"Questões Disputadas sobre a Alma" é um dos tomos mais sucintos da vasta obra filosófica de São Tomás de Aquino (1225-1274), mas sua leitura é suficiente para que o público do século XXI consiga entender como esse frade italiano operou sua influente síntese da teologia cristã com a tradição filosófica representada por Aristóteles.
No livro, organizado em perguntas e respostas, formato típico dos debates acadêmicos medievais, o erudito da ordem dominicana usa os tratados aristotélicos, bem como os textos de Platão e até a obra de pensadores muçulmanos e judeus que absorveram a filosofia grega, como instrumentos para racionalizar a doutrina tradicional da Igreja sobre a alma humana.
Ao contrário de muitos cristãos anteriores e posteriores a ele, São Tomás de Aquino não era dualista, ou seja, não acreditava na separação absoluta entre alma e corpo: para ele, embora a alma sobreviva à morte, existe uma unidade essencial entre ambos, o que explica a crença dos cristãos na Ressurreição. O livro investiga ainda outros temas teológicos fundamentais da tradição católica, como a diferença entre as almas humanas e os anjos e o significado do sofrimento espiritual no Inferno.
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