Resenhas - Capitães da Areia

alice654 20/01/2024

Nos primeiros 40% ler este livro foi uma forma de tortura psicológica para mim, quasei abandonei. isso pq, eu comecei a ler o livro pela crítica social pertinente e me deparei com algumas formas de violência que considerei desnecessária (como por exemplo, uma cena explícita de estupr0). porém, entendo que isso, infelizmente, é realidade.
os capitães da areia, são um grupo de pequenos homens que tiveram suas infâncias negligenciadas e abandonadas, e em razão disso, se refugiaram da miséria e do abandono no mundo da marginalidade.
o que mais chama atenção no livro, além da realidade retratada de forma nua e crua (o que causa choque), é que, apesar de considerarem homens devido a vida que levam e o modo como agem, os capitães da areia ainda possuem desejos ingênuos e inocentes de menino, isso fica bem claro e evidente quando o sem-pernas vai "morar" na casa da Ester e é acolhido como um filho por ela; quando o carrossel chega na cidade e quando a Dora passa a viver no trapiche.
a história do sem-pernas, em específico, foi a que mais me impactou, pessoalmente falando.
esse livro mostra o lado oprimido da marginalidade infantil, de uma forma bem concreta e isso justifica a repercussão (até negativa em alguns casos) desse livro.
na minha experiência, não foi uma leitura agradável mas foi necessária.

ViniciusTorresO 19/01/2024

Capitães da areia
O abandono é a maior tristeza desse mundo, o ser abandonado vive a miséria do amor e a máxima da solidão, e tudo isso é muito bem retratado em capitães da areia, desde o início, quando se fala do trapiche, o lugar é abandonado, todos que vão lá e lá ficam são resultado disso. Uma história impactante coberta de temores e mágoas, mas com toques de felicidade e gargalhadas. Os capitães da areia são homens, mesmo muito pequenos, já descobrem as amarguras e os prazeres da vida e vivem do crime mas sempre a margem da redenção. O que se segue no final é a como a vida, cada um pro seu rumo, até os mais puros como professor e pirulito vivem a margem e relembram dos capitães. Com certeza meu capítulo favorito foi OS ATABAQUES RESSOAM COMO CLARINS DE GUERRA, onde Pedro bala escuta todas as vozes que o chamam pra revolução. Muito bom o livro, essa deveria ter sido uma releitura, mas nós tempos de escola não me interessava muito as boas histórias escritas.

Fabiola.khamis 19/01/2024

Dolorosamente perfeito
Dizem que Jorge Amado passou dias dormindo no trapiche dos Capitães da Areia, para escrever o livro. Eu não pesquisei pra saber se é verdade, mas não duvido.

A riqueza de detalhes, e não da descrição do lugar em si, mas dos rostos sofridos dessas crianças, da fome, do medo, do ódio e também da coragem, cuidado que tinham entre si e amor pela liberdade, só pode ter vindo de alguém que realmente viveu isso com ou como essas crianças.

latinananat 19/01/2024

Uma estrela no lugar do coração
De uma força que me colocou dentro das barrigas famintas; dos rostos sujos; do trapiche abandonado; da falta de mãe, de pai; de carinho e conforto; da solidão dentre muitos; da liberdade de serem descalços os donos de cada canto da cidade.
Letal a crítica de Amado. Não é disfarçada, ela é mastigada mais e mais em cada capítulo. Enxergue o erro dentre crianças sendo homens e homens torturando crianças. O tremor da classe social "alta" pelos Capitães da Areia, utilizando de suas vozes e poder para eliminar essa "sujeira" da cidade. E a voz dos capitães, quem escutou?
Quando não se abre caminhos, quem pode dizer que é errado tal ato? O sexo, a bebida, o roubo, a violência são crus, consequências.
Os personagens crescem no meu peito, sinto amor por eles, quero pegar um por um e dar comida, cama quente, carinho, casa. Botar dentro do meu ventre para que eles nasçam de novo e possam ser crianças. Não me coube julgar nada e nenhum, são infâncias massacradas por um sistema que não se importa.
Essa obra me aciona para o mínimo sinal de revolução. É tudo nosso. A Bahia dos Capitães da Areia.
"Deus sorri como um negrinho"

Jeffin_03 19/01/2024

Luzes do carrossel
Este é o capítulo que mais me tocou em todo o livro. É o capítulo em que foram crianças. É o capítulo em que os capitães da areia se sentiram iguais as crianças que têm pais para cuidar deles.

