spoiler visualizarPaula 05/09/2015
Pedagogia da Autonomia - Paulo Freire
Paulo Freire em sua obra “Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa”, nos torna conhecedores de suas experiências e ideologias educativas, que o fez se tornar um grande educador e filósofo brasileiro.
Nos três capítulos que integram a obra, Freire destaca a importância de uma relação harmônica entre professor e aluno, o que é título do primeiro capítulo “Não há docência sem discência”. Neste capítulo, o autor direciona seus saberes a docentes formados ou aqueles em formação, e diz que ensinar um aluno é muito mais do que transferir conhecimento e cita vários saberes que poderão ser usados por todos os educadores, independente de suas ideologias, sejam eles progressistas, críticos ou conservadores. Segundo ele, os professores têm que valorizar o conhecimento que os alunos trazem de fora da escola, estimulando-os a produzir e construir cada vez mais seus conhecimentos. Outro fato importante também, é que o professor tem que se ver como um eterno aprendiz, e não como um detentor de todo o saber, afinal, quanto mais ele ensina, mais ele aprende. E que a pesquisa é fundamental tanto para o aluno, quanto para o educador, pois faz eles ultrapassarem cada vezes mais os limites do seu saber.
No segundo capítulo, Freire retoma o tema com título do capítulo “Ensinar não é transferir conhecimento”. E afirma que o homem é um ser inacabado, o que nos torna educáveis na medida em que nos reconhecemos como inacabados. E incentiva o uso da curiosidade pelos alunos, pois dessa forma desenvolverá sua própria curiosidade, o que é essencial para melhorarmos nossa imaginação.
Já no terceiro capítulo, “Ensinar é uma especificidade humana”, ele aborda principalmente a questão dos sentimentos/afetividade de educador para com o educando, e ressalta que não há necessidade da prática educativa isolar o sentimento, o educador só não pode deixar que ela interfira no cumprimento do seu dever.
Pode-se dizer que em todos os capítulos, Paulo Freire faz referência a ética como elemento norteador da prática educativa, para ele sem a ética, um professor torna-se até desqualificado profissionalmente, sem moral para exercer sua profissão.
Embora esta obra traga saberes essenciais que servem como guia para os educadores, e que dentro das possibilidades, devem ser colocados em prática. Devo dizer, que a situação da educação no nosso país é caótica. Muitas saberes que o autor cita, não são colocados em prática, não por falta de interesses dos nossos educadores, mas sim por falta de apóio do poder público, que não valoriza a profissão, e não cria condições necessárias para melhorar a vida e a qualificação desses profissionais. Um professor que trabalha os três períodos (matutino, vespertino e noturno) para poder sobreviver, não tem tempo e nem meios de se tornar um professor pesquisador e muito menos ter ânimo para cativar a afetividade de seus alunos.
Há alguns anos, foram criadas muitas leis para incentivar os alunos a continuarem seus estudos até a universidade e muitas também para acabar com qualquer forma de preconceito, incentivando dessa forma a inclusão social/racial no ambiente escolar. Nossos políticos se preocupam muito com a quantidade de alunos inseridos em sala de aula, mas não dão a mínima para a qualidade do ensino que é oferecido na mesma.
Já outros saberes citados por Freire, podem e devem ser usados pelo educadores, como é o caso da curiosidade. Os professores não podem em nenhum momento inibir a curiosidade, os questionamentos de seus alunos, pois fazendo isso, o ensino se torna o famoso “depósito bancário”. Caberá ao professor, dentro das suas possibilidades, extinguir da sua didática aulas que visão ao aluno apenas decorar, repetir e reproduzir o que o professor ensina. Um bom educador faz com que seus alunos se sintam estimulados a pesquisar, a descobrir o que é novo, e não apenas decorar, mas também assimilar o conteúdo proposto.
Para o país desenvolver plenamente, temos que ter a consciência que a educação é a base de tudo. Paulo Freire nos deu as dicas, caberá agora ao governo nos dar as condições para colocarmos em prática esses saberes tão importantes para o ensino do Brasil.