Uma mulher não é um homem

Uma mulher não é um homem Etaf Rum




Resenhas - Uma mulher não é um homem


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Daniel Moraes (Irmãos Livreiros) 05/04/2023

Uma mulher não é um homem, por Etaf Rum
"Uma mulher não é um homem", escrito por Etaf Rum, editado por Larissa Caldin, cujo projeto gráfico é feito pelo Project Nine e publicado pela Primavera Editorial, é um livro que dá voz aos gritos reprimidos de uma família Palestina, desfragmentada nos Estados Unidos.

A obra gira em torno de três mulheres de uma mesma família: Isra, Deya e Fareeda, cujas vozes foram silenciadas por uma cultura, onde ser mulher é sinônimo de submissão: casar, procriar, cuidar dos afazeres domésticos, servir o homem e ponto final.

Quando o exército palestino invadiu suas casas, expulsando-os de sua casa, a família de Isra, ainda adolescente, se mudou para os Estados Unidos, a fim de seguir a vida em um lugar melhor do que o país em que viviam.

Embora vivem à margem da sociedade, à mercê da precariedade, a família sente-se melhor, mais protegidos nos Estados Unidos, ante seu país nativo, a Palestina.

E nesta família, Isra, a adolescente rejeitada pelo fato de ter nascida mulher, sempre foi um fardo, um peso, logo, como costume palestinos, ainda com dezesseis anos, teve que se casar com o americano Adam, filho de Fareeda, mulher que conhece todos os infortúnios da vida por conta do fato de ser mulher que vive em outro país.

Como adolescente, Isra acredita no amor verdadeiro, daqueles vividos em romances americanos. Todavia, nada do que acreditou a vida inteira, o sonho americano, o casamento com o príncipe encantado, nada se tornou real. Tudo desmoronou em sua jovem vida de adolescente. O romance perfeito se tornou em um terror.

"Adam a pegou pelos quadris, imobilizando seu corpo, que resistia. Ela manteve fechados enquanto ele a forçava a abrir as pernas e cerrou os dentes quando ele se enfiou dentro dela. Isra sentiu algo escorrendo pela coxa, e sabia que deveria ser sangue. Ela tentou ignorar a sensação de queimação que sentia entre as pernas, como se o punho de alguém a estivesse atravessando com um soco, e tentou esquecer que estava em um quarto estranho com um homem desconhecido, que a abria a força".

Deya, a filha mais velha de Isra, questiona todos os dias com sua avó Fareeda o porquê de não estudar na faculdade, onde as demais garotas americanas estavam estudando. E sua vó, Fareeda sempre dizia:

"Uma mulher não é um homem. Mulher tem que de dar um filho homem ao marido, cuidar da casa e fazer a comida para o esposo quando ele chegar em casa. Você não pode se comparar com seus irmãos. Você não é um homem".

Por fim, a obra apresenta a visão de Fareeda, avó de Deya e sogra de Isra. Ela, árabe palestina que cuidava de todos os afazeres da casa, fiel à cultura do seu país, teve que fugir por conta da guerra contra Israel, criar seus filhos em um país que nem a língua dominava, além de suportar o desprezo do marido. Contudo, Fareeda guardava segredos que serão revelados a medida que avança a narrativa.

Em suma, são tantos pontos que poderiam ser abordados, porém, todos direcionam para a indiferença das mulheres – na visão da cultura palestiniana –, apenas pelo fato se serem mulheres. E elas não têm o direito de opinar, questionar, agir. Apenas ser submissa ao marido arranjado para servi-lo.

"Uma mulher não é um homem", é um livro que escancara a visão curta e fria da cultura árabe pouco explorada pela literatura. Etaf Rum vai além e expõe temas que precisam serem discutidos: opressão, abusos, omissão e exploração de mulheres palestinianas jogadas às margens da sociedade. Tudo por conta da cultura que as oprime.

Um livro que deve ser lido por todos, seja homem ou mulher, apenas leia. Altamente recomendado.


Confira a resenha completa no blog Irmãos Livreiros

site: bit.ly/iLPost0104
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conceicaolari 01/06/2021

Um choque de realidade
"Uma mulher não é um homem é uma história que dá voz aos gritos reprimidos. É sobre a família e as formas como o silêncio e a vergonha podem destruir aqueles que juramos proteger."

