O romance conta a triste história de amor entre Hermengarda e Eurico. No século VIII, os sarracenos árabes e mouros invadem a Península Ibérica e Eurico vê-se forçado a optar entre a fé em Deus e o amor à terra em que vive...
Esta obra de Herculano consagra o herói medieval a partir dos ideais românticos como: historicismo, nacionalismo e a valorização do homem como herói, nesse caso personificado na figura de Eurico: (...) na figura extraordinária e original do protagonista, na expressão do pessimismo social, na idealização da mulher e da natureza. Na exaltação amorosa e patriótica, no ascetismo profético, a obra espelha bem a idiossincrasia romântica do seu autor. "Eurico, o Presbítero", que o próprio Herculano considerou uma "crónica-poema, lenda ou o que quer que seja", apresenta-se eivada mais de efabulação poética do que propriamente romanesca, constituindo, assim, uma obra única do Romantismo português.
[Sobre o Autor]: Fundador de revistas e jornais, Alexandre Herculano é também o primeiro criador de romances históricos na literatura portuguesa. Em 1844, criou o primeiro super herói nacional: Eurico, um presbítero de Carteia (perto de Gibraltar) que se tinha refugiado no sacerdócio para fugir a um desgosto amoroso, no século VIII; o Presbítero fôra antes um gardingo e guerreiro, nas côrtes de Toledo e da Cantábria, que se apaixonara por Hermengarda, filha do orgulhoso Duque Fávila. Mas este não o considerava digno da filha e não autorizou o casamento. . . O retiro de Eurico é, no entanto, interrompido por uma invasão muçulmana. O antigo guerreiro não resiste ao apelo às armas, torna-se num cavaleiro misterioso, vestido de negro, que irrompe pelo campo de batalha, devastando os exércitos inimigos, defendendo e vingando os seus antigos companheiros visigodos e os demais povos da Península. Pelo caminho, resgata das mãos dos infiéis, a sua apaixonada feita prisioneira pelos mouros, mas, devido aos votos assumidos, seu amor se tornara impossível e escolhe continuar a luta, abandonando-a desta vez por dever e pela pátria.
Numa época em que Portugal recuperava das invasões francesas, entre 1807 e 1810, e das guerras civis que opuseram absolutistas e liberalistas, de 1832 a 1834, Alexandre Herculano cria o herói romântico de que o país precisava para renovar o panorama intelectual ou mesmo recriar a identidade nacional.
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https://pt.m.wikipedia.org/wiki/Sarracenos
http://dp.uc.pt/conteudos/entradas-do-dicionario/item/222-hermengarda
https://ensina.rtp.pt/artigo/quem-e-eurico-o-presbitero/
https://ensina.rtp.pt/artigo/eurico-o-presbitero-de-alexandre-herculano/
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do?select_action=&co_autor=28427
Ficção / Literatura Estrangeira / Romance