Cafeína 21/05/2023
O fim das andanças...
O que eu mais gostei foi a sociedade do anel.
Acabado o livro, o que fica na minha cabeça e eu busco tentar elucidar, ao menos um pouco, é o porquê de ?o senhor dos anéis? ter se tornado um clássico, tal qual qual é.
Como normalmente é de se esperar acompanhado dessa alcunha, os "clássico" geralmente se tornam atemporais justamente por inovarem, se mostrarem um ponto fora de curva da sua época, o que é engraçado quando você olha para a obra do Tolkien como um todo, que em meio a um mar de fluxos de consciência e autores tentando lidar com o terror da guerra e a sociedade moderna, ele chega com épicos de fantasia bem lineares, com uma prosa apegada ao clássico e com uma narrativa envolta na luta entre o bem eo mal, pouco preocupada em algum complexo estudo do ser humano ou da sociedade. Não que isso seja de alguma forma um ponto negativo, ao contrário de outras decisões que ele toma no seu método de contar a história, como supostamente é o caso do famigerado ritmo, que se perde entre infinitas andanças? Pessoalmente, inicialmente eu achei interessante essa maneira de se fazer a jornada, não privando a atenção só aos pontos mais específicos da estrada, mas garantindo algum tempo para o trajeto e a vivência do caminho, coisa que teria sido muito mais palatável se não tivesse sido levado à exaustão ao longo das 1500 páginas da história. Da mesma forma, o espectro da prolixia parece espreitar a prosa apaixonada dele e chega a nos impedir de aproveitar uma cena, isso porque, hora ele insiste em incluir uma adjetivação de tudo, hora insiste em incluir acréscimos duvidosos a história, ou ao menos duvidosos no que diz respeito a garantir a temporalidade e tensão dessas partes; tentando me explicar melhor: acontece de às vezes eu estar mais interessado no desenrolar dos acontecimentos do que em ouvir a árvore genealógica do figurante recém apresentado, ou ainda, chega a um ponto que as descrições incessantes deixam de caracterizar os cenários e passam a compor um empecilho cansativo. Não me leve a mal, é a minha perspetiva e no geral eu gosto da maneira como ele escreve, mas se torna cansativo em certa medida da história.
Voltando a atenção um pouco a trama que preenchem os três livros, eu acho que não é surpresa para ninguém, primeiro porque a essa altura do campeonato, é o básico em construção de mundo de fantasia, e é claro aqui o anacronismo, já que só é básico graças ao livro, além do mais, tem um ponto interessantes diferentes, eu adorei os olifantes e tudo que envolve os Naz?ghul, no mais, hoje em dia o universo do Tolkien talvez não tenha tanto assim com o que impressionar ou apresentar de novidade. Aliás, é o que me parece ser a grande decepção de quem consome fantasia ao dar de cara com o senhor dos anéis: a falta de novidade que o mundo apresenta. Na verdade, olhando por alto o que se tornou o high fantasy nas mais diferentes mídias, os livros do Tolkien mais parecem romances de cavalaria medievais, ou épicos de guerra medieval com elementos de fantasia. Quanto às grandes batalhas, elas tem seus momentos e cenas marcantes, em especial o cerco a Gondor, mas no geral, eu prefiri muito mais as aventuras mais contidas, não à toa o meu favorito foi a sociedade do anél. No mais, a história transmite a grandiosidade que ela quer ter, afinal, sãos as crônicas da última das guerras de uma era, e é foda mesmo!
Eu gostei dos livros, apesar de não tanto assim, o mais desafio mesmo foi enfrentar o desenvolvimento que se arrastava pela escrita que podia ter um pouco mais de pressa às vezes, mas, por fim, apontando algumas outras críticas que eu guardei: a narrativa, como eu acabei de citar, tem uns deslizes, na minha opnião, pela maneira como ele decide contar certas partes, no geral eu acho que ampliar a visão do narrador ou alternar os núcleos, como por exemplo os filmes fazem, teria melhorado algumas partes para mim, vide ?isengard?, minha maior decepção; e por último e talvez até mais importante, por mais que até sejam minimamente bem caracterizados, os personagens são tão vazios, desenvolvimento então? Talvez o sam seja o mais complexo da terra média kkkk.
Os filmes são maravilhosos e eu acho que não vale a comparação(embora eu tenha usado meramente para ilustrar uma ideia) são obras boas aos seus modos, com propostas diferentes, além do mais, no final do dia ?ramble on? do Led Zepelin continua sendo a melhor coisa relacionada ao trabalho do Tolkien.