Este livro gira em torno de três personagens: Isra, Deya e Fareeda. São mulheres de uma família que tem as suas vozes silenciadas por uma cultura na qual a mulher precisa ser submissa, casar, cuidar da casa e ter filhos (homens).

Isra é uma adolescente Palestina que vive às margens da sociedade com a sua família, pois o exército israelense invadiu sua casa e os expulsou. Isra era um peso para a família, pois nasceu mulher, ela precisava casar logo, e assim foi, a menina tinha 16 anos quando se casou com Adam, filho de Fareeda. Adam morava nos Estados Unidos, a menina achava que fora da Palestina as mulheres tinham mais liberdades, mesmo sendo árabes.

Isra vai morar nos EUA na casa da família de Adam, ela tem consigo que as coisas vão melhorar, que finalmente ela vai ter o amor que ela sempre sonhou, o amor que não teve com sua família. Mas a cada dia fora de seu país, longe de todos que ela conhecia, Isra percebe que a vida ali não era muito diferente da que ela vivia na Palestina, que ela não teria o amor que lia em seus livros e sempre sonhara, que a vida da mulher era cheia de deveres, não tinha direito nenhum. Afinal, como mama e Fareeda diziam, uma mulher não é um homem. Em casa sofre com a pressão de dar um filho homem ao marido, de cuidar da casa e fazer a comida. Cada gravidez uma tristeza, pois se sentia incompetente, como pode ela só parir meninas?

Além da visão de Isra, temos a de sua filha mais velha Deya, que devido à acontecimentos que vão se destrinchando ao decorrer da história encontra-se cada vez mais triste e, assim como a mãe sente a cultura pesar sobre ela. Ela quer estudar, ir à faculdade como outras garotas americanas, não quer um casamento arranjado como outras garotas árabes. Mas sua avó Fareeda insiste em lhe arranjar pretendentes.

Por fim, temos também a visão de Fareeda, avó de Deya e sogra de Isra. Fareeda teve que fugir de seu país por conta da guerra, criar seus filhos em um país que nem a língua ela conhecia, e aguentar um marido que muitas vezes a desprezava. Fareeda tentava colocar a família em primeiro lugar, mesmo quando isso não era certo.

Este livro mexeu comigo de uma maneira que eu não consigo explicar, me doeu o coração, fiquei angustiada, chorei e me indignei.

Este livro nos mostra uma visão da cultura árabe/palestina que não é muito explorada. Etaf Rum aborda temas super importantes, que precisam ser discutidos, como abusos, exploração, opressão, trata de um povo que foi jogado às margens da sociedade e como as mulheres desse povo são tratadas. Mostra que não é a religião e sim a cultura que oprimem tanto às mulheres.

É uma narrativa direta, sem firulas e por muitas vezes até seca, que mostra exatamente como as coisas são, ela não tenta defender personagens, nem dar desculpas para ser como é, ela só É. Por isso, ela pode ser pesada para algumas pessoas, mas acho que este é um livro que deveria ser lido por todos.
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Thayna Cursino 10/07/2023

Essa leitura me pegou muito, a maior parte do tempo eu estava angustiada com tudo o que estava acontecendo e me coloquei no lugar dessas mulheres, e só de pensar que a violência, o machismo e apagamento da mulher ainda ocorre, me deixava desolada. No começo da leitura, eu pensei que a história da Isra e do Adam seria diferente do que era o habitual da época e cultura onde eles estavam inseridos, mas eu me enganei, a mãe de Isra mesmo disse ‘’não importa o quanto se afaste da Palestina, mulheres sempre serão mulheres. ’’ Apesar de toda angustia que senti, é um livro muito importante que te mostra o ponto de vista de 3 gerações de mulheres Palestinas, que apesar das diferenças entre si, ainda são mulheres. O único ponto que me desagradou no livro foi o da Sarah, achei um pouco irresponsável ela encorajar a Deya a enfrentar os avós, pois ela sabia tudo que havia acontecido embaixo do teto onde elas moravam e poderia estar colocando a Deya em risco, e algumas falas da Sarah me deu uma vibe meio coach, mas de resto, é um livro maravilhoso.
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Adiel.Guimaraes 21/03/2022

