Tina: Respeito

Tina: Respeito Fefê Torquato




Resenhas - Respeito


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Steph.Mostav 06/02/2020

Mais um acerto do projeto Graphic MSP
Essa Graphic MSP segue um tema relacionado ao do Jeremias, mas enquanto o quadrinho dele tratava sobre racismo, o da Tina se desenvolve em cima do assédio, principalmente no ambiente de trabalho. A quadrinista tem muito domínio de técnicas artísticas complexas de estilização, pintura, cor, luz, sombra, perspectiva e quadrinização que só enriquecem o enredo a respeito do primeiro emprego da protagonista e todos os obstáculos pessoais que ela enfrenta dentro daquele contexto. Ao longo do quadrinho, são abordadas várias das pequenas opressões do dia a dia que passam despercebidas por quem está de fora e como elas podem ser incapacitantes, mas também levar à resistência. Mesmo que se passe a maior parte do tempo em uma redação de uma cidade como São Paulo, existem muitos personagens diversos, com variadas origens, gêneros, etnias e vozes, um ponto positivo que só foi reforçado pelo texto final da autora.
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Carol 20/01/2020

O traço leve e as cores delicadas da aquarela e do lápis de cor de Fefê Torquato trazem leveza para uma HQ que trata de um tema tão angustiante para nós, mulheres: o assédio. Algumas vezes, a autora apresenta o apresenta de forma bastante enfática, em outros momentos, de forma bastante sutil, mas nós percebemos. Ele está presente: nas cantadas que Tina recebe na rua; no cara que senta ao seu lado no ônibus, mesmo com todos os outros bancos vazios; no convite da amiga para dormir em sua casa após um happy hour, pois o caminho não é seguro para moças sozinhas; no relato de uma vez em que alguém se sentiu perseguida por um carro na rua; nas piadas machistas no ambiente de trabalho; nos comentários inadequados do garçom; e, o foco desta história, na proposta indecente do chefe. Ficou maçante para você ler todos esses exemplos neste parágrafo? É exaustivo passar por isso todos os dias! Existem muitos outros exemplos, dentro e fora da HQ, mas vamos ficar apenas com estas.

site: Leia mais em: https://papoliterario.com.br/2019/10/04/tina-respeito/
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Toni 12/11/2019

Compramos as Graphic MSPs desde a primeiríssima lançada, mas nem todas ganham quadradinho neste Instagram do Toni porque nem todas (ainda que tentem) conseguem ultrapassar aquela linha da fofura puramente fofa que agrada pela fofurice. “Tina: Respeito” faz questão de passar bem longe da supracitada linha, e consegue fazer isso ainda que usando aquarelas e um traço que quase se mistura à paleta de cores e confere leveza e movimento às personagens (ou seja, ainda que usando ferramentas fofas que me encantam sem muito esforço). 📖

Fefê Torquato acerta do primeiro ao último quadro (uma imagem em página dupla que, diga-se de passagem, é possivelmente o final mais forte e inesquecível em 24 Graphic MSPs): até mesmo o famoso trio branquelo Tina-Rolo-Pipa foi quebrado, não só porque a HQ foca no primeiro emprego da Tina e tem apenas breve participação dos outros dois, mas para dar espaço a novas amizades, especialmente a Kátia, negra e lésbica. O enredo, simples e bem direto ao ponto, sem drama desnecessário ou titubeios descabidos (herança hollywoodiana que ninguém mais aguenta), gira em torno de uma situação de assédio enfrentada pela protagonista na redação de um grande jornal. A solução é aquilo que precisa ser, e os desdobramentos, muito engenhosamente, Fefê nos entrega nas mãos como quem diz, Daqui pra frente é com cada uma/um de vocês. 📖

Para infelicidade dos incels, dos vociferantes, bolsonaristas, olavistas e portadores de outras mazelas sociais que começaram o boicote desta HQ baseando-se apenas na arte da capa (que vergonha, meldels!), “Tina: Respeito” é atravessado de feminismo e sequer precisa fazer uso da “palavra demônia”: a premissa básica—firme e inabalável—de igualdade, valor e sororidade acompanha as personagens sem didatismo e com uma naturalidade que vai incomodar muito macho-uó de direita e de esquerda. 📖
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z..... 20/10/2019

