A megera domada

A megera domada William Shakespeare
Millôr Fernandes




Resenhas - A Megera Domada


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Coruja 20/04/2011

De todas as peças do bardo, sempre torci o nariz para A Megera Domada - a idéia dessa peça ia de encontro às minhas mais profundas sensibilidades femininas (e feministas). Mas o Dé está desde o ano passado insistindo em ler e comentar esse livro, de forma que acabei dando o braço a torcer. Fui procurar o livro na estante...

...e descobri que só tinha adaptações do tipo paradidático. Pior que isso: quando catei o original na livraria e folheei as primeiras páginas, cheguei à mui chocante conclusão de que JAMAIS TINHA LIDO O BENDITO!

“Pronto. Desonra. Desonra para a tua família inteira. Toma nota: desonra para você, desonra para tua vaca....”

Hã... o que Mulan tem a ver com o assunto mesmo? Ah, sim. Bem, é uma grande vergonha para mim admitir que não tinha lido A Megera Domada e ainda assim o tinha riscado da minha lista de “peças de Shakespeare para ler antes de morrer” (outro dos meus projetos de vida). Assim, só me restava reparar meu erro: li a peça e foi logo em inglês, para poder me penitenciar (experimenta ler Shakespeare em inglês para entender do que estou falando...)

Ok, então... eu continuo não gostando do Petrucchio. Não gosto da forma mercenária com que ele escolhe sua noiva e não gosto do tratamento que ele dá a Catarina. Mas ao menos posso hoje entender bem mais a Cata e o verdadeiro sentido da peça.

Então... Batista, um rico senhor de Pádua, tem duas filhas: Bianca, a caçula, é linda, meiga, doce e obediente... o exato oposto da irmã, Catarina, cujo epíteto carinhoso de megera resume tudo o que se há para dizer sobre a jovem.

Bianca é sempre seguida por um cortejo de pretendentes. O problema é que seu pai só permite que a caçula se case quando a mais velha estiver encaminhada – e nenhum homem em sã consciência, a despeito da beleza ou do dote da moça, está interessado em Catarina.

Até que chega a cidade Petrucchio, ele mesmo nem de longe um primor de gentileza. Petrucchio é amigo de Hortêncio, um dos pretendentes de Bianca. Tendo seu pai morrido recentemente, recebeu sua devida herança e está agora atrás de uma esposa – uma, de preferência, que venha com os cofres cheios.

Ao saber do dote de Catarina, ele decide que ela dará para o gasto e se põe a provocá-la terrivelmente, contrariando tudo o que ela diz. Aparentemente, Catarina cai de amores pelo neanderthal logo de cara, porque a despeito de toda a sua fúria, ela nada diz contra o casamento e o único momento em que se desespera com toda a situação é justamente quando o noivo se atrasa para a cerimônia.

Há o enredo secundário da confusão causada por Lucêncio, outro nobre jovem (só tem nobres nessa história...) que se disfarçou de pobre professor para aproximar-se de Bianca – mas ele não guarda tanto interesse quanto o primeiro. Na verdade, A Megera Domada são várias histórias dentro de uma história: a megera é uma peça encenada no meio de uma brincadeira que um lorde que acaba de voltar da caça prega num bêbado que encontra na estalagem.

Aliás, é uma pena que não tenhamos o deslinde da peça pregada em Sly; eu bem gostaria de ver o que ele faria quando acordasse novamente pobre.

O caso é... Petrucchio e Catarina se casam e ele continua com sua tortura – não a deixa comer ou dormir, a pretexto do amor que sente por ela: a comida está queimada, os travesseiros, muito duros e para sua querida Cata, apenas o melhor é permitido.

Afinal, se tudo o que faz, faz sob o argumento de amá-la, não há como contradizer isso.

E é então que Catarina concorda com ele. Se Petrucchio quiser que o sol do meio dia seja lua, lua ele será. Ao concordar com o marido, ela assume o controle, invertendo o jogo e colocando a estratégia de Petrucchio contra ele mesmo: se ela concorda, ele nada pode negar a ela.

E eis a essência da lição de Catarina, a megera: aconselhando as mulheres a fingir obedecer, ela as ensina como comandar.

Conclusão da história: continuo não sendo uma grande fã dessa específica peça – embora seja da opinião de que é uma das que melhor se presta a adaptações, até porque não me lembro de uma adaptação dessa história de que não tenha gostado – mas posso entendê-la melhor agora e falar com conhecimento de causa sobre o assunto.