???
Não ligo para a felicidade. ? A expressão de espanto devia estar estampada no rosto de Deya, porque Sarah continuou. ? É comum até demais as pessoas confundirem a felicidade com passividade ou segurança. Ser feliz não exige qualquer habilidade, nenhum caráter, nada extraordinário. É a insatisfação que mais impulsiona a criação, a paixão, o desejo, a rebeldia. Revoluções nunca começam em uma situação de felicidade. No máximo, acho que a tristeza, ou pelo menos a insatisfação, é a raiz de toda a beleza que existe.
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Nana 11/05/2020

A brutalidade de uma cultura
O livro fala sobre a cultura árabe. Conta a estória triste de três gerações de uma familia de imigrantes palestinos que fugindo das guerras do pais, foram viver nos EUA. Apesar da mudança de país, a cultura, os valores e a crença religiosa falam mais alto e independente de onde vivam , as mulheres são tratadas com desprezo, violência e abuso.
Fareeda (sogra) , Isra (nora) e Deya (filha e neta) são as personagens principais e que nos mostram a luta dessas mulheres em um mundo onde elas não tem direitos, só deveres. Onde devem servir ao marido e gerar filhos homens para dar continuidade a família.
Fareeda é uma sogra dominadora que exige de Isra um neto homem fazendo com que ela engravide todos os anos em busca do menino. Enquanto isso, Isra, que casou obrigada aos 16 anos em um casamento arranjado, tem quatro filhas mulheres e sofre com com a violência do marido a cada nova gravidez. Nesse clima de tristeza Deya , que é a filha mais velha, percebe o quanto a mãe sofre e deseja um futuro diferente para ela e as irmãs.
Em meio a tudo isso, a autora nos conta sobre o amor aos livros de algumas personagens e o quanto a leitura pode ensinar e encorajar as pessoas em busca de um futuro melhor. Gostei muito!!
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akasaori 10/08/2022

Não dava nada pra esse livro, só peguei por ser o último audiobook do mês e ADOREI. A narrativa acompanha duas gerações diferentes da mesma família, mãe e filha (se não me engano são só as duas mesmo) e a relação delas com o papel da mulher naquela cultura, sensacional demais e muito necessário
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@retratodaleitora 28/11/2022

Intenso e necessário
"Ela não sabia o que a vida reservava a ela e não tinha nada que pudesse fazer a respeito. Ela tremeu de horror ao dar-se conta desse fato. Mas esses sentimentos são temporários, Isra disse a si mesma. Ela obviamente teria mais controle sobre a própria vida no futuro. Em breve estaria nos Estados Unidos, a terra da liberdade, onde talvez pudesse ser amada como sempre sonhou e ter uma vida melhor que a de sua mãe. Isra sorriu com a possibilidade. Talvez algum dia, se Alá a desse filhas, elas poderiam ter uma vida ainda melhor que a dela."?
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Nesse livro sensacional somos apresentados a Isra, uma jovem palestina que aos 16 anos é obrigada a se casar com um homem que mora nos EUA, lugar que ela acredita que a voz das mulheres, tão rechaçadas em seu país, podem ser ouvidas.?
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É um livro onde a cultura árabe é muito forte, e conhecemos três gerações de mulheres imigrantes, e todas as amarras da sociedade, todo machismo, todo patriarcado e toda violência contra mulheres.?
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É um livro muito forte, muito sensível e também muito cru. É impossível não se emocionar com as histórias de Isra, Fareeda e Deya. São pontos de vista muito diferentes e únicos.?
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Quero deixar aqui minha recomendação de leitura. Foi um livro extraordinário e quero que mais pessoas tenham conhecimento sobre ele.?
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Leiam! ?
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Thais.Carvalho 04/09/2023

Uma história forte e impactante!
Quantas mulheres no mundo sofrem por uma cultura permeada pelo machismo? Senti muita angústia lendo a trajetória da Isra, seu desejo em ser aceita, agradar, receber amor e ser acredita de todas as formas, até não saber ao certo quem ela era.
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Suzi 28/05/2022

Finalmente livres
A história descreve como nós mulheres somos massacradas pela vontade alheia desde que chegamos ao mundo, baseada sempre no poder do homem sobre a mulher, dos valores que são passados para nós, das nossas próprias descendentes que sofreram tanto quanto. Dos nossos ?deveres?, da ?vergonha? e aceitação. Aceitar viver em um mundo onde existir é sinônimo de silêncio e submissão. Aceitar o destino? mas qual destino? Não o que queremos.



