Cley 26/02/2020O passado de uma cidade é algo que provoca curiosidade, principalmente quando assuntos questionáveis foram mantidos em segredo. Situada no noroeste paulista, Três Rios é um lugar coberto de segredos, e não importa quanto tempo passe, os mais obscuros surgem causando pânico e medo. As histórias sangrentas se iniciam em uma videolocadora, local singular onde alugam os sonhos e as vidas dos seus clientes.
"Todo ser humano gosta de assistir outro ser humano sofrendo. É coisa nossa, a gente se comove com a dor do outro, então passamos a sentir esse tipo de interesse bizarro."
Histórias que se passam entre a década de 80 e 90 sempre chamam minha atenção. Talvez eu mesmo não consiga explicar o motivo disso, mas a ambientação da época, os costumes, pelo menos para mim, são bem mais interessantes que histórias que se passam no novo milênio.
Bravo teve êxito em escolher uma cidade pequena como palco de suas histórias, um tiro certeiro, tendo em vista que cidades pequenas são bem mais propícias a acontecerem fenômenos inexplicáveis.
“VHS” é livro de contos ou um romance fragmentado, já que determinados contos têm referência a outros. Posso afirmar que, entre as dezesseis histórias contadas, mais de uma te surpreenderá e fará você considerar até que ponto o homem pode ir.
É comum em livros de conto que uns agradem mais que outros. As histórias de cunho sobrenatural não me atraíram tanto, pois não vi singularidade. Em contrapartida, as que tiveram um aspecto mais realista foram os que mais me incomodaram, no bom sentido.
A escrita do Cesar é bastante fluida e objetiva, garantindo que o leitor fique compenetrado na leitura e tenha diversas sensações.
Houveram muitas histórias bem escritas e construídas, mas “Bicho papão” me fez entrar num dilema, e refletir sobre o que é certo e errado. “Torniquete” me conquistou por seu viés psicológico.
Nostalgia, medo, angústia, apreensão e reflexão é o que “VHS” proporciona ao leitor. Uma obra que eleva o horror nacional e agrada os fãs do gênero.