A graphic vai se desenrolando com informalidades familiares, de leitura prazerosa também pela bela impressão visual, gerando expectativa ao momento chave da história.
O desfecho é sensacional, na transição de uma pessoa tímida e aparentemente fragilizada, para o empoderamento de seus direitos, com muita dignidade, de forma arrepiante na leitura.
Destaque também para Pipa, pra lá de carismática, e para a mãe de Tina, por curiosamente encarnar a idealização da jovem em seus primórdios de riponga.
Tão simples, tão impactante... Ótima leitura!
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Letícia 20/09/2019

Hq com desenhos lindos, aquarelados e rico em detalhes que trás um tema muito forte: assédio.
Nossa jovem Tina se muda para o centro para trabalhar num grande jornal e o tema é abordado de várias formas: a preocupação dos pais para ver se a mesma chegou em casa, o medo de andar sozinha no ônibus e o chefe que quer trocar uma grande reportagem da mulher por um jantar. O final é surpreendente, digno de Tina.
E é tão fofo ver a Pipa, o Rolo e a Tina juntos, mesmo com a distância e os anos, nada mudou entre eles.
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Gramatura Alta 15/09/2019

Tina: respeito + ataques de desrespeito
ristina “Tina” de Sousa Lima foi criada em 1970 por Maurício de Sousa e apareceu pela primeira vez no suplemento da Folhinha de São Paulo. Ela tinha um visual hippie, assim como seus amigos, o Rolo e a Pipa, o que refletia a época, quando o mundo recebia influências sobre o comportamento coletivo de contracultura dos hippies, cuja máxima era “paz e amor” e criticavam duramente o uso de armas nucleares, além de cobrarem questões ambientais, praticarem o nudismo e lutarem pela emancipação sexual. Como os demais personagens de Maurício, Tina foi sendo adaptada ao longo do tempo, seus traços e roupas mudaram, a faceta hippie foi deixada no passado. Atualmente, ela é estudante de jornalismo e faz trabalhos para o jornal da faculdade. TINA: RESPEITO avança no tempo e mostra a personagem já formada e com a conquista de seu primeiro emprego na redação de uma revista.

Segundo o próprio Maurício de Sousa, “A Tina talvez tenha sido a minha personagem que mais mudou visualmente com o tempo. Nasceu hippie e baiana, com um jeitão de ‘bicho-grilo’, e passou por uma remodelada radical no visual. Teve vários namoradinhos, virou jornalista e viveu aventuras das mais malucas ao lado dos amigos Pipa e Rolo. Só uma coisa não mudou: a sua personalidade. Em todas as suas versões, a Tina sempre foi uma jovem mulher determinada, confiante, leal, inventiva e extremamente independente”, e é com base nessa personalidade forte, que a autora Fefê Torquato construiu sua versão de Tina.

Um diferencial das Graphic MSP em relação às edições mensais da turminha é a representatividade, é a abordagem de assuntos mais voltados para os jovens adultos, sempre com uma mensagem social, política, racial, educacional, bem direta, sem floreios. Foi assim nas HQs da Mônica, que tratam de assuntos como bullying e identificação; com a HQ do Jeremias, que bate no racismo; até mesmo com o Astronauta, algo mais ficcional, que aborda a solidão e a insegurança. Em RESPEITO, o assunto é sobre respeito à mulher como profissional, como pessoa, como gênero.

Fefê Torquato demonstra possuir uma enorme sensibilidade e inteligência para tratar do assunto. O óbvio seria colocar Tina em situações abertas sobre as várias vertentes do tema, mas não é isso o que ela faz. Nada é óbvio na narrativa de Torquato. Através de desenhos simples, claros, em aquarela, de cores pastéis e traços redondos, Torquato exemplifica de forma muito discreta, várias das sensações que uma mulher recebe ao longo de um dia de trabalho. Ela faz isso através de um olhar da personagem, como quando ela volta de noite para casa e desvia o olhar para quem anda atrás dela; ou como quanto ela atravessa uma rua, e dois homens dentro de um carro sussurram uma cantada que só ela pode ouvir; ou quando está sentada em um ônibus vazio e um homem senta ao seu lado; ou mesmo em situações mais íntimas, quando demonstra o zelo pela aparência, quando Tina levanta sua blusa que deixa visível uma pequena dobra na barriga, e ela abaixa novamente a blusa, com um rubor de vergonha, criando uma comunicação direta com o leitor, afinal, apenas ele está olhando.

