Numa época sombria para os helenos, em que a supremacia do Mediterrâneo era disputada entre Roma e Cartago, e em que a Hélade já não contava mais com seus antigos heróis, nasce na cidade de Mantinéia, no centro do Peloponeso, um homem que cresceria virtuoso e apaixonado por sua nação, para lutar contra tudo e contra todos, exaurindo suas forças na busca da restauração do poder e da glória de sua terra.
Nascido em época posterior à plenitude de sua nação, quando seus próprios compatriotas já não acreditavam mais na possibilidade de mudanças, como viveria esse homem, cujo coração, desde sua mais tenra idade, trazia gravado o amor por sua terra, quando os próprios helenos tornavam-se inimigos uns dos outros?
Quem seria esse homem, que dividido entre o amor por sua pátria e a paixão avassaladora por uma linda mulher, veria seus caminhos inevitavelmente separarem-se diante de seus olhos, obrigando-lhe a escolher apenas um?
Esse homem é Demetrius, que ama sua pátria, que luta por um ideal, que sofre, que sangra, que chora, mas que cativa, lidera e conquista. É traído por amigos e por inimigos, é levado a mentir e também a trair. É invejado e odiado, mas também é admirado e amado.
Esse homem é Demetrius, um mantinense emotivo e ao mesmo tempo aguerrido que, apesar de atormentado por todas as intempéries do sentimento humano, faz de seu coração o lugar mais heleno de toda a Hélade.
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— Eu acredito, Demetrius, que se a Hélade está hoje em ruínas, e perdendo territórios para povos como romanos e persas, é porque jamais nos cansamos de lutar uns contra os outros. É triste o que irei dizer, mas o pior inimigo de um heleno, é outro heleno.
Ao ouvir as palavras de Solano, Demetrius baixou os olhos para o cadáver deitado sobre o escudo que ajudava a carregar, e imaginou como a Grécia poderia ter chegado àquele ponto. Sempre ouvira as gloriosas histórias narradas por seu velho amigo Anaxágoras, e não conseguia entender como as coisas haviam saído tanto do rumo.