Urupês

Urupês Monteiro Lobato




Resenhas - Urupês


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Pedróviz 17/03/2021

Impressões
Urupês são aqueles cogumelos "orelhas-de-cobra", comuns no processo de decomposição da madeira. Chama-se assim urupês aquilo que cresce à toa, invade.
Seguem minhas impressões da leitura.
A obra Urupês, de Monteiro Lobato, reúne vários contos que podem ser considerados como cenas de um misto de tragédia e comédia. O principal cenário é o meio rural com suas lidas, costumes, linguagem, crenças e sofrimentos. A obra não chama atenção aos prazeres da terra, mas aponta os tormentos: a maleita, a saúva, a inveja, o ódio, a maldade, enfim, o mal está na natureza e está no homem.
No conto Os faroleiros, narra-se como dois rivais são levados pelo destino a trabalhar num mesmo farol. Desfecho sangrento. Bom conto.
O engraçado arrependido é um conto sobre um contador de piadas e fazedor de gracinhas que quis ser um homem sério. Esse conto me causou um farfalhar de risos por conta do estilo do autor. O desfecho é irônico. Muito bom conto.
A colcha de retalhos é o conto mais triste do livro. Muito sofrimento e um final de cortar o coração. Muito bom conto.
A vingança da peroba é uma advertência aos tolos. Dos que têm o coração sujo, até o pouco que têm lhes será tirado. Um bom conto.
O suplício moderno é um conto referente à antiga profissão dos estafetas. O autor descreve vividamente a realidade daqueles homens e suas montarias para então desenvolver o conto com um personagem. Muito bom.
Meu conto de Maupassant é um conto sobre remorso com um desfecho macabro. Não me impressionou.
"Pollice verso" é uma crítica àquela medicina carniceira que cultiva pacientes em vez de curar. Muito bom.
Bucólica é um conto cujo clima muda à medida que um fato triste vai sendo revelado. Um bom conto.
O mata-pau é um paralelo entre a árvore homônima e sobre como se infiltra um parasita numa família. Muito bom.
Bocatorta está mais para um conto de terror. Interessante, mas não me cativou. Bom.
O comprador de fazendas é sobre um jovem que se passa por comprador de fazendas. Um dia a ironia do destino bate à porta. Muito bom.
O conto O estigma introduziu para mim o termo face noruega, que é aquele lugar sempre sombreado que, apesar das plantas crescerem e terem folhas, jamais frutificam. O viver do protagonista com sua esposa era uma face noruega. Ótimo conto.
Velha praga não é conto. É um manifesto de indignação do autor. Ele escrevia contra as tradicionais queimadas e não poupava os seus autores, os caboclos. Bom conteúdo.
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JoaoGabriel2911 19/06/2021

Livro Bom
Gostei do livro, as histórias são interessantes e ainda tem a linguagem da época que é uma coisa boa para aprender sobre o passado!
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Lidy 08/07/2009

Do Inusitado ao Grotesco
Passei boa parte da minha infância lendo os livros infantis de Monteiro Lobato. E como gostava! Para quem gostou de ler desde sempre e não tinha muitas opções de livros na época, as aventuras da turma criada por Lobato eram um prato cheio para minha imaginação.

Eis que depois de muitos anos, o famoso autor brasileiro passou a ser assunto frequente nas aulas de literatura. Não era por menos, ele tinha obras de todos os tipos e para todos os gostos. Não me senti muito atraída pelas histórias de seus livros "adultos", apesar de algumas temáticas interessantes. Por coincidência, "Urupês" estava na lista de leitura obrigatória de um dos vestibulares que faria naquele ano. Antes de iniciar a leitura, tive uma aula sobre o livro que levou minha imaginação longe: contos cheios de tragédias, de todas formas possíveis.

Apesar de toda ansiedade de primeiro momento, cinco páginas foram suficientes para perder boa parte do encanto inicial. Não gosto de abandonar livros sem finalizar a leitura, então fiz um esforço para ir até o fim. Lobato tem uma estética boa, claro. Assim como nos seus livros infantis, ele sabe muito bem como escolher vocabulário e ordem cronológica dos fatos de modo a agradar ao leitor.

Entretanto, toda essa "perfeição estética" torna-se enfadonha na maior parte do tempo. A intenção, com esse livro, era criticar certas figuras típicas que chamavam a atenção do autor na época – depois da período em que morou no Vale do Paraíba como fazendeiro. Críticas pesadas, e sem dó. O primeiro conto do livro, "Os Faroleiros", foi bem escolhido para iniciar a sequência de contos. Tem um tom "noir", cria uma expectativa e apresenta um final trágico e por vezes, assustador. Todos os contos acabam assim, com uma tragédia que chega a provocar embrulho no estômago.

