Amanda Silva 09/10/2017Um livro humanizado.Dividido em três capítulos: Não há docência sem discência; Ensinar não é transferir conhecimento e Ensinar é uma especificidade humana. Paulo Freire analisa, crítica e dá sugestões as práticas educativas, fazendo o leitor refletir quais praticas são favoráveis ou necessárias para a construção da autonomia do aluno, enfatizando sempre o respeito ao conhecimento que o mesmo traz de casa, visto que somos seres sócias e históricos. Enfatiza também que o professor precisa em sua postura ter ética, que cita várias vezes ao decorrer de sua escrita, chamando-o de “Ética universal do ser humano” (pag. 16), assim entendemos que a ética humana nos torna não só profissionais, mas pessoas progressistas e honestas que procura além do seu bem-estar, o de todos, elevando a justiça e a igualdade, programadas para aprender, logo para ensinar, para conhecer, para intervir, que faz entender a prática como um exercício constante em favor da produção e do desenvolvimento da autonomia de educadores e educando.
É um livro pequeno com apenas 148 páginas, porém é muito rico de conhecimento, de esperança que nos faz refletir sobre a postura que temos dentro e fora da sala, docentes ou não, pois Freire critica este fatalismo ao qual estamos habituados: “é assim mesmo, o que podemos fazer? ” ou “tinha que assim, paciência. ” É preciso negar esse fatalismo pois só assim sairemos dessa cadeia de determinismo neoliberal e do sistema dominante que nos aprisiona.
No Capitulo 1, Freire diz que ensinar não é apenas a de transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua produção ou construção, assim eu aprendo enquanto ensino e meu educando ensina enquanto aprende. A Arte de ensinar e a de quebrar paradigmas, é fazer o aluno além de ser crítico, ser inquieto e ter uma rigorosa curiosidade, isto é pensar certo (que Freire menciona com frequência) e para pensar assim, é preciso procurar e querer saber, olhar o seu aluno no mesmo nível de igualdade e conhecimento.
Para ter este ensino libertário (construtivista) ao qual Freire se refere, o docente precisa ser humano, para poder se colocar no lugar do outro, ser na pratica o que diz na teoria, ter criticidade, estar sempre em busca de conhecimento, ser aberto, rejeitar qualquer tipo de discriminação e principalmente mostrar e ensinar o reconhecimento de sua identidade cultural levando-o a assumir com orgulho quem é. Ensinamento libertário é igual um ensinamento humanizado, ético e questionado.
No segundo capítulo além de reforçar o capítulo anterior diz que estamos em constante aprendizado e construção, não como objeto, mas como sujeito da história, e é dessa inconclusão do ser que precisamos assumir e ter consciência, assim ao pensar certo temos a capacidade de estar em constante transformação e movimento pois no contexto social, político e cultural que vivemos, não podemos apenas se adaptar e sim mudar, se inserir. Mudar é preciso e difícil, mas não impossível.
Esse condicionamento que tomamos consciência e entendemos que, diferente do determinismo, podemos ir mais além, nos faz perceber que condições matérias, econômicas, sociais e políticas, culturais e ideológicas, tendem a colocar barreiras para a construção histórica do ser e do mundo, porém são obstáculos que podemos e devemos ultrapassar.
“Não é na resignação, mas na rebeldia em face das injustiças que nos afirmamos” pág. 78.
Já o último capitulo Paulo Freire trata da generosidade, da humildade como qualidade indispensável no ensino libertário. Enfatiza que não há como separar pratica da teoria, autoridade da liberdade, ensinar do aprender. Que é necessário do docente a compreensão, a avaliação enquanto instrumento de apreciação para se fazer sujeitos críticos para não aceitar a domesticação e sim a libertação. “ Lavar as mãos em face da opressão é reforçar o poder do opressor, é optar por ele”. Pág. 112.
Se me acho superior aos outros, não consigo entendê-los, logo me recuso a escuta-los. Se aceito apenas o meu modo e jeito de pensar, tudo que for diferente disso terá uma recusa de minha parte, me fecho ao novo e principalmente ao outro. Isso não me faz melhor, nem humilde. Humildade é entender que não há superioridade e muito menos uma única verdade, entender que há diversas possibilidades, nós abre ao novo, nós faz escutar, nós faz aprender a ouvir, a mudar e a dizer não a qualquer tipo de injustiça e discriminação.
Ensinar é um trabalho árduo e constante. O autor quando trata da ética em seu texto, principalmente quando se fala de questões sociais, ele diz da necessidade de ser um bom profissional, independente da área, que este deve saber que é indispensável ser e ter ética humanizadora, veja bem, há uma diferencia entre ética humanizadora e ética globalizada pois a segunda visa lucros enquanto a primeira as pessoas em suas diferentes condições.