Resenhas - Amanhã Vai Ser Maior

Letícia 18/01/2021

Trata-se de um relato da antropóloga, embora pareça mais uma longa conversa com o leitor sobre o que aconteceu no Brasil desde 2013 para cá com experiências vividas em comunidades pobres - Porto Alegre/RS - interpretando momentos importantes na história do país, desde as Jornadas de Junho, os rolezinhos, o impeachment, a greve dos caminhoneiros e o aumento do conservadorismo em meio ao ?vácuo? político de um governo que atenda aos anseios do povo, até a ascensão da extrema-direita em 2018.

Muito interessante o fato dela - Rosana - não somente trazer o modo como a sociedade cansou da política e do modo como ela é feita, crescendo a ideia de precisar de um herói para salvar o país, com propostas radicais e desconexas, mas que pareciam eficazes visto a descrença e o desânimo da população com o atual governo e as feridas - abertas - que os demais haviam deixado, como também as falhas e as omissões que o PT cometeu durante os anos no poder e na campanha de 2018.

Os últimos textos nos dão esperança de um amanhã realmente melhor e maior, ainda que o ponto seja o mesmo: a sociedade continua exausta, e sobretudo descrente. Porém, com forças para lutar e defender o que acredita.

? A esperança é algo que precisa ser aprendido. Ao contrário do medo, ela é apaixonada pelo sucesso de uma causa, não pelo fracasso. É superior ao medo, pois não é passiva. A emoção da esperança, ao invés de confinar, amplia os sujeitos.?.

DTK 04/01/2021

Livro muitoo bom, ainda que enviasado pelas tendências políticas de esquerda da autora (e olho que concordo muito com ela). Nesse contexto, no entanto, ela ainda foi capaz de fazer críticas sérias à esquerda brasileira, muito interessantes de fato.
Li logo após O Brasil Dobrou a Direita do Jairo Nicolau, acredito que ambos os livros são complementares em sua análise e indico a leitura conjunta. Enquanto Nicolau apresenta uma visão técnica e estatística, Machado se aproxima do público e o dá voz, nos permitindo entender a fundo a reviravolta no contexto brasileiro que levou a eleição de Bolsonaro.


Importante acrescentar que o livro me tocou demais ao fim quando abordando o movimento #elenão, momento que marcou o início meu engajamento no movimento feminista. Lembro das manifestações com muito orgulho e esperança anexos.

Bianca 31/12/2020

"A lógica fascista brasileira é difusa. Ela não é facilmente identificável, pois propaga um ódio mais pulverizado, direcionado a uma massa diversa. É animada por uma mídia que busca seus próprios interesses, uma polícia violenta, um movimento religioso fanático e uma elite sui generis que, na teoria, defende o liberalismo, mas na prática age para defender privilégios. Ao passo que a extrema-direita geralmente vê seu povo como superior, e encarna o nacionalismo para tanto, o fascismo idiossincrático à brasileira não idolatra a si próprio, mas sim aqueles países que nos barram na imigração."

Joana.Amaral 27/12/2020

Livro que deveria ser dado a todos.
Livro que me prendeu do início ao fim. Me trouxe um olhar muito maior para entender como o Bolsonato chegou e ainda está no poder. Te faz olhar ao seu redor com outros olhos.

carolmc_ 19/12/2020

Necessário
Rosana faz uma análise das possíveis razões que fizeram o Basil mergulhar nessa onda autoritária e conservadora de 2013 para cá. São análises embasadas que, inclusive, a fizeram fazer uma previsão de algo grandioso que aconteceu este ano (2020). Leitura importantíssima.

Jota 07/12/2020

Ótimo e necessário
Escrito pela antropóloga Rosana Pinheiro-Machado, esse livro é essencial para tentar entender o Brasil atual, os motivos da queda da esquerda e da direita, e o crescimento da extrema-direita, agora no poder.

Nessa novela chamada Brasil, são tantos capítulos, com tantos acontecimentos, mudanças no rumo da história, que, nós, estamos vivendo e observando esses dias, corremos o risco de esquecer eventos importantes, ou ignorar e minimizar outros.

A autora fala sobre as manifestações de 2013, e como elas foram abordadas por todos os campos ideológicos, pela mídia e pelo mercado, a ponto de se tornarem uma guinada da sociedade para a direita.

