Pensando dessa forma, imagino que podemos dizer que The Kiss of Deception é um livro destinado a ser um fracasso. Em um mundo de fantasia, uma princesa do Reino de Morrighan, chamada Lia para os mais íntimos, prestes a se casar com o príncipe herdeiro do Reino de Dalbreck, quem ela jamais viu na vida, tudo para assegurar uma aliança e paz entre os dois reinos. Mas então ela toma uma decisão inesperada e escapa do casamento e vai com a sua criada e melhor amiga a trabalhar em uma pousada em sua terra natal, e de quebra rouba alguns documentos secretos de Morrighan. O príncipe, que estava curioso por saber que Lia pensou nisso primeiro que ele (ele também não queria casar, mas tinha se resignado a decisão), decide ir buscá-la e conhecê-la. Enquanto isso, Venda, uma espécie de reino bárbaro e inimigo de Morrighan e Dalbreck, resolve enviar um assassino para matar a princesa e garantir que essa aliança não se realizará.
Resumindo: temos uma princesa que prefere servir mesas e lavar pratos que casar com um desconhecido; um principe que tampouco queria casar com ela mas a busca por curiosidade, um assassino adolescente procurando nossa protagonista pra matá-la. Provavelmente a princesa é uma adolescente egoísta e mimada, vai ter um triângulo amoroso mais que forçado, e momentos de dar tanta raiva que faz o leitor querer entrar no livro e meter porrada nos personagens. Certo?
Errado.
Por isso, tenho que agradecer eternamente a uma amiga por me ter recomendado o livro, porque conseguiu de mim feitos inéditos.
Começamos com o fato de que a nossa protagonista não é mimada ou egoísta. Ela é um desastre como princesa. Questiona as tradições, rouba coisas que não devia, participa de atividades com os irmãos mais velhos e nunca, mas NUNCA, obedece ninguém. Contudo, ela é forte, tem uma mente própria, é esperta e tem um temperamento que as vezes lhe causa problemas, outras serve para proteger as pessoas quem ama. Vinda de uma família como a dela, de um palácio como a dela, você entende porque ela quis fugir em primeiro lugar: manipulada pelos próprios pais e refém da vontade deles a vida inteira, ela ainda tem que aturar ser usada como objeto para uma manobra política e ser enviada para um reino que nem mesmo os pais dela confiam. Eu fiquei me perguntando, depois de ter lido tudo isso, porque diabos ela não fugiu antes.
Então, conforme a leitura avançava, eu via várias atitudes de Lia, em que demonstrava força, determinação e coragem, mesmo quando a situação estava péssima para ela. Especialmente da metade para o final, quando ela é obrigada a passar por situações de dor e traição, e a fazem crescer de uma forma impressionante. Se você não gosta da inocente e impulsiva Lia no início, vai gostar da forte, tempestuosa e determinada Lia do final.
Mas o ponto principal do livro é, até sua metade, não é revelado quem é o príncipe e quem é o assassino. Eles tem pequenos POVs, aparecem seus nomes, mas não falam quem é quem. E você tem que adivinhar. Quer jeito melhor de me prender a atenção? Me dê um mistério para resolver,
E digo mais, tanto Kaden como Rafe são extremamente envolventes. São carismáticos, misteriosos, charmosos e, obviamente, bonitos. Um é mais extrovertido que o outro, um é mais explorado na primeira metade do livro, o outro na segunda. E os dois, definitivamente, estão interessados na Lia de forma romântica. E juro: no momento, eu definitivamente quero que nossa princesa fique com os dois, não importa se um é príncipe e o outro é um assassino, porque eles simplesmente tem MUITA química e diálogos interessantes.
O livro tem defeitos? Claro que têm. Teve gente que odiou? Provavelmente, me apontem um livro que ninguém odiou jamais. Mas eu dei 5 estrelas para esse livro porque, como disse anteriormente, conseguiu feitos inéditos comigo. O primeiro foi fazer que eu gostasse de uma história envolvendo a realeza, porque até todos os que li sobre a coroa, prefiro nem comentar que posso acabar sendo apedrejada. Outra, foi que pela primeira vez na vida me fez com que gostasse de um triângulo amoroso, coisa que não SUPORTO.
Sou uma leitora, digamos, chata. Não gosto de dramas melosos, romantismo fofinho e forçado, personagens chatos que só ferram com as próprias vidas e a dos outros, triângulos amorosos, perguntas sem respostas, detalhes mal feitos, finais abertos (não leio livro pra ficar imaginando o final, aprendam, escritores), séries de livros que não terminam mais... Bem, dá pra entender. Sou chata pra ler, e se passo raiva com o livro... Nem queiram me ouvir depois.
Por isso eu digo, para um livro me fazer gostar de coisas que normalmente nem sonho em ler, então ele É bom.
E The Kiss Of Deception foi uma das melhores leituras esse ano. Estarei esperando a continuação. Muito. Ansiosa.