E eu não sou uma mulher?

E eu não sou uma mulher? bell hooks




Resenhas - Eu não sou uma mulher?


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Abayomi Jamila 04/06/2020

Para romper os silêncios do oprimido
Esse livro é indispensável para quem deseja compreender de modo histórico a mulheridade negra estadunidense. Nessa obra, bell hooks é visceral, expõe as torturas de homens brancos e mulheres brancas, que marcaram os corpos e a experiências de mulheres negras. O meu capítulo preferido é o quarto (Racismo e sexismo: A questão da responsabilidade), em que a autora se debruça a expor a safadeza de mulheres brancas na construção de um feminismo, que não estava comprometido em derrubar o sistema capitalista branco patriarcal, mas fazer parte dele. De forma escancarada, as feministas brancas escolheram negar a existência de mulheres negras e excluí-las do movimento de mulheres. Assim, “o racismo garantiu que o destino da mulher branca sempre fosse melhor do que os de mulheres negras” (234). Nessa acepção, O movimento feminista negro chega como resposta ao feminismo racista, todavia se afirma como o Outro, ou seja, se afirma a partir da narrativa do racismo.
Eu discordo, mas a aposta de bell é hooks é na sororidade, na união de mulheres negras e brancas na superação do racismo com a finalidade de alcançar uma revolução feminista, porque para a autora, feminismo é querer para todas as pessoas a libertação dos padrões dos papéis sociais da dominação e da opressão sexistas.
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Lívia Alves 29/05/2020

Apesar de acreditar na importância da leitura sobre feminismo negro, não é melhor livro de bell hooks. Em muitas passagens do livro os argumentos são repetitivos e a linguagem utilizada não é a mais acessível. A leitura acabou se tornando cansativa.
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ClaudiaMF 01/05/2020

Um livro seminal de bell hooks
Por ser o livro de estreia de bell hooks, "e não sou eu uma mulher" apresenta o estilo acadêmico da autora ainda rigoroso, com citações e referências importantes. Mas não traz a linguagem mais didática e acessível de outras obras como "O feminismo é para todo mundo" ou "Teoria Feminista". Tem foco na história das mulheres negras dos Estados Unidos, o que nos apresenta importantes contribuições para reflexões sobre as mulheres no Brasil e América Latina, mas ao mesmo tempo nos mostra como somos diferentes, ainda que compartilhemos uma história de colonização. Tempos e trajetórias diferentes, estratégias diferentes. A leitura sempre vale pelo estilo agradável de bell hooks, que trata de questões também abordadas por Ângela Davis em "Mulheres, raça e classe", com mais leveza.
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Ro 27/03/2020

Necessário
Naturalizamos tudo ao nosso redor e nunca nos questionamos sobre a necessidade de argumentar sobre certos tópicos. A agonia fica sufocada dentro de um ser que foi socializado para acreditar que as coisas estão seguindo o seu curso natural, quando, na verdade, somos produtos de relações paradigmáticas de poder verticalizado que tem como base educar corpos em prol das relações patriarcais e liberais. Poder ler algo que nos leva a refletir o nosso modus operandi é um privilégio, e compreender um texto com esse, em suas diversas facetas, é algo para várias releituras. Obrigada, Bell Hooks, por me fazer olhar diferente para o cotidiano e o vulgar.
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Rodrigo | @muitacoisaescrita 04/02/2020