Rosana vai costurando os eventos desses últimos anos, mostrando como eles estão relacionados. Mostra, por exemplo, como o crescimento econômico no governo Lula e a melhora na vida de milhões de pessoas, criou em muita gente uma sensação de que eram parte da classe média. Com o fim da época de bonanças, e com o início da crise econômica no governo Dilma, essa parcela da sociedade temia um retrocesso em suas vidas, e, assim, passaram a apoiar a queda do governo petista.

O livro critica o distanciamento da esquerda com a periferia; explica como a direita conseguiu, através das redes sociais e apoio da mídia, conquistar votos na periferia; e aponta caminhos para o campo progressista voltar a ter apoio da população e ajudar a defender os interesses e necessidades do povo.


site: https://www.instagram.com/mundolivrosehq

Yvan 08/11/2020

Um resumo sincero dos tempos recentes e difíceis do Brasil, apesar do futuro incerto de onde tudo isso vai dá, temos uma visão otimista e complicada de enxergar na situação atual.

Auzandir 02/11/2020

Não há esperança na pura espera.
Ao nos localizar sobre um passado recente, Rosana Pinheiro-Machado é elucidativa e categórica em convidar à ação, mesmo em um cenário desfavorável àqueles que realmente acreditam na esperança como forma de mudar o cenário político atual embebido em condutas neoliberais hiperindividualistas, através da busca do bem comum e da vivência democrática.
Ótima literatura.

Anderson Alves 23/10/2020

Amanhã vai ser maior
O livro foi indicação do canal meteoro Brasil e sem dúvida é um livro extremamente importante para entender como o Brasil se encontra e ter esperança de um futuro ver um país mais justo e igualitário, recomendo demais a leitura para todos e todas!

Ronaldo Thomé 19/10/2020

Pegue um Homem e Roube o Amanhã... O que Resta é Você e Eu
Hipnotizante! Rosana Pinheiro-Machado, aqui, nos ajuda a desvendar a atual situação do país, a forma como chegamos à eleição de Bolsonaro e a insatisfação popular que reina Brasil afora, além de nos fornecer dicas preciosas de como podemos resolver tal situação. A autora, que é pesquisadora de campo na área de ciências sociais, se vale de extenso corpo teórico, porém mantém o tom e o estilo da escrita bastante simples e acessível. O resultado é uma obra empolgante, que pode ser maratonada em um único dia (caso você esteja disposto a ler sobre o assunto), mas que nunca deixa de ser densa e agregadora do ponto de vista do conteúdo.


Rosana nos mostra as profundas mudanças sociais que aconteceram a a partir de 2008, com a crise internacional, e dos movimentos que se seguiram, como o Occupy Wall Street e a Primavera Árabe. Tais movimentos tendem a ser diferentes de outras épocas, sendo que são bastante descentralizados, e formados por grupos com interesses diversos, apesar de ter um ponto em comum: a maciça adesão aos protestos populares, e o uso da internet e redes sociais para conexão.

É a partir daí que uma profusão de movimentos sociais surge, inclusive no Brasil, como as Jornadas de Junho, a Revolta do Rolê, as revoltas dos caminhoneiros e muitos outros. O governo do PT, à época, e grande parte da esquerda brasileira não souberam lidar com tal situação, que foi logo liderada pela direita (com amplo investimento de empresariado e conglomerados de mídia). Daí, para a época das fake news e dos ataques polarizados na internet, foi um pulo, cujo momento principal acaba sendo a eleição de Jair Bolsonaro.


A história é bastante conhecida e já bastante divulgada; no entanto, o grande mérito da autora é dar a ela um tratamento inovador e detalhista, algo que ainda está muito longe de ser feito pelos setores mais tradicionais da política e do meio acadêmico. Pinheiro-Machado expõe que a maioria desses movimentos NÃO era necessariamente de esquerda ou direita, apenas que canalizavam a insatisfação popular da sua época. Em vários casos, a adesão ao espectro político se dá depois, principalmente com a chegada das eleições de 2018. Talvez não seja a comparação correta, mas podemos pensar numa árvore: por mais que seus galhos se afastem, sempre compartilham o mesmo tronco, e de uma mesma raiz. E são as raízes que Rosana Pinheiro-Machado busca. Ou seja, a polarização nunca foi o fim, mas sim um processo que poderia ser revertido, caso houvesse um trabalho consistente, um diálogo adequado com os setores engajados. O que aconteceu foi o contrário: a esquerda se enfraqueceu e não soube reagir, enquanto a direita tradicional naufragou - sendo substituída pela extrema direita, que ganhou força com uma rede de ódio. 