Gabriel 19/01/2024

A liberdade é como o Sol, é o bem maior do Mundo.
Capitães da Areia foi o primeiro livro do Jorge que eu li. E desde já eu digo que é um dos melhores materiais literários que já me deparei!

O livro se passa em Salvador, capital da nossa espetacular Bahia de todos os Santos - e as descrições de lá, no livro, me deram muita gana de um dia conhecer.

Os protagonistas são os "Capitães da Areia", meninos órfãos, pobres e de rua que vivem o gozo da liberdade de suas vidas, fazendo o que bem entendem, entre furtos e rebuliços - nos comandos do carismático (e diplomático) Pedro Bala, o líder do bando, na medida que também travam a luta diária que é uma criança viver sob estas condições.

O autor não tem medo de abordar a vivência de forma bruta, tocando diferentes pautas no livro - mas mantendo momentos de alegria, troça e aventura harmônica, tal como é a vida.
[Até porque nenhum de nós é composto só de desgraças].

O livro é escrito de forma primorosa, em uma técnica que me lembra o fluxo de consciência da Virginia Woolf - uma forma de escrita em que o autor, em terceira pessoa, transita da profunda descrição do cenário a profunda descrição dos personagens e do que este está pensando - com todo aquele íntimo caos que é o ato de "pensar".

Como resultado, além dessa linda Bahia e rica base cultural, tem um conteúdo profundo da história e reflexões de cada um dos personagens, seus sonhos, desejos e inseguranças. Tudo isso no meio das aventuras.

Mas não se engane com esses últimos parágrafos pomposos, o livro é muito fácil de se ler. Li em questão de 10 dias - como um bom seriado da Netflix que a gente maratona. A linguagem é bem acessível e a cadência dos capítulos também contribui para a fluida leitura - são vários capítulos de tamanho curto à médio que sempre apresentam uma temática - seja uma aventura de um dos Capitães da Areia, do bando ou a vivência de algum destes.

Cada personagem é minuciosamente construído, e todos são cheios de personalidade, até os mais conflituosos. Meu favorito foi o Professor - ele lia histórias a noite pros demais do bando, no esconderijo deles, alimentando a imaginação e a esperança desses.

Por fim, não botei navalha na calça como alguém do bando dos Capitães, mas batuta que sou fiquei espiando a história toda sem piscar, igual o Professor.

Vou levar pra mim uma máxima que é citada ao longo do livro:

A liberdade é como o Sol, é o bem maior do Mundo.

Essa liberdade/Sol dos Capitães da Areia tanto brilha quanto queima,
Milan Kundera teria aqui outro ótimo exemplo de leveza e peso simultâneos.

Chorei em 3 capítulos diferentes, mas não reclamo, afinal só um incorrigível reclama.

Foi uma das coisas mais bonitas que já li, recomendo muito, nota 5/5.

nanda356 19/01/2024

Um livro absurdo de bom e atemporal
Nossa, mas que livro bom! Acredito que esse tenha sido um dos primeiros clássicos do Brasil que eu li por vontade própria, sem pressão. Algumas pessoas disseram para mim que eu iria gostar, e eu tinha uma ideia bem vaga do que iria encontrar no livro, mas ainda assim me surpreendi com a leitura, gostei demais! Foi um ótimo livro para começar o ano.

A escrita do Jorge Amado é muito cativante. Ela é bem fácil de compreender e quanto mais você vai lendo mais quer continuar. Protagonistas infantis costumam ter a minha atenção e eu realmente gosto de histórias com questões sociais, então ter essa combinação com a escrita do Jorge Amado foi uma experiência fascinante. Passei por inúmeras emoções conforme a leitura, me comovi e acredito que o momento que eu mais chorei foi lendo o capítulo do Sem-pernas com a dona Ester, ele acabou sendo um personagem que me marcou bastante.

Eu não sabia exatamente como seria o final, mas gostei de como cada personagem foi seguindo um caminho, sendo ele trágico ou não e não tivemos um clima de total desesperança, sabe? Esse vai ser um livro que eu vou lembrar.

Grazielly.Vieira 18/01/2024

Gostei da leitura. É uma linda história de luta de garotos que não possuem as figuras maternas e paternas, que para sobreviver vivem em um grupo de meninos que fazem o que podem um pelos outros, que se tornam adultos bem cedo. Gostei bastante e indico essa leitura, é uma história de muita força e resistência.