Ou, pelo menos, posso dizer que realmente já li o livro...

(resenha originalmente publicada em www.owlsroof.blogspot.com)
Isabella 06/05/2011minha estante
Adorei. Uma resenha de uma peça de Shakespeare com uma citação de Mulan, bem original. (:


Camila 18/08/2012minha estante
Esta é a peça do autor que eu menos gostei, e olhe que eu já li várias, embora não tenha lido todas. Acho exageradamente machista e acho que o autor já fez trabalhos muito mais sutis e filosóficos, mesmo quando explorando o tema da situação da mulher de sua época diate do marido. Concordo quando você fala que Catarina não diz uma palavra contra o casamento e isto diz um bocado de coisa, mas de qualquer maneira é um texto que fala de humilhação, orgulho, humildade e inteligência. Afinal, em quantas situações da vida já não tivemos de utilizar o ditado "se não pode vencê-lo, junte-se a ele"?


Aline 26/10/2013minha estante
Amei, muito mais do que O sonho de uma noite de verão. As vezes acho que deveria ter começado a ler Shakespeare por ela.


Sarah Alcântara 07/02/2016minha estante
Olha, tinha muito a vontade ler, pois inspirou uma das minhas novelas favoritas "O Cravo e a Rosa", cacei esse livro e achei, comprei. Mas desisti de ler, quando vi que no final Catarina se submete, eu como feminista odiei! Nem quis ler o livro. Mas vendo por esse seu ponto de vista que Catarina ironizou, quem sabe eu não tente ler ele.


jones 28/02/2020minha estante
Excelente perspectiva, não que não saiba disso. Que bom que quebrou certos preconceitos, afinal, trata-se de um autor do século XVI. Não pode, de fato, levar com essa dureza toda, isso, ao contrário, paradoxalmente, quebra o feminismo. Mas você foi fantástica. Amei sua interpretação, honesta.


Marieta 31/07/2021minha estante
Simplesmente amei, foi meu primeiro livro de Shakespeare e eu achei incrível. Li muito rápido e eu não tinha o hábito de ler na época que li esse livro.


voaveronica 10/02/2022minha estante
A MELHOR RESENHA JÁ EXISTENTE SOBRE ESSE LIVRO


Kethely.Karol 22/04/2023minha estante
Essa resenha ficou incrível! Descreveu tudo o que eu estava pensando ??




Michela Wakami 05/11/2022

Catarina é uma megera, e encontra alguém pior que ela.
E passa a ser uma pessoa sem nenhuma personalidade.

Eu preferiria que ela tivesse encontrado um marido bom que fingisse ser mau, dando a ela seu próprio veneno, e quando ela percebesse o quanto é horrível ter alguém como ela por perto, ele voltasse a ser ele mesmo, e os dois vivessem bem.
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Diego Lima 17/08/2021

Peça com o humor bem refinado de William Shakespeare, onde no começo acontece uma das experiências sociais mais loucas e aleatórias que já tinha presenciado na vida, porém, muito engraçada e bem elaborada, mostrando que podemos esperar algo digno.

Enredo gira em torno das filhas do Batista (Catarina e Bianca), tendo a filha caçula diversos pretendes devido suas qualidades, porém, a primogênita carrega a fama que deu nome ao livro. O pai das duas coloca a regra que somente abria os cortejos a Bianca (a filha mais nova) após arrumar um casório para Catarina. E segue nessa loucura cômica dos possíveis pretendentes da segunda filha para arrumar um noivo para a mais velha.

Precisamos levar em consideração a época que a obra foi escrita e o seu contexto social, ou seja, a forma como era a relação entre homens e mulheres. Será uma experiência negativa tentar comparar a evolução social alcançada atualmente com o período de Shakespeare, todavia, se tivermos um pouco de sensibilidade, podemos ver uma crítica a todo esse modelo por meio do exagero dos personagens, que eram bem caricatos.

