Eurico, um nobre gardingo godo, na Côrte do Rei Witiza em Toledo, sofre por um amor impossivel por Hemengarda e para curar sua dor escolhe o sacerdócio. No entanto, a guerra entre os Visigodos e os Sarracenos árabes e mouros na Península Ibérica do Século VIII, acirra-se, e Eurico abandona o sacerdócio para partir para a guerra, tornando-se o heroico e misterioso Cavaleiro Negro e consagrando-se como herói. Trata-se de um romance representativo do gênero romance de cavalaria, da primeira fase do Romantismo em Portugal.
"Eurico" é o primeiro romance histórico da literatura portuguesa. O autor quis mobilizar a sociedade e refundar a identidade nacional do século XIX. Para isso, criou um padre-guerreiro medieval que derrota os inimigos, por amor e por dever à pátria.
Alexandre Herculano (1810 – 1877) teve uma grande influência na sociedade portuguesa do século XIX. Participou nos confrontos entre absolutistas e liberais, apoiando os últimos na revolta do Porto, foi exilado em Inglaterra e França, onde se familiarizou com historiadores e com o romantismo em voga na literatura europeia. De regresso a Portugal, Herculano traz na bagagem a influência que quebra com o racionalismo do século anterior e defende o ideal do indivíduo, do amor, da mulher e do sonho.
Fundador de revistas e jornais é também o primeiro criador de romances históricos na literatura portuguesa. Em 1844, criou o primeiro super herói nacional: Eurico, um presbítero de Carteia (perto de Gibraltar) que se tinha refugiado no sacerdócio para fugir a um desgosto amoroso, no século VIII.
O Presbítero fôra antes um gardingo e guerreiro, nas côrtes de Toledo e da Cantábria, que se apaixonara por Hermengarda, filha do orgulhoso Duque Fávila. Mas este não o considerava digno da filha e não autorizou o casamento. . . O retiro de Eurico é, no entanto, interrompido por uma invasão muçulmana. O antigo guerreiro não resiste ao apelo às armas, torna-se num cavaleiro misterioso, vestido de negro, que irrompe pelo campo de batalha, devastando os exércitos inimigos, defendendo e vingando os seus antigos companheiros visigodos e os demais povos da Península. Pelo caminho, resgata das mãos dos infiéis, a sua apaixonada feita prisioneira pelos mouros, mas, devido aos votos assumidos, seu amor se tornara impossível e escolhe continuar a luta, abandonando-a desta vez por dever e pela pátria.
Numa época em que Portugal recuperava das invasões francesas, entre 1807 e 1810, e das guerras civis que opuseram absolutistas e liberalistas, de 1832 a 1834, Alexandre Herculano cria o herói romântico de que o país precisava para renovar o panorama intelectual ou mesmo recriar a identidade nacional.
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https://ensina.rtp.pt/artigo/eurico-o-presbitero-de-alexandre-herculano/
https://ensina.rtp.pt/artigo/quem-e-eurico-o-presbitero/
http://dp.uc.pt/conteudos/entradas-do-dicionario/item/222-hermengarda
https://ensina.rtp.pt/artigo/uma-biografia-de-alexandre-herculano/
Ficção / Literatura Estrangeira / Romance