AleaFary 18/01/2024

Não é uma resenha
Livro clássico, todos deveriam ler.
É antigo, mas o enredo é muito atual.
Professores de literatura têm o costume de passar como extraclasse, mas recomendo que leiam sem ser pra escola!
É uma dose de realidade gigantesca

Poleto 18/01/2024

Jamais perdoarei o que fizeram com pedro bala no reformatório
Com a linguagem essencialmente simples de quem te conta uma grande história, Amado narra um microcosmo de jovens à margem da Bahia. A vivência de todas essas crianças são condicionadas pelo total descaso e abandono, dando-as nenhuma alternativa além de corrida de lobos do capitalismo - há quem as culpe - personagens moralmente dúbios? sim. talvez. São crianças, crianças e nada além. Crianças que nunca tiveram nada além do ódio. Dentre todas o Sem-Pernas é o mais apavorado, consumido por seu próprio ódio, jamais se permitiu ser amado ou cuidado por todas as figuras maternas que apareceram.

bela 17/01/2024

Com uma riqueza de detalhes absurda e descrição das dores que ultrapassam as paginas do livro, torna-se impossivel nao se compadecer e entender a luta de um capitão da areia. o livro, entre outras coisas, escancara o elitismo e moralismo cristão, desde os fieis ao alto escalão da igreja, que cegamente enxergam cor e classe no ?deixem vir a mim as crianças?. ler a dor dessas crianças-homens e seus sonhos por carinho e amor, que as foi negado durante toda a vida, dá um aperto no coração, ao mesmo tempo que eles nos ensina a importância da lealdade para com os seus. capitaes da areia é uma leitura obrigatória para vida, muito obrigada jorge amado.

Entre1 17/01/2024

Capitães da Areia
Que livro maravilhoso de bom, uma realidade retratada de uma maneira nua e crua. Meninos que viviam vidas de homem, em todas as suas formas.

Lou 16/01/2024

Deu nó na garganta ao ler........
Estou completamente perdida por onde começar essa "resenha"...Mas sei de uma coisa: Que livro denso e monstruoso.
Monstruoso nas atitudes dos personagens, alias que descriçoes maravilhosa entre cada um , com suas peculiaridade e anseios..... Cada capitulo ira trazer reflexão sobre o sistema ,a educação, o comportamento, e principalmente sobre o bem e o mal, como cada ação se reflete no que vivemos e no que muitas pessoas passam, por isso, tras essa sensação de nó na garganta e angustia.

Escrita do escritor é super fluida, não esperava por isso, me impressionou.

DidioAzul 16/01/2024

Obra-prima de Jorge Amado
Após uma viagem a Salvador, resolvi ler alguma obra de Jorge Amado. Escolhi Capitães da Areia sem saber muito o que esperar, além do fato notório que o escritor é um dos maiores nomes da literatura nacional. Que bela surpresa! Devorei o livro em poucos dias. Leitura fascinante, envolvente e impecavelmente bem escrito. Não tem como não se envolver com os personagens, com a trama e com a cidade de Salvador. Virei fã e já fui logo atrás de outro livro de Jorge Amado pra ler.

Anna 16/01/2024

Garotos abandonados na Bahia: Capitães da areia
O que falar de Capitães da areia? O que falar de Pedro Bala?
O livro traz a história dos capitães da areia, jovens entre 8 e 16 anos que viviam à mercê das ruas de Salvador. Apesar da idade, os capitães viviam imersos em uma falsa maturidade, agindo como adultos e já tendo experimentado charutos, bebidas alcoólicas e até mesmo a pederastia (que logo fora proibida por Pedro Bala, sob influência do padre José Pedro), porém, por vezes se mostravam ingênuos, deixando claro que dentro daqueles pequenos homens existia apenas uma criança que buscava inconscientemente um amor parental.
Durante a leitura, o livro nos faz refletir sobre os crimes cometidos pelos jovens, será que a culpa seria totalmente dos capitães da areia? Ou seria também da displicência do Governo em relação aos pobres?
Fatores como o amor inicialmente desconhecido entre Pedro Bala e Dora, os encontros de Gato com Dalva, o sincretismo entre o candomblé e o catolicismo, a dor e dúvida de Sem Pernas ao trair a sua quase família adotiva e o descaso com os pobres doentes tornou o livro extremamente rico e reflexivo, trazendo a tona a realidade do Brasil e da atual Salvador (Apesar do livro ter sido publicado em 1937).
Capitães da areia vai ser sempre um livro especial para mim, principalmente, por me mostrar a importância da literatura brasileira e a escrita INCRÍVEL de Jorge Amado.?