Jackcoriolano 01/02/2023
Quando acreditávamos em sereias, de Barbara O'Neal
Quando acreditávamos em sereias, de Barbara O'Neal, publicado pela Principis em parceria com a Tag Experiências Literárias, é um drama envolvente, que me fez refletir muito sobre sentimentos gerados por nossas percepções, falhas e superficiais, daquilo que nos cerca. Nem tudo é como vemos, há camadas escondidas no outro, que nem sonhamos.
Nesse romance acompanhamos Kit e Mari, irmãs separadas muito antes de uma achar que a outra morreu num ataque terrorista. Kit conviveu com o luto por sua irmã Josie durante 15 anos, não somente Kit, mas sua mãe também, até que ambas veem num noticiário algo que seria impossível.
A família Bianci ainda agrega Dylan, um menino que aparece na porta deles, perdido e com sinais de violência. Dylan é acolhido como filho e passa a cuidar de Kit e sua irmã, sendo visto por elas como irmão e herói.
Ao buscar a verdade, Kit precisa enfrentar e reconhecer lembranças, sentimentos e perdas aos quais se forçou, ao longo dos anos, a domar e a reprimir para seguir com sua vida. Essa busca a leva da Califórnia para Auckland, na Nova Zelândia, onde conhece Javier.
A narrativa é alternada entre Kit e Mari, com fatos e fluxo de consciência e entre passado e presente, assim vamos desvendando os segredos da família Bianci sob duas óticas. A visão de Kit é bem "superficial", a mim, pareceu que ela não tinha conhecimento de toda falta de estrutura de sua família, embora considerasse que sua irmã, sua mãe e Dylan estivessem perdidos, ela não sabia em que profundidade.
Achei que nas narrativas da Kit a autora se deteve a descrever lugares e sensações, arrastando e repetindo um pouco alguns aspectos, porém, não chega a comprometer a leitura. Já a narrativa de Mari é mais intensa e dolorida, a própria personagem, é mais complexa, cheia de camadas e me envolveu muito mais.
A história vai além de descobrir segredos do passado, envolve recomeço, perdão, redenção e reconhecer para si os danos de feridas mal curadas. Embora seja um livro com muitas páginas, 396 páginas até o epílogo, a leitura é muito fluída e comovente, lemos sem sentir.
Atenção: há possíveis gatilhos, pois envolve violência, pedofilia e uso de substâncias ilícitas.