A autora descreve em detalhes cada sentimento, cada angústia e dor. Não sei se a empatia que me cerca se dá pela familiaridade com a minha própria história, ou de fato todas nós passarmos por algo do tipo. Se for a última a resposta certa, sinto muito mulheres, o mundo é muito mais injusto do que nos contam.

Que cada vez mais tenhamos acesso a livros como esses, a coragem que as páginas e todas as formas de comunicação nos dão para reforçar: PODEMOS TER ESCOLHAS! TEMOS VOZ!


Que livro!
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Larissa Verena 07/05/2022

Esse livro conta a história de 3 mulheres palestinas (Fareeda, Isra e Deya) da mesma família, de faixa etária diferentes. As narrativas se alternam entre passado e presente contando todas as dores que essa mulheres viveram/vivem dentro de uma cultura tão machista e opressora.

Muito revoltante ver como as histórias se repetem e como as mulheres reproduzem a opressão que sofreram por achar que é o certo ou por apatia, por achar que não tem escolha. E chocante perceber que algumas coisas não são tão diferentes do que as mulheres ocidentais sofrem também.

Triste, angustiante e necessário.
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Cássia 10/05/2021

Mulheres sempre seriam mulheres
Como mulher palestina, Isra casou o homem escolhido pelos pais, Adam. Vai para os EUA, morar com os sogros, cunhados e parir filhas, seu grande pecado. Não deu um filho ao marido. E, para as filhas, o mesmo destino dela, da mãe, de todas as mulheres: servir, apanhar do marido, cuidar dos filhos e da casa.
E Deya, a da filha mais velha, que destino teria? Deixar-se controlar por Fareeda, a sogra, guardiã de mistérios, segredos e mentiras?
Como mudar o destino numa família com tradições tão arraigadas?

"Mulheres sempre seriam mulheres.Mama estava certa. Era verdade para ela, e seria também para sua filha. A solidão inscrita nessa realidade parecia saltar do piso e paredes brancos do hospital sobre ela"

"Os livros faziam companhia a Isra. Ela só precisava mergulhar neles para aquietar suas preocupações. Um instante, seu mundo deixava de existir e um outro desabrochava. (...) Ela ia dormir confusa por terse sentido tão viva em outro lugar e quase podia jurar que o mundo real era o que vivenciava à noite e quero ficcional era onde existia de fato".

"Preferia viver em conflito, mas com os livros, do que atormentada e sozinha".

"Desde que comecei a ler de novo, eu sinto como se eu estivesse em transe, ou talvez que eu tenha fugido do meu próprio corpo".

"Mas talvez a vida seja assim mesmo (...). Talvez entendamos a vida só depois que já passou, depois que já é tarde demais".
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Bruna 04/11/2021

Uma mulher nao é a [*****] de um homem
Acho impossível ser mulher e ler esse livro sem se identificar em algum nível e sem sentir, em alguma medida, as dores que as personagens sentem.
Um retrato da opressão que o machismo e a estrutura patriarcal exercem sobre todos nós, homens e mulheres, embora de maneira mais direta e cruel sobre elas.
A autora não usa meias palavras pra descrever as violências sofridas pelas personagens e me causou revolta e tristeza em varias passagens, ao mesmo tempo em que a mensagem por trás disso é ?o que você vai fazer a respeito??.
Etaf Rum não encontrou um livro que desse voz as mulheres palestinas como ela e resolveu escrever ela mesma.

Sensacional
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Deh 24/01/2022

Emocionante!
"Uma mulher é uma mulher em qualquer lugar que ela vá"

Melhor leitura do ano e vai ficar entre as melhores até o final do ano tenho certeza.
Não tem como não se identificar de alguma sendo mulher.
Três gerações de mulheres, todas muito forte a sua maneira!
Emocionante é o mínimo que posso dizer!
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Debora.Olindina 07/05/2022

Interessante
Um livro para entendermos a vida da mulher em outra cultura. Uma dolorosa verdade sobre escolhas e consequências!
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