A pasta em fogo avança lenta, temos a certeza da transformação — a poesia nunca é expelida em vão. Desprovida de obstáculo, sucumbe primeiro ao desejo, se apropria do externo e se fecha, misteriosa, latente, endógena; esse é seu processo. Até estar pronta para ser lançada com fúria, modificando os cenários alcançados, se derramando lava insuperável, se transmutando rocha eterna, inabalável, própria das sensações voláteis e eruptivas, quem diria.
Meio magma, meio magnólia, de Yara Fers, solidifica as intenções coletivas — explosivas, públicas; e as individuais — profundas, talvez reservadas. A autora contribui aqui com versos feministas de resistência no tom da união, pegando o caminho do afeto, da aliança entre mulheres, que mesmo diversas, de causas várias, se ordenam juntas na beleza da vida — assim como as magnólias.
É meio a meio para ser inteiro. É a entrega de uma escritora nunca dividida entre o poema e o discurso. Se apresenta com os dois, meio magma, meio magnólia.
— Dani Costa Russo
Literatura Brasileira / Poemas, poesias