Para garantir a sensação de mal-estar, os acontecimentos mais inusitados foram colocados no papel. Imagine um personagem que morre de tanto rir. Não é no sentido metafórico – ele tem um aneurisma no meio de várias pessoas enquanto não consegue controlar a própria risada. Esta cena é só uma parte do estranho conto “O Engraçado Arrependido”. O grotesco toma forma da maneira mais explícita possível no conto Bocatorta. Se os leitores do livro “Noite na Taverna” sentiram nojo com a cena em que um personagem tem relação sexual com uma pessoa morta, mal sabem o que lhes espera no conto Bocatorta. A cena se repete, num contexto diferente, e com um personagem completamente deformado. A descrição da cena é uma das partes mais estranhas do livro.

Os contos mais tristes são “Colcha de Retalhos” e “Bucólica” – este causa indignação com o triste desfecho. O melhor conto é “Meu Conto de Maupassant”, que segue mesmo a linha do autor francês e tem um bom desenvolvimento – a história flui bem.

”Urupês” ficou conhecido pelo seu último conto, que leva o mesmo nome do livro, devido à personagem Jeca Tatu, o caboclo preguiçoso. Urupês é uma espécie de fungo parasita (“orelha-de-pau”), é assim que Lobato vê o caboclo, como um parasita, incapaz de agir como uma pessoal normal e sempre entregue ao ócio.

No geral, os 14 contos que compõem este livro começam de forma interessante, entretanto, na tentativa de causar impacto com aspectos expressionistas, Lobato acabou exagerando e criando situações que não poderiam acontecer – pela simples necessidade de mostrar uma coisa mórbida. Chega uma hora em que o livro fica repetitivo, por seguir essa seqüência – um acontecimento absurdo com um desfecho ainda pior. As críticas feitas também são exageradas por demais. Impossível não sentir raiva do autor ao ler alguns contos por isso. Monteiro Lobato pode ser um bom autor, mas esta obra, infelizmente, não conseguiu superar as expectativas.
nerito 05/04/2015minha estante
Puxa, sua resenha foi ótima. De fato, os contos são de embrulhar o estômago. Por vezes é o preconceito descarado de Lobato e por outras é justamente o andamento trágico quase burlesco. Caramba, o livro chega a ser depressivo...
E olha que sou admirador da obra de Lobato... rs... Mas de fato suas colocações foram ótimas, inclusive por conta dos exemplos retirados dos contos.


Sérgio 20/12/2015minha estante
Só dois centavos para acrescentar, o livro apesar de impactante ele tem realmente essa função.. principalmente no caso do Jeca Tatu, o personagem icônico de Lobato é o retrato do abandono governamental e social a qual o autor quer expor. Jeca tatu não é assim por que quer.




Gladston Mamede 21/06/2020

Não é uma resenha; é só uma declaração: amei. Amei. É o que basta.
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Lucas1429 18/07/2022

Parasita intelectual
Monteiro Lobato configura patente na prosa pré-modernista, quando articula seus textos em prol do intelecto pessoal afoito ao ambiente ruralista do início do século XX. Datado da década de 10, colabora com os principais jornais de São Paulo para a impressão e divulgação de seus artigos e contos que culminariam em 1918 neste celebrado “Urupês”. Merece a alcunha célebre, pois, indaga os estertores do viés socioeconômico que assolava o país à época (a relação ao Brasil de hoje não é mera coincidência), denunciando os fatores principais para a derrocada das minorias observadas: a política governamental e estatal, a burguesia.

Nesse período é presença dominante o coronelismo, que impingia os votos de cabresto à população rural vulnerável, beneficiando a liderança de imponentes coronéis das regiões respectivas. Essa obrigatoriedade foi mal vista pelo escritor que, herdeiro de uma fazenda no Vale do Paraíba, desmonta os aforismos de abstenção e caneta suas impressões argutas. Para isso, usa figuras recorrentes do período das proximidades como modelo às historietas.

Dos 13 contos, mais 1 artigo, embarca a pena de Lobato aos excessos da morbidez, às denúncias políticas, aos esfarelo ecológico, e ainda sobram linhas para o desvelo racista, já de conhecimento público. De lado, por ora, do cunho preconceituoso, suas narrativas curtas são bem escritas, magnificamente, e cativantes no intuito honorável dos temas. Em “Os faroleiros”, tem-se um espaçamento que dá lugar aos temas de Lovecraft, em proximidade ao conto “Erich Zann” e ao “O farol”, filme de Robert Eggers, quando emula um depoimento macabro de dois trabalhadores do mar; há uma pegada noir diferente do que será visto no restante do livro. “O Engraçado Arrependido” arremata a eterna discussão do comodismo.

