Não sei o que esperava encontrar numa Dança de Dragões, mas com certeza, não foi com o que me deparei. E, de maneira alguma pensem que eu não gostei do que li, muito pelo contrário! Quando penso que George R. R. Martin já apostou todas as suas fichas no Jogo dos Tronos, ele me mostra que, na verdade, a aposta foi mínima. Em fato, a verdadeira Aranha de As Crônicas de Gelo e Fogo não é ninguém menos que o próprio Martin, que teceu uma história tão absurdamente fantástica, que é capaz de prender qualquer (des)avisado que ouse ler o primeiro livro.
Agora, deixem-me explicar o porquê do título. Escolhi O livro das revelações porque, especificamente, em A Dança dos Dragões muitos acontecimentos que sequer nos meus dias mais imaginativos passaram pela minha cabeça são jogados na cara do leitor, sem aviso prévio. Tramas e personagens que me fizeram pensar: Caramba, Martin, qual a substância alucinógena que você usa, porque, cara, eu quero um pouco! É de cair o queixo;
Com relação à segunda parte do título, seria precipitado da minha parte, já pensar no fim, mesmo sabendo que o G.R.R.M. levará mais alguns até, de fato, terminar? Pergunto isso, porque, basicamente, é assim que eu vejo. E, esse foi um pensamento constante durante minha leitura. Mais dois livros e está tudo acabado. Sinto a sombra do fim a espreita e, pouco a pouco, lançando seus tentáculos.
Continuando...
... Neste volume, descobrimos o que aconteceu fora de Porto Real, Dorne e Vilavelha. Muitas questões que foram abordadas apenas superficialmente em O Festim dos Corvos, foram agora aprofundadas e esclarecidas na medida do possível é claro, afinal Martin é Martin . Ao mesmo tempo, somos bombardeados com novas e estonteantes revelações, que nos faz orar aos Deuses Antigos, aos Novos e ao Senhor da Luz, para que Os Ventos de Inverno comecem logo a soprar.
Todos sabem que uma das coisas mais interessantes a respeito dAs Crônicas de Gelo e Fogo é que cada trama está dentro de outra trama, que está dentro de outra trama etc. E, isso nunca foi tão bem demonstrado como neste volume. Quando se está lendo, visualiza-se perfeitamente quase que em forma de flashbacks, o que aconteceu há muito tempo na história, mas que só agora veio à tona. Posso dizer com muita certeza, que nunca tantas histórias completamente diferentes foram tão magistralmente interligadas.
Outra coisa muito bacana, desta vez a respeito do Martin, é que nenhuma personagem é insignificante. Cada uma tem um papel a desempenhar. Cada uma tem seu paraíso e inferno particular, e não tem escrúpulos para fazer o que achar que for necessário para conseguir o que se deseja.
E, neste volume, nós vemos isso tão perfeitamente que chega a doer os olhos. É como se A Dança dos Dragões soprasse as névoas que atrapalhavam nossa visão e agora as coisas começam a ficar mais claras. O que não significa que podemos ter a pretensão de tentar adivinhar alguma coisa vinda do Martin, até porque acho que nem ele sabe o que se passa na sua cabeça. É mais como um maior entendimento de tudo que aconteceu para que a história chegasse até aqui.
Agora, os nossos reais protagonistas...
... Eles, os tão esperados, tão adorados e tão cruéis. Capazes de despertar o fascínio e o terror de todos. Eles cresceram. Não são mais os filhotinhos fofinhos, são criaturas da natureza, e compaixão não está entre suas características. Se um Drogon filhote fez um estrago considerável, imaginem então o que um Drogon pré-adolescente é capaz de fazer. Viserion e Rhaegal, decididamente, não ficam atrás do irmão.
Aliás, quero elogiar a capa do livro, em especial, porque ficou muito incrível. Como eu imaginava, retratava uma cena do livro A cena, na verdade e, em minha opinião foi o maior (ou talvez único, dependendo do observador) ponto positivo da Editora.
Bem longe dos dragões, cada pedacinho (conhecido ou não) de toda Westeros tem suas próprias guerras. As coisas ficam realmente negras nA Muralha, e o Martin mais uma vez soca nossos estômagos.
A Guerra pelo Trono de Ferro está longe, muito longe, de conhecer seu fim e mais um Rei se proclama.
Descobrimos enfim, o verdadeiro propósito de Lorde Varys. E as teias da Aranha são mais longas e mais fortes do que se poderia imaginar.
Tudo está tão intrincado que é difícil até sonhar o que vai acontecer a partir de agora. A única certeza, é a espera.
E como será longa a espera pelos Ventos de Inverno...
P.S.: Na pressa (acredito eu) de lançar o livro, a editora não teve o devido cuidado com a edição do livro. O que resultou no capítulo faltante que todo mundo já deve saber, e em muitos erros. Muitos mesmo. E a maioria bobos, que numa revisão simples poderiam ser vistos e resolvidos. O que não aconteceu. De qualquer maneira, fica o lembrete para as próximas edições, de que cuidado nunca é demais.