LucaWeingartner 09/09/2013
O Livro Mais Triste Do Mundo
“Medo é algo que, hoje, apenas lembro de ter tido. Tenho temores, confesso, mas temer não é o mesmo que sentir medo. [...] Eu, eu tenho certeza que estou morrendo, chego a sentir as dores que um dia me levarão daqui, mas nadinha me amedronta. E é por causa dessa minha estranha forma de leveza que, às vezes, não creio estar realmente viva.” (pág. 46 e 47)
Sim, eu sei que o título parece presunçoso. E seria (afinal eu não li todos os livros do mundo) se essa afirmação fosse minha, mas não é. Essa afirmação é da própria autora. Não da Fernanda Young, da Adriana-Daiane-Carina-Renata-Daniela-Creuza-Fernanda-Anne-Bianca-Francine-Thereza-Reticências (que, por motivos estéticos, chamarei de “a protagonista”). E, sofro em dizer, talvez ela tenha razão.
“Tudo Que Você Não Soube”, é o sétimo romance publicado da autora Fernanda Young. E traz, em primeira pessoa, as revelações da vida de uma mulher, já madura, que escreve para o seu pai moribundo. Pai esse, que ela – a protagonista – não vê há anos, e quando descobre que o tempo dele está acabando, resolve jogar, cuspir, vomitar pra ele toda a sua vida, seus segredos e suas dores.
Não existem conflitos a serem solucionados neste livro. O livro é um relato, uma catarse. Palavras, que formam frases, que formam parágrafos, que formam capítulos, que formam um livro e trazem com ele a dor. Só a dor. Sem culpa, sem arrependimentos, sem perdão. Dor! Na sua mais pura e primitiva forma.
A autora consegue, em menos de 150 páginas, nos conectar com a protagonista de uma forma tão anormal, que chega a ser ridículo. Talvez – e eu disse talvez – seja aí que more toda a tristeza desse tal livro mais triste do mundo. Na identificação. Talvez, se identificar com tanta dor, seja mais triste do que a própria dor relatada por ela – a protagonista. Triste, não?! Pois é.
Não quero, e não irei, falar sobre a trama. Sobre o martelo, sobre o alemão, a praia, o sangue, as punições. Na verdade, não acho que irei falar sobre mais nada. Pronto, é isso. Não irei mais falar sobre nada. Já disse tudo o que tinha pra dizer, irei desligar o computador e reler o livro. Até toda essa dor, da identificação, passar.
Obrigado por me ouvir.
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