Pandemônio: Nove narrativas entre São Paulo - Berlim

Pandemônio: Nove narrativas entre São Paulo - Berlim Aline Bei
Cristina Judar
Carola Saavedra


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Pandemônio: Nove narrativas entre São Paulo - Berlim





Organizada por Cristina Judar e Fred Di Giacomo, "Pandemônio: nove narrativas entre São Paulo - Berlim" é uma antologia gratuita que reúne contos de destaques da literatura contemporânea como Aline Bei, Cristina Judar, Jorge Ialanji Filholini e Raimundo Neto (representando São Paulo) e Carola Saavedra, Fred Di Giacomo, Alexandre Ribeiro, Karin Hueck e o alemão Carsten Regel, (representando Berlim).

O livro, cuja direção de arte ficou a cargo do premiado designer Rodolfo França, reflete os tempos de pandemia, crise econômica e avanço do autoritarismo, ressaltando as diferenças dos impactos sentidos no Brasil e na Alemanha.

Trecho:
"(...) Acredito que nossa Pandemônio pode ser algum alívio para os que estão em casa “lavando os copos e contando os corpos”, enquanto o Cramunhão governa nosso destino. Os contos que Raimundo Neto, Aline Bei e Jorge Filholini psicografam daí são polaroids do transe que convulsiona a maior democracia da América Latina. Espinhos que se leem ardidos. Seu "Corpos à vista" é, para mim, o Apocalipse queer de um João (Joana?) da era antropozóica. Enquanto nos traga, tua profecia move-se pela mente do leitor movida por sua capacidade de criar e alimentar-se de imagens numa cadência Ginsberguiana. Fico muito feliz que você tenha se juntado a mim na organização deste oásis, amplificando a ideia original com a direção de uma antologia São Paulo - Berlin, duas metrópoles que lidam de maneira tão diferente com as pestes.
Os que vivem a diáspora aqui não esquecem. Meu amigo Alexandre Ribeiro, cria da favela da Torre, em Diadema, é lembrado todos os dias de sua cor pelas autoridades alemães. A polícia, que aqui humilha, não mata como lá. A professora e pesquisadora na Universidade de Colônia, Carola Saavedra, conhecida pela amplitude de sua produção literária, esculpiu um bonsai que me recordou dos minicontos que ela dominava no escritoras suicidas. Karin Hueck parou para observar o vizinho, presa em casa, e mergulhou nas raízes fortes de sobrevivente do holocausto do seu avô. Não dá para esquecer que essa cidade foi o epicentro do fascismo mundial. Não dá para achar que o inferno é exclusividade nossa. Como o avô da Karin, a estrela do underground local Carsten Regel nasceu na capital alemã. Seu conto divertido e marginal, sobre a pandemia bonachona dos berlinenses, revela que o vírus até não escolhe classe social, mas quem sofre mais com ele é o sul do mundo. (...)

Meu caro amigo Fred, (...)
Jorge Filholini, com suas construções textuais tão marcadas pelo aspecto imagético, nos presenteou com um diário apocalíptico e surrealista, capaz de nos tirar o sono ao nos tornar mais conscientes sobre aquilo de temeroso e inacreditável que ainda pode estar à nossa espreita. Lírico e sempre agregador de realidades aparentemente inconciliáveis, Raimundo Neto deu origem a uma história na qual o controle ineficiente da pandemia, somado aos problemas que envolvem a adoção de crianças, representa uma chaga praticamente incurável em nosso país. Aline Bei nos apresenta sua célebre marca literária, de alcance amplo e profundo, ao dar corpo e voz a uma parcela da conservadora classe média brasileira, capaz de tratar a pandemia como um assunto “menor” ou ilusão coletiva, criando para si mesma novas ilusões, que insiste em propagar como verdade.
Aliás, Fred, adoro a atmosfera de “western berlinense do fim dos tempos” do seu conto, uma narrativa poética e árida que me fez caminhar por paisagens e por possibilidades de (in)existência e de (inter)relações já praticadas atualmente, além de refletir sobre as camadas que estão acima e abaixo das peles do velho e da menina, ainda mais evidentes no cenário pandêmico. (...)"

Contos

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on 26/7/20


eu não queria ler nada sobre a pandemia ou coisas do tipo depois de ensaio sobre a cegueira, de josé saramago. sério, esgotei de ler ou assistir os jornais, de ver mil chamadas de publicação de artigos científicos da minha área sobre educação em tempos de coronavírus, fazia o máximo pra fugir de qualquer projeto literário que escrevia sobre a atualidade, porque sei lá, como defesa às vezes parece melhor fingir ou tentar esquecer.⠀ ⠀ daí a cristina judar compartilhou com... leia mais

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Carla Verçoza
cadastrou em:
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Carla Verçoza
editou em:
23/07/2020 19:31:08

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