve momentos de riqueza em meio à pobreza de espírito. É uma obra única. Nunca li nada igual em relação a criação de cenários tão bem desenvolvidos e entrelaçados. Estória e História se complementando - literalmente, pois nesta obra também se disserta sobre o momento político da América do Sul. Vale ressaltar que Isabel Allende é filha de um diplomata e prima de segundo grau de Salvador Allende, que fora o Fundador do Partido Socialista local e governou Chile de 1970 a 1973, quando foi deposto por um golpe de estado liderado por seu chefe das Forças Armadas, o general Augusto Pinochet. Allende foi o primeiro socialista marxista a ser eleito democraticamente como presidente de república e chefe de estado na América. Talvez ter nascido em um berço tão cheio de histórias políticas fez com que a autora soubesse descrever tão bem a vida de uma pessoa que vive de política - nos dois extremos. Até porque nossas vidas são políticas. Um livro que fala de violência, mas também de perdão. Lindo, único e emocionante.

Lilian.Ladeira 29/04/2024

Há sempre uma forma de fazer o que desejamos
Que livro incrível!
Tantos personagens tão profundamente desenvolvidos: Clara, Blanca, Alba.
Isabel escreve como ninguém, uma mistura de história com drama com mágica.
Um dos melhores livros dela sem dúvidas.

Pbrandaomachado 28/04/2024

Muito bom!
Escrita que te prende do início ao fim do livro. Você se imagina nos capítulos, nos lugares, nas ruas, nos momentos de cada personagem. Um momento tão importante do Chile, que em paralelo a leitura fiz pesquisas sobre o assunto. A escrita da autora leve e com clareza, gostei bastante.

Iaszz 28/04/2024

A escrita da Isabel Alende é sensacional, mas eu teria amado muito mais se o foco fosse realmente nas mulheres. Os capítulos narrando a maioria dos homens são bem chatinhos, e em alguns pontos eu fiquei meio desinteressada, e por mais que seja relativamente importante eu ainda acho que dava pra ter sido feito essas ligações dentro da história de outra forma, ou até mesmo diminuindo os capítulos dos ditos cujos (tirando o do Esteban que realmente é muito necessário) enquanto isso os das mulheres sempre extremamente interessantes. A Isabel consegue relacionar muito bem toda a sua trama com os períodos históricos, e por isso as últimas partes do livro são muito delicadas e falam sobre temas muito sensíveis.

Isa 28/04/2024

Gostei com ressalvas
Apesar de ser uma leitura muito cansativa, com capítulos enormes e às vezes um pouco arrastado ainda conseguiu me entreter. A escrita é muito boa e envolvente, é como se estivéssemos vivendo com a família.
Esperava uma punição para o Esteban que passou sua vida toda cometendo crimes, sei que o que aconteceu com a Alba no fim foi um "castigo" para ele mas quem de fato sofreu foi ela e todas as outra mulheres da família, sei que é realista mas mesmo assim terminei com a sensação que no fim ele termina "inocentado" só por ter narrado a história da família antes de morrer.

Clarissa 27/04/2024

Que livro incrível. A escrita é tão envolvente que nem por um segundo enquanto lia eu me desconectei da vida desses personagens. Porém, o que faz dessa leitura memorável não é só a escrita, ou a forma magistral como os personagens são desenvolvidos, mas a força do contexto social e político que embasa toda a narrativa e interfere em praticamente todos os acontecimentos. Como é triste ver pessoas clamando pelo retorno de certas atrocidades que são muito bem retratadas nessa história. Como é angustiante ver as coisas se erguendo e desmoronando continuamente e saber que provavelmente esse ciclo não vai ser interrompido nunca, independente de quantos tenham que perecer pelo caminho e do suplício de cada um... divagações a parte, o livro traz muitas reflexões sobre os mais diversos assuntos, com complexidade mas sem cair no pedantismo. Definitivamente uma obra prima.

Pedro.Krauter 27/04/2024

Espíritos da Casa
"Casa dos Espíritos" de Isabel Allende é uma tapeçaria tecida com as linhas do tempo, narrando as vidas entrelaçadas de gerações que se desdobram sob o céu chileno. No século XX, onde espartilhos ainda comprimiam e as mulheres lutavam por voz, Clara, a clarividente, emerge como fulcro de uma família cujas raízes mergulham em um solo fértil de espíritos e segredos. Esteban Trueba, personagem tão complexo quanto as terras que cultiva, oscila entre a força e a fragilidade, despertando amores e rancores em igual medida. A trama, rica em reviravoltas políticas e pessoais, desenha-se num espetáculo de amores inesperados e desfechos que ecoam como um canto de sirena, entre os murmúrios de um passado doloroso e a esperança de um futuro resgatado. Allende, com uma prosa que dança entre o mágico e o mundano, oferece uma visão profunda da luta e da resistência, enquanto a história avança pela ditadura, com a cadência de uma marcha tanto bela quanto brutal. O livro é um convite à reflexão sobre o poder da memória e o imutável curso dos espíritos que, embora menos temidos, permanecem a vigiar, em silêncio, a casa que construímos e destruímos ao longo de nossas vidas.