Luiza Helena (@balaiodebabados) 26/11/2019Originalmente postada em https://balaiodebabados.blogspot.com.br/Se você foi uma criança que nasceu nos anos 90, com certeza lembra do jogo Detetive. Se não conhece, Detetive é um jogo que devemos descobrir o assassino através de algumas pistas. Então, pegue esse jogo, junte o lance do loop temporal (aquele lance que você vive o mesmo dia todos os dias até descobrir a moral da história) e adicione o fato que você vai acordar durante oito dias em oito corpos diferentes (no melhor estilo Todo Dia). Assim nasceu As Sete Mortes de Evelyn Hardcastle.
Quando vi a sinopse da história, o que me chamou atenção foi justamente esse lance do loop temporal e descobrir o assassino de Evelyn Hardcastle. Além do fato que faz algum tempo que não leio um mistério policial (?). Escolhi a estreia do autor Stuart Turton e não arrependi.
Assim como Aiden Bishop, caímos de paraquedas em Blackheath no melhor estilo “que que ta com teseno???”. Não vou mentir; o começo é bastante confuso porque, assim como Aiden, não sabemos muita coisa, só que a tal da Evelyn vai morrer exatamente às onze horas da noite e ele tem oito dias para descobrir quem é @ assassin@. Ao longo da história, junto com o personagem e os seus hospedeiros que ele acorda durante os próximos oito dias, vamos desvendando o mistério e motivo da morte de Evelyn.
O livro é narrado em primeira pessoa por Aiden. Aqui, esse tipo de narrativa funcionou pelo fato que vamos acompanhar os acontecimentos de um dia pelos olhos de oito pessoas diferentes. E essas oito pessoas, de alguma forma, estão ligadas ao assassinato que irá acontecer pontualmente às onze horas da noite.
Um fato que achei legal na história são os hospedeiros de Aiden. São oito pessoas completamente diferente, seja no físico quanto na mentalidade. Alguns hospedeiros lutam contra Aiden para tomar seu corpo de volta e achei bem bacana Stuart mostrar essa dualidade. Também há o fato de Aiden perder sua personalidade no seu hospedeiro, como vemos em certos momentos.
O mistério sobre o assassinato de Evelyn Hardcastle foi muito bem construído. Sinceramente, eu só pude bater palmas quando acabei de ler o livro. À medida que você vai acompanhando no dia-a-dia de Aiden no corpo de alguém, um pedacinho do quebra-cabeça vai sendo apresentado. De início, eu me questionei e fiquei “socorro, que farofa é essa, sociedade”, mas quando tudo se encaixou, eu fiquei SOCORR MUNDO PARA QUE EU QUERO DESCER! Só posso dizer que a morte de Evelyn é o topo do iceberg.
Não pense que você vai conhecer a fundo Aiden. Só conhecemos Aiden quando ele está no corpo das outras pessoas. Apesar dele ser o protagonista, não sabemos muito sobre quem ele é, sua personalidade em si; temos uns vislumbres de quem seria Aiden na realidade: um homem obstinado, destemido, leal e um pouco teimoso.
A escrita do autor é direta, sem muitos rodeios. Descrições na medida do possível para você se situar onde está (já que o dia se repete com várias pessoas em lugares diferentes), porém não é uma leitura que deva ser feita de modo rápida. Não no sentido de ser entediante, mas pelo fato da quantidade de informações que Aiden vai descobrindo. Elas não são todas jogadas na sua cara de uma vez, mas elas vão sendo mostradas aos pedaços e é sempre bom dar uma parada para analisar no que aquilo poderia repercutir no mistério.
O livro perdeu meia estrelinha pelo fato de não explicar muito bem o que seria Blackheath e onde Aiden estaria. Em certo momento da história, é sim explicado algumas coisas, no que dá a entender que o livro se passa num futuro muito distante e que Blackheath seria uma espécie de prisão mental. Loucura? Sim. Se amei? Teria amado mais se tivesse sido bem melhor abordado e explicado esse detalhe.
Outro ponto que me fez tirar meia estrela foi o começo confuso e cansativo. Não sei se é pela minha falta de costume de ler livros desse gênero, isso foi um empecilho no começo. Porém, quando me vi realmente envolvida e querendo saber quem raios matou a mulher, eu devorei a história.
As Sete Mortes de Evelyn Hardcastle é um livro perfeito para todos aqueles que curtem um grande mistério e, principalmente, para os fãs de Agatha Christie.
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