Até mesmo quando Torquato levanta um assunto de forma mais clara, ela consegue ser discreta. Em um determinado momento, Tina tem uma happy hour com seus colegas de trabalho. Fica tarde, Tina mora em um bairro mais distante, e uma das colegas convida Tina para dormir na casa dela, uma vez que é mais perto e é mais seguro as duas andarem juntas. A conversa que elas têm sobre como é trabalhar ou morar no centro de uma grande cidade, com todos os seus benefícios e malefícios, é extremamente real, corriqueira, com detalhes que todos nós conhecemos, mas não reparamos, ou não damos a devida importância.



E mesmo com um roteiro sem ação, centrado apenas no dia-a-dia de Tina, Torquato soube criar uma tensão crescente. Eu já sabia que RESPEITO era sobre vários assuntos ligados à mulher, mas também sabia que o ponto focal de maior destaque, seria o assédio dentro do trabalho. Então, a edição já começa com as consequências e volta quatro meses no passado para explicar como se chegou até àquela situação. E tudo é construído com calma, sem pressas, criando no leitor uma expectativa e uma apreensão pelo que irá acontecer. Ainda mais que o nome da pessoa que comete o assédio é mencionado logo no início, mas Torquato só apresenta o personagem no clímax da história. E quanto o faz, passa uma falsa impressão, junto com a parte inicial, antes de se voltar ao passado, que é revertida e cria uma enorme surpresa. É preciso ser muito competente para criar uma reviravolta com um material tão simples, mas nem por isso superficial.

Aliás, RESPEITO está longe de ser superficial na abordagem que faz. E a importância dos assuntos que a HQ levanta, ficam evidentes diante dos ataques que a autora e a editora sofreram. Várias críticas foram feitas nas postagens de divulgação, ou melhor, críticas não! Quem critica algo, precisa ter a capacidade, a habilidade de examinar e avaliar uma produção artística, bem como costumes e comportamentos, sem preconceito ou preferência pessoal. Os comentários eram ataques agressivos e irracionais, que diminuíam a competência da autora nos desenhos e no roteiro, que afirmavam que a edição era apenas para lacrar, sugeriram boicotar a obra, reclamaram da falta de sensualidade da personagem, adicionando desenhos da Tina nua ou seminua. Sim, todos esses comentários eram de homens que se sentiram ameaçados apenas por causa de uma HQ que tem como tema o respeito à mulher como gênero igual. Respeito.

Pelos comentários acima (você pode ver a imagem dos comentários no blog), e eu coloquei poucos, porque existem muitos, muitos mais com o mesmo teor, o que se pode absorver é a total falta de empatia e respeito desses homens, não apenas com as mulheres em geral, mas com as mulheres com quem eles se relacionam. Mas o que explica uma agressão tão descabida? Não sei dizer com certeza. O que posso abstrair é que esse tipo de homem é aquele tipo frustrado, com alguma impotência, que passa o dia em sites de pornografia, que nunca amou ou se sentiu amado, com uma infância problemática, e que não conseguiu conquistar o objeto de afeto. Quando uma HQ denuncia assédio e machismo, entre outras coisas, eles se identificam com os acusados, se sentem atacados, e resolvem revidar denegrindo o material que os denuncia.

São poucos os motivos que explicam uma reação tão irracional e desproporcional ao lançamento de uma HQ. E vale observar que esses homens que atacaram a autora e a editora, eles não são obrigados a comprar a HQ, não são obrigados a ler a HQ, não são obrigados a gostar da HQ, não são obrigados a concordar com o que a HQ representa, mas, entretanto, em uma sociedade civilizada, democrática, com atitudes sensatas de pessoas equilibradas, eles são obrigados a respeitar. Ou sequer podem ser considerados pessoas.

