Bianca 14/08/2020
Poderiam nossas diferenças nos separar em outras espécies? - Resenha do blog Nebulosa de Flores
A Máquina do Tempo é um romance de ficção científica lançado originalmente em 1895 e que foi escrito por H. G. Wells, um autor britânico consagrado no gênero. Eu confesso que este foi o primeiro livro que eu li do autor, mas acho bem difícil alguém não conhecer o trabalho dele, já que o filme Guerra dos Mundos - famosíssimo no cinema, tendo Tom Cruise no elenco! - foi uma adaptação de um dos seus livros, de mesmo nome.
O livro segue o Narrador, um personagem que não possui nome e identidade, mas que nos apresenta toda a história. E este personagem conhece o Viajante do Tempo, nosso protagonista, do qual estar prestes a viver a maior história de sua vida! Uma das coisas mais legais desse livro é que nenhum personagem (exceto por um) tem nome! Todos são chamados por sua profissão ou são colocadas pontuações para não revelar suas identidades.
O livro pode parecer um pouco maçante no começo, principalmente pra quem não está habituado a ler sobre ciências ou conceitos matemáticos, no entanto, essa edição da editora Pé da Letra estava muito gostosa de ler, com vocabulário simplificado e que tornaram minha leitura fluida. Mesmo assim, eu considerei essencial esse começo mais "técnico", pois embasa a ficção ao qual o livro se propõe e isso é crucial para imersão.
A história por fim, se inicia com um importante debate entre alguns homens céticos e outro nem tanto, a respeito do universo, suas dimensões e nossa liberdade sobre elas. A discussão fica mais acalorada quando o Viajante do Tempo diz que construiu uma máquina que poderia desvendar todos os segredos tanto do passado como do futuro e é recebido, é claro, com muito ceticismo e dúvida, inclusive do nosso Narrador.
Porém, mesmo sem acreditar nas pequenas demonstrações do protótipo, os homens voltam a se reunir para continuar suas discussões cotidianas, o que eles não imaginavam é que encontrariam o Viajante do Tempo em uma situação lastimável e que ele tinha uma longa história para contar.
O Viajante então toma a narrativa da história e conta como ele, utilizando sua Máquina do Tempo, conseguiu ir até o ano 802.701. D.C, um futuro longínquo do qual nós sequer imaginamos como será. Inicialmente, tudo naquela nova Terra, parecia perfeito. Uma série de condições aparentemente sublimes para vida, criou uma nova espécie, derivada da nossa, que vivia em um mundo sem qualquer problema.
Mas onde estava nossa espécie? E a tecnologia? Por que os seres dominantes viviam como primitivos em um paraíso? Por que a evolução aparentemente começou a retroceder? Estas são algumas das questões que o Viajante logo se depara em sua chegada no estranho mundo novo.
Porém, a beleza daquele mundo perfeito é completamente destruída quando o Viajante descobre que nós, ou melhor, nossos descendentes, já não eram mais o topo da cadeia alimentar e que nossa sociedade atual pode ter construído este cenário de horror.
H. G. Wells serve um prato cheio de reflexão, utilizando poderosas análises da nossa sociedade para explicar porque o mundo terminou daquela forma macabra e em vários momentos, eu vi metáforas para fazer uma crítica importante a forma como nossa espécie se organiza, consome, produz e EXPLORA seus iguais e ainda nos faz pensar: Se essas coisas continuarem, até que ponto continuaremos sendo iguais?
Até que ponto, continuaremos humanos?
Com um final cheio de mensagens e super reflexivo, A Máquina do Tempo é um livro que certamente eu vou revisitar, pois me marcou de diversas formas. É um livro antigo, mas que me fez perceber que a nossa espécie, apesar da evolução, não mudou como sociedade (!), é só ler com atenção as comparações que H. G. Wells faz entre os povos do futuro e sua própria época (que possui problemas ainda vividos por nós em 2020!).
Recomendo!
site: http://nebulosadeflores.blogspot.com/2020/08/resenha-maquina-do-tempo-h-g-wells.html