Questionador e visionário
Escolhi, antes de resenhar este livro, ler outras obras de bell hooks. “E eu não sou uma mulher?: mulheres negras e feminismo” é seu livro de estreia e, em “Erguer a voz: pensar como feminista, pensar como negra”, ela olha para trás, vendo seu primeiro livro como fruto de sua necessidade de autorrecuperação, de entender a realidade de mulheres negras nos Estados Unidos, a fim de fugir das normas colonizadoras de uma sociedade supremacista branca e machista.
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Em “E eu não sou uma mulher?” – dividido em 5 capítulos: 1) Sexismo e a experiência da mulher negra escravizada; 2) A desvalorização contínua da mulheridade negra; 3) O imperialismo do patriarcado; 4) Racismo e feminismo: A questão da responsabilidade; e 5) Mulheres negras e feminismo –, bell hooks volta à história dos EUA para compreender a realidade e a posição das mulheres negras. A normatização do homem branco, sua universalidade, é denunciada, por exemplo, em “Quando falam de pessoas negras, o foco tende a ser homens negros; e quando falam sobre mulheres, o foco tende a ser mulheres brancas” (p. 27); nesse sentido, hooks denuncia, também, a subalternidade das mulheres negras, que não são homens nem brancas. Antes de denunciar o racismo presente nos movimentos feministas – dominados pelas mulheres brancas com privilégios de classe –, hooks descreve a experiência de ser mulher nos navios negreiros, mostrando o estupro como método de controle e reafirmação de mulheres negras escravizadas como objetos e mercadorias, tendo em vista que a mulher negra era vista como “cozinheira, ama de leite, governanta comercializável” e “por isso, era crucial que ela fosse tão aterrorizada a ponto de se submeter passivamente à vontade do senhor, da senhora e das crianças brancas” (p. 44). Mulheres negras escravizadas eram obrigadas a desempenhar um papel “masculino”, o que fez muitos historiadores – brancos, rs – pesquisarem acerca da emasculação de homens negros, quando, na verdade era uma masculinização de mulheres negras, visto que, por exemplo, “qualquer mulher branca forçada pelas circunstâncias a trabalhar no campo era considerada indigna do título ‘mulher’”. Mulheres negras exerciam todos os trabalhos que fossem designados a elas, enquanto homens negros resistiam, por ser “de mulher”. Nesse sentido, mulheres negras não eram vistas como mulheres, nem tinham sua feminilidade valorizada, como no caso de mulheres brancas.
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Mulheres negras, além de serem estupradas pelos senhores escravagistas, trabalhavam como “prostitutas” (raramente recebiam compensação pelo uso de seu corpo, então esse termo é inadequado), quando, na verdade, eram estupradas e os senhores recebiam todo o dinheiro. “Estupro” era somente com mulheres brancas. Na lógica escravagista, negros e negras eram mercadorias, produtos – não poderiam, portanto, ser “estuprados” pelo dono.
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A imagem da mulher negra foi moldado a partir de esteriótipos racistas, sexistas e misóginos. A devassa, a prostituta, a mulher raivosa, a mulher que fala alto, que compra brigas, a mulher sexualmente livre com um corpo convidativo, etc. “Casada ou solteira, criança ou adulta, a mulher negra era um alvo suscetível para estupradores brancos” (p. 99). “Mesmo que uma mulher negra se tornasse advogada, médica ou professora, era provável que ela fosse rotulada, por brancos, de meretriz, prostituta” (p. 102). hooks desconstrói, também, a tese do matriarcado, uma tese antimulher, baseado em esteriótipos advindos de uma cultura branca de tornar negativa a contribuição positiva de mulheres negras. Durante a escravidão, por terem aguentado trabalhos “de homem” (quando, na verdade, eram forçadas e obrigadas a fazê-los), mulheres negras passaram a representar uma “ameaça” à masculinidade dos patriarcas, pois ameaçava os mitos patriarcais sobre a natureza da diferença e inferioridade psicológica nata da mulher. A verdade é que “a maioria dos homens em uma sociedade patriarcal teme mulheres que não assumem os tradicionais papéis passivos e se ofende com elas” (p. 134).
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“As mulheres das classes alta e média que estavam na vanguarda do movimento [feminista] não se esforçaram para enfatizar o fato de que o poder patriarcal, o poder que homens usam para dominar mulheres, não é apenas privilégio de homens brancos das classes alta e média, mas de todos os homens em nossa sociedade, independentemente de classe ou raça” (p. 145). Homens brancos com poder de classe eram, no início do movimento feminista estadunidense, rotulados como “os” inimigos; ao denunciar isso, bell hooks evidencia a incapacidade de feministas brancas de enxergar o patriarcado como uma estrutura ampla e, ao mesmo tempo, a vontade de mulheres brancas de obter os privilégios desses homens brancos, não necessariamente de destruir as formas de opressão, bem como o próprio patriarcado ou o racismo, por exemplo. Em seguida, hooks enfatiza o imperialismo do patriarcado, onde homens se “uniram” a fim de estabelecer a supremacia masculina – um fato que comprova isso, por exemplo, foi o direito ao voto estendido aos homens negros, mas não, também, às mulheres negras e brancas. “Racismo sempre foi uma força que separa homens negros de homens brancos, e sexismo tem sido uma força que une os dois grupos” (p. 163).
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“O processo começa com a aceitação individual da mulher de que as mulheres estadunidenses, sem exceção, foram socializadas para serem racistas, classistas e sexistas, em diferentes graus, e que, ao nos rotularmos feministas, não mudamos o fato de que devemos trabalhar conscientemente para nos livrarmos do legado da socialização negativa” (p. 249). Ao longo do quarto capítulo, bell hooks denuncia o racismo velado – ou até mesmo explícito – no movimento feminista, “liderado” por mulheres brancas privilegiadas, que, muitas vezes, não abdicavam de seu lugar opressor e recusavam-se enxergá-lo. A negação nos espaços e o silenciamento foram “armas” para evitar mulheres negras nos círculos “feministas”. Ousaram, também, afirmar que a “maior preocupação” das mulheres negras era o racismo, não o sexismo, visto que elas já trabalhavam, logo estavam “libertas” (essa questão é retomada em “Teoria feminista: da margem ao centro”).
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O livro não possui notas-de-rodapé e, de acordo com hooks, isso foi devido ao fato dela querer que o máximo de pessoas tivessem acesso ao livro e pudessem compreendê-lo com maior facilidade, para fugir do contexto academicista que exige palavras difíceis, um diálogo centrado para uma “bolha” e não para as massas. A linguagem do livro também é bem direta e pessoal, hooks defende muito bem seus pontos de vista e trás bastantes referências para fazê-lo.