E aí você pode questionar que eu, como homem, estou completamente fora de meu local de fala para dissertar sobre esse assunto. Eu concordo que não é meu local de fala, e nunca será. E eu sei que, mesmo como homem, posso compreender, mas nunca irei sentir alguns dos medos que uma mulher enfrenta diariamente:

– Medo de andar na rua de noite. Sim, homem também tem medo de andar de noite na rua, de ser assaltado, mas mulher, além do medo de ser assaltada, também tem medo de ser estuprada, coisa que não acontece com homens, mas é feito por homens;
– Medo de ficar sozinha em um ponto de ônibus onde tem um ou mais homens;
– Medo de ao sentar no ônibus, algum homem a assediar ou apalpar alguma parte de seu corpo ou encostar o pênis ou mesmo ejacular;
– Medo de ir em uma delegacia reportar um assédio ou agressão e ser ridicularizada ou mal tratada;
– Medo de dizer não ao sexo quando está namorando por não ter vontade de ter uma relação sexual no momento e ser atacada, agredida, chantageada, criar um conflito;
– Medo de usar uma roupa mais curta e sofrer assédio ou ser estuprada;
– Medo de entrar em uma acadêmia de ginástica e precisar lidar com cantadas desnecessárias e olhares para suas partes íntimas;
– Medo de ser assediada e chantageada em uma entrevista de emprego;
– Medo de responder às dezenas de cantadas que recebe quando anda na rua e sofrer alguma agressão;
– Medo de ir numa festa e ter sua bebida drogada para algum homem poder se aproveitar;
– Medo de não conseguir um emprego com um salário igual ao de seu colega homem;
– Medo de em uma reunião ter suas ideias recusadas apenas por seu gênero;
– Medo de discutir com o parceiro e ser agredida;
– Medo de sua palavra valer menos do que a palavra de um homem em qualquer situação de conflito ou denúncia;
– Medo de sentir medo o tempo todo.

Entretanto, eu, como homem hétero, branco, formado, casado, mais privilegiado do que a maioria absoluta, convivo com outros homens de forma isolada, jogo futebol, vou a noitadas em bares, participo de rodas de conversas, e usando meu local de fala como integrante do gênero, eu posso afirmar que em uma proporção de 9 entre 10 dos homens que conheço, nenhum deles se interessa por qualquer um desses medos femininos. Para eles, é exagero, é choro sem motivo, não existe, é conversa de feministas para atacar os homens, de mulheres mal amadas, solitárias ou feias. Mas a falta de interesse não é porque não acreditam, mas porque seria reconhecer as próprias falhas, os próprios preconceitos, seria reconhecer que são machistas, que são, no mínimo, cúmplices do medo que meu gênero dissemina.

Por último, preciso dizer que os desenhos de Torquato são belíssimos, coloridos, feitos com uma delicadeza excepcional. E ao contrário das críticas machistas, eles não são desprovidos de sensualidade. Tina nunca foi representada de forma mais perfeita como uma mulher, com todos os nuances que o gênero possui. Vários quadrinhos mostram toda as curvas de uma mulher, que para ser bonita e sensual, não precisa ser desenhada com peitos enormes, coxas grossas e cintura fina, em poses que só uma contorcionista conseguiria reproduzir. A Tina de RESPEITO tem suas curvas, tem sua sensualidade, sua beleza, basta saber enxergar.

TINA: RESPEITO se mostra mais necessária do que seria de se desejar. Os ataques comprovam que nossa sociedade ainda vive em uma idade das trevas, onde o conceito de homem e mulher está distante de ser igualitário, que a agressão ainda é a primeira frente para se discordar de algo, que o caminho para o fim do preconceito ainda é longo e tortuoso. Mas não se pode desanimar e nem desistir, e Fefê Torquato apresenta uma história simples, que fala diretamente com o público a que ela se destina, com uma personagem sensível, frágil, mas que sabe se defender, não de forma agressiva, mas de forma inteligente e com classe. Algo que só uma mulher consegue fazer.

site: http://gramaturaalta.com.br/2019/09/15/tina-respeito-os-ataques-de-desrespeito/
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