"Frankenstein foi estruturado como um romance-matrioska, com histórias encapsuladas umas dentro das outras. Um formato que o romance do século XIX (que desembocaria no vago subgênero chamado "romance vitoriano") usou fartamente. São três histórias entre parênteses, umas dentro das outras, com narradores nesta sequência: Walton / Victor / Walton. [...]
Em muitos momentos da História uma obra literária consegue empolgar a imaginação de uma geração inteira ao servir de ponto focal para uma série de inquietações, hipóteses, medos e desejos que começam a ser formulados dentro do espírito da época. Frankenstein foi isso em seu tempo. Sua influência aumentou depois de dois séculos, ao mesmo tempo que se metamorfoseou: as centenas de epígonos, imitações, adaptações e paródias alargaram esse campo de significado. Se por um lado contribuíram para esgarçar certos traços essenciais da obra fundadora, também puderam produzir novos conjuntos de ícones e de figuras narrativas que não deixam esgotar-se a energia inicial do arquétipo.
É importante retornar hoje ao primeiro Frankenstein de todos, e é importante principalmente ouvir o que o Monstro tem a nos dizer."
BRAULIO TAVARES
Literatura Estrangeira / Ficção / Ficção científica / Horror / Terror