Segundo, Rosana admite que, apesar dessa rede de violência na internet ter sido decisiva, o caráter da insatisfação do brasileiro deve ser entendido e analisado como tal. Muitos dos que votaram em Bolsonaro por exemplo, são extremistas; outros, porém, não. É preciso aprender a diferenciar esses dois tipos de eleitor, porque eles podem aparecer em qualquer espectro, e um é dialogável - apesar da atitude da esquerda ainda não ter mudado o suficiente. 


O livro encerra de maneira sóbria - mas, ao mesmo tempo passional e emocionante: Rosana defende que, apesar de todo o retrocesso social dos últimos anos, também houve inegáveis avanços. Inúmeros movimentos surgiram, em relação aos negros, os LGBTs, às feministas, indígenas, que reivindicam de maneira incessante corrigir as injustiças através do país. Não deixa de ser interessante perceber que a inversão da ótica pode ser utópica, mas me levou a uma profunda reflexão: se Jair Bolsonaro tivesse sido eleito há 25 anos, será que ele causaria toda essa comoção na mídia? Seria ele visto como uma figura perigosa e tóxica, ou como só mais um político? Será que sua eleição causaria um retrocesso tão grande? Se a resposta é sim, devemos pensar em inúmeros políticos nos últimos anos que até hoje não foram punidos, e continuam se reelegendo. Se a resposta é não, isso significa que, como país, e  sociedade, podemos ter falhado, mas não somos mais os mesmos. 

Pelas inquietações e pela forma como me abriu a mente, não tenho dúvidas em dizer que, até o momento, este é o melhor livro que li neste ano.


Recomendado para: entender que nem tudo é uma causa perdida. O livro foi escrito antes da Covid-19, mas mesmo depois dela, suas questões ainda terão de ser encaradas.


Nota: 10,0 de 10,0 (é um livro tão incrível que até essa nota é injusta).

Dica: leia ouvindo isto - https://youtu.be/rGFsAecMCx4

Marcela Mosqueti 16/10/2020

Esse livro me fez compreender que não estamos mais em um cenário dicotômicos de direita x esquerda que era bem característico no século XX. Hoje os movimentos são plurais e ambíguos e para compreender o que o povo grita é necessário estar no meio dele.

A escuta é arma fundamental para a resistência por parte da esquerda. Que a gente saiba escutar as necessidades dos trabalhadores, para que a direita pare de se apropriar de lutas e discursos legítimos em benefício próprio.

Que a luta das mulheres seja sempre crescente nesses tempos sombrios de ambiguidades e incompreensões.


"Não é a periferia que precisa se politizar, é a esquerda que precisa se periferizar"

Mari 26/09/2020

Fácil, rápido e acessível.
Rosana traz uma interessante perspectiva de como essa onda conservadora atual ganhou forma e se fez presente nos dias de hoje. O livro também traz pontos de reflexão para termos mais consciência política para um futuro mais consciente. A linguagem é extremamente acessível, o que torna o livro gostoso, rápido e fácil de absorver.

patriciamurada 20/09/2020

Livro extremamente necessário! Chamamento a esquerda, que hoje se encontra numa posição de soberba, a mudar o discurso e a forma de fazer política. Ao final fica o sentimento de esperança de tempos melhores, desde que atrelado a ações efetivas de combate ao avanço do conservadorismo. #elenão

Meline 17/09/2020

Renovador
Pra quem tá cansado desse governo, traz um alento de esperança, realmente, e uma vontade de voltar a querer lutar. Livro super didático, de leitura fluida, explica diversos aspectos da caminhada ao avanço da extrema direita.

Hostyn 07/09/2020

Livro mais que necessário
Um manual do que ocorreu. Uma motivação para o que vem por aí.

Simplesmente fenomenal.