No “A colcha de retalhos”, discute ele o ageísmo dos velhos componentes vivos do campo perante às gerações mais novas de uma família vinda de outra localidade tempos antes. “A vingança da peroba” marca o típico duelo entre duas casas que demarcam território, com um desfecho de justiça à natureza ofendida; quase uma carta de amor do autor ao ecossistema fruto de disputa terrena. “Um suplício moderno” é a deixa para a denúncia partidária da politicagem que assolava os pequenos espaços agrícolas, envolvendo parentelas importantes aos cargos suntuosos e acarretando em cargos excruciantes os vassalos, num contexto proletário cíclico, atemporal.

Em “Meu conto de Maupassant”, rápida menção a um caso numa paragem que beira ao fantástico irregular, tal qual o escritor francês referência. “Pollice verso” é notadamente um dos melhores, discorrendo sobre os excessos ambiciosos da classe média que atenta ao diploma médico para obtenção própria de louvores e dinheiro, em contraste com a filosofia da profissão humanizada. O “Bucólica” é quase lírico, narra em depoimento o destrato de uma mãe pela sua filha portadora de uma deficiência física aos olhos da cuidadora, uma mulher negra. Lobato quase exalta a personagem na sua candura empática, o que se desconfia, dado o histórico, mas não há outra tangente subjetiva, é como é.

No “O mata-pau", um desvairado causo que buli com a ávida cobiça de um filho casa com o simbólico título de uma árvore que invade outra, e a extermina. “Boca-torta”, concentra no vilão da história, uma espécie de Frankenstein negro que afeta à rotina de uma cidadezinha, descrevendo os atingidos como meros heróis românticos, vítimas do horroroso injustiçado; porém, é possível observar também em seu final a temática de Lobato à solidão humana. Em “O Comprador de Fazendas”, uma anedota divertida do barato que sai caro. “O Estigma” é o ciúme feminil posto em voga e a infelicidade conjugal num clímax brutal.

Às proximidades de encerramento, “Velha Praga” foi composto originalmente como um artigo expiatório sobre as queimadas e desmatamentos concentrados na região do Paraíba, culpabilizados por caboclos moradores das localidades. No mais famoso da coletânea, “Urupês”, Lobato desfecha todo o ressentimento pela comunidade cabocla incitando-os ao pouco caso pessoal, que incluem assepsia, cultura, alimentação, educação e tudo ademais que os envolva. Anos depois reconheceria que a ciência era a expressiva salvadora da pátria e estariam esses párias sendo mártires sociais do descaso do Estado.

A conclusão é que, misto de emoções, e passando por assuntos deveras importantes, sem fugir à discriminação em passagens mais raivosas, tencionadas, não críticas, o paralelo que traça com Jeca Tatu, de igual valia a um urupê, fungo parasita, pensa Lobato fugir ele próprio do quê parasitário; todos esses personagens são crias de modelos exemplares do espaço temporal que quis projetar, em que ele surge como um intelectual aproveitador das suas musas inspiradoras. Talentoso e intolerante, que encruzilhada.

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Isabella1803 18/02/2024

Um dos principais livros da literatura brasileira, Urupês é uma coletânea de histórias que retratam, em sua maioria, o embotamento do homem do campo, marcado pela miséria e abandono.
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Zeantonio 02/06/2021

Contos interessantes que tratam a princípio do cidadão sertanejo, um contraste com outras obras que tornam ?heroico? o mesmo cidadão
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Jean Bernard 29/08/2021

Contos críticos
Antes de julgarmos Monteiro Lobato por seis equívocos, conhecer sua obra é essencial. Vemos um homem preocupado com a situação do país gritando aos 7 ventos, quase como um pedido de socorro. Um homem que não pode ser colocado em caixas ideológicas. Um homem que tinha suas opiniões.
O que mais me impressionou foi a escritora de Monteiro (muito diferente das suas histórias infantis). Um escritor que sabe usar as palavras com maestria quase poética para tratar problema reais e mundanos.
Recomendo conhecer sua obra, para assim tirarmos nossas conclusões (ainda estudando para chegar lá).
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Cauan 02/04/2022