site: https://www.instagram.com/muitacoisaescrita
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Leio, logo existo 13/01/2020

Texto corajoso, pois tira do pedestal os principais líderes do movimento negro das décadas de 50 e 60. Mas o foco principal do livro é traçar um panorama histórico do sexismo e do racismo na sociedade americana, apontando as diferenças das demandas das mulheres negras e das mulheres brancas, esclarecendo que, nos primórdios, o movimento feminista era estritamente racista e classista.
Fernanda1943 08/02/2020minha estante
Gosto da sua resenha e preciso afirmar que o feminismo ainda é muito racista e classista.


Leio, logo existo 08/02/2020minha estante
Estou começando a estudar esses temas agora. Antes da leitura desse livro não tinha pensado sobre essa faceta do movimento feminista. Sinto que preciso me aprofundar sobre esses temas. Quero ler agora o livro da Djamila Ribeiro " Quem tem medo do feminismo negro?"


Leio, logo existo 08/02/2020minha estante
Já leu?


Fernanda1943 13/02/2020minha estante
Sim, eu já li. Gosto muito da Djamila Ribeiro, esse livro dela é muito bom. Eu defendo muito o feminismo negro. Aconselho você a ler tbm Ângela Davis, Patrícia Hill Collins e afins. Mesmo que sejam americanas da pra contextualizar e ver esses nichos aqui na sociedade brasileira. Tbm é legal você ler a Chimamanda Adichie que é uma nigeriana.


Leio, logo existo 13/02/2020minha estante
Todos esses nomes já estão na minha listinha.




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