Um dos aspectos negativos fora a quantidade de personagens que vão surgindo confundindo o leitor em certos momentos. No mais é uma história bem engraçada, com reviravoltas interessantes.
imbeingsirius 16/09/2021minha estante
Eu to lendo esse livro agora kkakakadk to amando mto


Diego Lima 21/10/2021minha estante
Foi uma leitura muito agradável e engraçada ^^




Vicente Tavares 07/05/2021

Obra prima do machismo
Catarina é a filha mais velha de Batista e não consegue casar sua filha que tem um gênio indomável, que afugenta todos os pretendentes que o pai lhe arruma.
Os homens que pretendem à mão de Bianca, irmã mais nova de Catarina, encontram Petruchio que aceita "domar a megera".
Catarina é domada por Petruchio com técnicas de tortura como privação do sono e fome. Não critico muito, pois Shakespeare teve a audácia de fazer uma mulher ter voz, pensar por si mesma, e quando a mulher faz isso é chamada de megera. Se um homem o faz, é enérgico, autêntico e de pensamento próprio.
Há de se perdoar pela sociedade da época, mas que bom que já se vão 4 séculos desde então, uma pena que tenhamos avançado tão pouco. Há um longo caminho a percorrer e Shakespeare tem obras muito mais geniais que esta.
clarakairos 07/05/2021minha estante
Concordo! Embora eu ache aquela última fala da Catarina cheia de ironia, o livro chega a ser cruel... Gosto bem mais da personagem Beatrice, de "Muito barulho por nada", que tem a mesma personalidade forte de Catarina.


Vicente Tavares 05/08/2022minha estante
Nossa! Eu preciso me atentar mais aos comentários que recebo! Desculpe Clara não tive intenção de ignorar seu comentário. Aliás adorei a indicação? já vou colocar na lista de leitura do ano que vem!




dudoca 23/09/2022

me senti uma burra por não entender algumas partes
a linguagem é beeeeeeem rebuscada...
mas até q deu pra se divertir lendo, não é um livro tipo "uaaaau que livro" porém é bom
Cleber 23/09/2022minha estante
O cravo e a rosa :)


gabriele11 23/09/2022minha estante
a leitura é realmente difícil?




Vitória 01/07/2020

Foi o primeiro livro que li do autor e até que gostei bastante. Não dei mais estrelas, pois acho que esse tipo de livro (em formato de peça) não me agrada muito. A leitura não é difícil, mas o tanto de personagens confunde o leitor no começo, mas isso não dificulta a leitura. Achei a leitura engraçada e bastante divertida até.
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Carolina.Gomes 27/07/2021

Nem tudo é como parece
Conclui a releitura dessa peça que era uma das minhas favoritas.
Essa segunda leitura não foi tão boa quanto a primeira. Pode ter sido a tradução de Millôr.

À primeira vista pode parecer que o bardo foi extremamente machista, mas temos que levar em consideração que Shakespeare foi um crítico dos costumes e, certamente, há muita ironia nesse texto. Especialmente no discurso final de Catarina.

Que todas as personagens femininas do bardo são dotadas de personalidade forte e marcante é fato incontestável. Com Catarina não seria diferente.

Assim, para mim, Catarina ilude Petruchio para conseguir o que quer: fingindo obedecer, acaba dobrando o marido convencendo-o o fazer o que ela quer.

Não leiam com o olhar do século XXI. Estragará toda a experiência literária.
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Maria Clara Mendes 27/12/2020

A ironia de Shakespeare já começa no título
A Megera Domada finalizada! Gente, que peça engraçada e intrigante!
Ouso dizer que poucos entenderam o teor irônico contido nela, pois
é bem normal que a gente leia projetando nossa realidade de hoje
naquele tempo.

Todo mundo conhece a peça, ainda que indiretamente, visto que a Globo
se inspirou nela para lançar O Cravo e a Rosa. E pra mim, umas das poucas
novelas que acompanhei até na reprise.

Catarina é conhecida como a megera da sua cidade e que tem uma irmã
completamente seu oposto, Bianca. Super cobiçada pelos homens da cidade,
contudo, não está livre para casar-se até que sua irmã mais velha assim
o faça.

Seu pai (Batista) até a libera pra estudar literatura, música e isso
instiga diversos homens a se passarem de pretendentes a professores. Mas
sabem que só um milagre de Deus para mandar um homem disposto a casar-se
com Catarina. Pois bem, eis que surge Petrúquio, um rapaz tão grosso
quanto Cata e que está disposto a casar-se com qualquer mulher que
venha acompanhada de dote. Não interessa sua aparência, muito menos
seu gênio. Ele quer o dote.

Pois ele consegue o feito. E foi tão rápido quanto esse resumo. E é isso
o que eu chamei de intrigante. Quando se é decidido o casamento, Catarina,
que há poucos minutos havia conhecido o futuro marido, nada diz. Estranho
demais.

