Téo tem 23 anos, estuda Medicina e é vegetariano. De natureza solitária e introvertida, é contrariado que aceita ir a um churrasco, instigado pela mãe, paraplégica, de quem se ocupa quando não está a dissecar cadáveres nas aulas. Aí, conhece Clarice, uma jovem estudante de História de Arte que sonha tornar-se guionista de cinema. E apaixona-se. Vicia-se naquela rapariga rebelde, tão diferente das outras, tão livre.
Mas Téo não é apenas um tímido estudante de Medicina. A sua loucura vai-se insinuando na narrativa através de um perfeito e profundo desdém e egoísmo, plenamente justificados pelos fins que pretende alcançar. A sua insistência em rever Clarice e conhecê-la melhor transforma-se primeiro numa perturbante perseguição e depois numa verdadeira descida aos infernos, baseada em Dias Perfeitos, o nome do guião de cinema que a jovem está a escrever.
Sedada e imobilizada, Clarice transforma-se numa prisioneira da obsessão calculista e fria de Téo, uma mente obsessiva e doentia que arrasta o leitor, a um ritmo electrizante, para o fundo de uma narrativa angustiante e paranóica.
Onde a normalidade se suspende, é aí que Raphael Montes impressiona e surpreende, num dos melhores thrillers escritos em português nos últimos anos.
Literatura Brasileira / Suspense e Mistério / Romance policial / Ficção