Um bom entretenimento e... Acho que só
Para mim um livro ganha estrelas de graça quando tem palco na ambiente e na cultura brasileira; nesse quesito, Urupês tira outras obras de letra. Outro fator é a escrita, que apesar de difícil de entender em certas ocasiões ainda é magnífica e isso todo mundo já sabe! Agora algo que me incomodou na maioria dos contos (um ou outro se salva dessa interpretação) é a falta de profundidade significativa; quero dizer, quando terminava de ler as histórias, falava comigo "Idaí que isso aconteceu? Aconteceu, mas idaí?". Senti falta de algo a mais. Uma história apenas por se contar vale a pena?... As tragédias me entreteram bastante durante a leitura, mas e depois? Já me esqueci de todas. Se o livro é bom, é por causa do que descrevi no início do texto (minha opinião) e um pouco por causa da curiosidade que as histórias passam. Nada muito memorável, nada que não vala a pena por os olhos. Você vai gostar se gostar de suspense e tragédias, como eu gostei. Se quiser algo mais profundo, aconselho ler outro autor. Já li muitos suspenses com significados além do que se mostra em cena, Urupês teve essa oportunidade mas a disperdiçou, infelizmente.
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Pedro.Valério 31/03/2021

MINHA IMPRESSÃO
O livro Urupês do Monteiro Lobato, tem catorze contos, que em sua maioria se passam em uma área rural do interior do São Paulo, na região do vale do Paraíba. Nesta obra é clara a intenção do Monteiro Lobato de criticar certas figuras típicas da época onde ele escreve o reflexo de como, pensava na época, de forma bastante grotesca. Tanto que já no seu primeiro conto, ele lança diversas críticas sem dó. Porém após ter lido alguns contos eu comecei a achar a leitura muito cansativa, pela necessidade do Monteiro de querer mostrar o lado mórbido em muitos destes contos, o que até causava um certo desconforto, como no conto A Colcha de Retalhos, o qual durante a história ele expressa muito sofrimento e tem um final sombrio e muito triste.
Contudo o único conto que achei interessante foi coincidentemente o que dá o nome a obra, Urupês, no qual o autor trouxe um retrato de toda a miséria e atraso que o brasil vivia naquela época, através do personagem icônico, Jeca Tatu, caipira, sem jeito, analfabeto, doente, preguiçoso e abandonado pelo governo. Acredito que esse conto seria a única leitura valida deste livro, porque ele traz uma clara perspectiva do contexto histórico do Brasil na época e traz uma visão pejorativa sobre os homens das áreas rurais, sem trazer tanto desconforto ao leitor
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R.Sanches 01/06/2022

O estafeta.
No conto Um Suplício Moderno, o estafeta Izé Biriba, na fictícia Itaoca, Monteiro Lobato mostra que conhecia tão bem o povo brasileiro e seus rincões.
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Jan 01/07/2022

Lobato e a arte de falar sobre as "cidadezinha qualquer"
Urupês é um clássico de Lobato. Ainda que eu não goste do que circula em volta do nome dele (como racismo e machismo) - e sem entrar na discussão de anacronismo - ele é genial na arte de representar as gentes e cidades do interior. Sua linguagem na obra mostra a renovação literária que foi o Pré Modernismo, época literária de denúncia das condições sociais e do balde de água fria na esperança advindo do republicanismo recém instituído. Vale a pena conhecer se você já leu Lima Barreto (ele sim, o mais contundente e crítico literato do início do século XX).
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Daniel 04/03/2022

Urupês
O livro Urupês de Monteiro Lobato reúne 14 contos sobre diversos temas e assuntos como: Tradição, Família, Casamento, Azar, Sorte, Preservação Ambiental etc. Todos os contos são ambientados na zona rural do estado de São Paulo.

A seguir eu elenquei os 14 contos de acordo com os que eu menos gostei até os que mais gostei:

14. Os faroleiros
13. Bucólica
12. Bocatorta
11. "Pollice verso"
10. Meu conto de Maupassant
9. Um suplício moderno
8. O engraçado arrependido
7. O estigma
6. O mata-pau
5. O comprador de fazendas
4. Urupês
3. A colcha de retalhos
2. A vingança da peroba
1. Velha praga
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Spalidoro 24/05/2013

Sou um mero mortal para falar desta obra, mas foi muito difícil terminá-la mesmo tendo menos de 100 páginas, as histórias são pouco aprofundamento, e cerca de 80 porcento do livro ele soltra frases desconexas e usa palavras complexas que tem pouca ligação, frases em latim, e termos científicos, falta base e desenvolvimento a história principal, para min o livro é muito valorizado porque o único conto bem explicado e com boa formação é Urupês que conta a história de Jeca Tatu, que salva o livro e o torna um clássico.


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