E no dia do casamento (menos de uma semana depois), Petrúquio dá uma
massada, como diz mainha, que faz Catarina ficar aos prantos achando
que fora enganada. Petrúquio aparece todo mal amanhado montado num
pangaré e se recusa a trocar as vestes e assim mesmo, casa-se.

Logo na hora da festa, Petrúquio alerta a Cata que não irão a festa e
que já estão voltando pra sua casa no campo. E aqui que entra a história
da megera domada. Seu marido a privou do sono e de comida na volta pra
casa, alegando que Cata é fina demais para dormir na sua humilde cama
e comer da sua simples comida. Isso leva Catarina à loucura. Ela passa
a aceitar toda e qualquer comida que lhe ofereçam.

A Tatiana Fetrin no vídeo explica que naquela época, era comum domar
certos animais silvestres desta forma, privando-os de sono e comida.
E, "assim" domou-se a megera. A cena final é uma comédia pura. Que
na verdade, poucos vão entender. É ironia pura, mas que confesso que
fiquei na dúvida demais. É uma espécie de "você finge que manda e eu
finjo que obedeço."

Com certeza Shakespeare observou muito essas relações de como a mulher nasceu
pra servir seu senhor. Conseguir escrever isso irônicamente é de uma
maestria incomum. Não é pra menos, né?
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Gerdson 17/01/2021

A novela "O cravo e a Rosa" foi inspirada nessa pela teatral de Shakespeare, gostei muito, assim como da novela.
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William LGZ 03/04/2022

A peça mais engraçada de Shakespeare até o momento
Um livro bastante polêmico e que foi bem confuso em determinadas partes, mas que me fez rir incontáveis vezes durante o seu andamento.

O humor de meu chará Shakespeare parecia realmente estar em seu auge nesta obra, e a tradução de Millôr Fernandes contribuiu muito nisso com sua excelente adaptação das particularidades do texto. É bem difícil eu rir alto lendo algo e isso ocorreu pelo menos umas 3 vezes durante essa leitura!

Consegui relevar a mensagem meio problemática que o autor passa ao levar em conta a época e cultura daquele tempo, mas mesmo assim o final pareceu muito fora de tom. Sem contar, aproveitando que menciono pontos negativos, a trama bem confusa e dispensável (para mim) dos pretendentes da irmã caçula da megera.

Entretanto, no geral, concluí a história como muita boa pelos motivos mencionados mais acima e, como em toda a bibliografia de Shakespeare, a recomendo. Talvez até com um carinho especial pela comédia mesmo.
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Maria 31/08/2022

Leitura da escola. Não tenho muito o que dizer, não é o tipo de leitura que me prende, mas não é ruim.
Amador 31/08/2022minha estante
Que legal essa sua escola!




spoiler visualizar
DANILÃO1505 09/10/2022minha estante
Parabéns, ótimo livro

Livro de Artista

Resenha de Artista!




ð¡! 26/05/2020

gosto muito de shakespeare e sempre amei o filme 10 coisas que odeio em você, que é inspirado na obra, no entanto me senti muito incomodada pelo explícito machismo da relação do casal do livro.

odiei a visão da mulher como um animal a ser domesticado que embasa a história...
gemeas 18/07/2020minha estante
exatamente isso,ele a trata como um animal e no final ela devia ter ficado pior do que era.ela era mal educada com tudo mundo e so porque chega o "bonsão" ela praticamente se curva pra beijar os pes dele.sei que não foi exatamente assim, mais não queria que o final fosse assim




Annie Bitencourt 29/05/2020

Puro machismo
Li na esperança de achar divertido. Cresci assistindo as adaptações como Cravo e a Rosa e 10 coisas que odeio em você então a expectativa estava altíssima. Porém é apenas uma história muito, mas muito machista. Terminei o livro com um ranço enorme do Petruchio
JP 29/05/2020minha estante
Desconfio q há esse viés em outras obras do bardo inglês...mas tem controvérsias :/




Dumalis 20/07/2023

Polêmico
Eu gostei desse livro. Ri muuuito com ele, o que me surpreendeu, visto que eu não achava o humor dessa época engraçado, talvez o costume de ler Shakespeare me fez entender um pouco melhor. Embora o tema seja bem polêmico, nos faz pensar bastante também. Gostei!
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