Resenhas - Maurice

Beto 21/04/2024

Que obra meus amigos! Uma grande surpresa esse livro! Uma nuance da homossexualidade no início do século XX na Inglaterra. A história de Maurice, Clive e Alec é maravilhosa, bem escrita e muito reflexiva. Recomendadíssimo!

nate_josten 27/03/2024

"A um ano mais feliz"
É difícil pôr em palavras o quanto esse livro tocou meu coração. Como um grande fã do filme, eu insisti em ler a história original em busca de mais da narrativa que me emocionou tanto. E, sinceramente, foi a melhor coisa que eu poderia ter feito.

Me impressionei com a maneira fluida que Maurice é narrado, com capítulos no tamanho perfeito e linguagem compreensível, apesar de rebuscada. E a escrita... a escrita é a coisa mais linda que eu já li até hoje. Fiquei, e ainda estou, FASCINADO com a forma de Forster narrar o cotidiano de forma poética. Esse livro é pura poesia! Cheguei a grifar páginas inteiras de tão bonitas que soavam.

Me admira muito a complexidade dos personagens e como todos eles são dolorosamente reais. Te fazem rir, te fazem chorar, te deixam com raiva... provocam toda a pluralidade de emoções que um ser humano real provoca. De todos eles, os mais bem escritos, para mim, são Maurice e Clive. Mesmo com a explicação do autor no final sobre o desenvolvimento do Alec, ainda foi difícil me conectar com ele por acha-lo, de certa forma, raso demais.

Passei todo o livro indo do sentimento de querer abraçar Maurice para o de querer bater a cabeça dele numa parede. Ou a minha, ao me identificar com vários dos seus conflitos internos e religiosos. Esse é outro dos pontos fortes para mim, a abordagem da religião! Incrível. Extremamente bem trabalhada. Principalmente a jornada das crenças e descrenças de Clive, de acordo com os períodos que estava vivendo.

Ah, Clive Durham... Como foi difícil te defender durante essa história. Mas eu não deixei o meu título de defensor número um do seu nome cair por terra e pude ver como todas as suas particularidades não te tornavam mau, apenas humano. Sinto tanto por você não ter tido seu final feliz. Essa é minha maior dor da narrativa como um todo, a prisão em que Clive se colocou, devido às circunstâncias do mundo em que vivia, e que nunca teve coragem o suficiente para se libertar. A cena final retrata isso de maneira perfeita, sem precisar ser descrito em palavras.

O final é muito agridoce para mim. Ao mesmo tempo que meu coração dói por Clive e tudo o que poderia ter sido, ele também se aquece por Maurice ter dado um fim oficial em sua jornada com o velho amigo e finalmente encontrado sua liberdade e felicidade ao lado de alguém que estava tão disposto a se sacrificar quanto ele. Não sou o maior fã de Alec, e muito menos da relação dos dois. Para falar a verdade, odeio a dinâmica e o desenvolvimento deles. A única coisa que me alegra em relação aos dois é pensar que Maurice conseguiu receber o amor que estava disposto a oferecer. E o simbolismo por trás disso, a mensagem de que pessoas queer merecem e podem ter seu final feliz.

Se bem que, na minha concepção, nem deu tempo deles se amarem de verdade.

Eu seeeeei que esse é o conceito deles como parceiros, mas os diálogos, as chantagens, as cobranças... não me descem. Não dá.

De alma e corpo eu me derreto total e completamente ao amor juvenil, puro e idealista de Maurice e Clive. Cambridge, o quarto azul, as samambaias, o passeio a cavalo. Para mim eles representam a forma mais genuína do amor. Mesmo que tenha tido começo, meio e, infelizmente, fim.

Considero esse livro um marco na minha própria história. Não poderia me sentir mais grato por Forster ter sido um escritor visionário o suficiente para torná-lo real e público, fazendo com que eu tivesse a oportunidade de ler

Molusco Bookstanático 14/03/2024

Maurice é um romance que não é perfeito, mas que é bonito em sua imperfeição. Escrito em 1913-1914, e revisado algumas vezes, este romance foi finalmente publicado em 1971.

O livro apresenta uma narrativa corajosa e pioneira sobre um amor proibido entre dois homens na Inglaterra eduardiana, abordando questões profundas de identidade, sexualidade e sociedade, desafiando as normas da época.

?Maurice" continua relevante nos dias de hoje devido à sua abordagem corajosa sobre questões de identidade e sexualidade, especialmente em um contexto em que ainda se discute a busca pela chamada "cura gay" em alguns ambientes. O livro oferece uma visão profunda e humanizada das lutas internas e externas enfrentadas por indivíduos que não se conformam com as expectativas sociais tradicionais.

O personagem Clive é particularmente interessante, pois representa a dualidade de aceitação e negação de sua verdadeira natureza. Sua trajetória reflete os desafios e pressões enfrentados por muitas pessoas que tentam se encaixar em padrões sociais restritivos, mesmo que isso signifique sacrificar sua própria felicidade e autenticidade.

O desfecho do livro como uma história feliz é notável, pois desafia a expectativa de que histórias centradas em relações LGBTQ+ devem inevitavelmente terminar em tragédia ou desilusão. Em vez disso, "Maurice" oferece uma narrativa de esperança e realização, mostrando que o amor e a aceitação podem triunfar sobre as adversidades e preconceitos. Essa abordagem positiva é inspiradora e ressalta a importância de representações diversas e inclusivas na literatura.

rayray 03/03/2024

Meu conceito de favorito.
E. M. Forster conseguiu o feito incrível de trazer a tona minhas considerações acerca de "livros favoritos", já que certamente eu jamais faria uma lista mental de quais são os meus se não fosse pelo meu favoritismo do começo ao fim nessa verdadeira obra de arte.

Eu não conseguiria pôr em palavras o quão a frente do seu próprio tempo Forster estava com Maurice. Não apenas o fato de que quis que o livro fosse publicado mais de 60 anos depois de escrito, o que por si só e pelos motivos expressos por ele mesmo já é fascinante, mas Maurice traz uma montanha russa de emoções e sentimentos e filosofias ao longo de uma jornada em busca do amor em sua mais pura e perseguida forma e ainda nos presenteia, pobres mortais, com um final feliz. Com desafios à vista, medo embutido e tudo o mais, mas certamente um final feliz. Eu jamais poderia esperar isto de um livro do início do século XIX, mas fui surpreendida como nunca antes.

Tudo, absolutamente tudo nesta obra de Forster faz meu coração pular em excitação, a escrita é perfeita como nunca vi em toda minha vida, os personagens são absurdamente bem construídos, a história é cativante até quando não se pode imaginar como seria, o final é surpreendente e Forster é um gênio. Eu nunca senti tanto prazer em ler.

Eu certamente pensei ter algum motivo para o fazer, então dei 4/5 estrelas, mas agora creio eu que tenha sido apenas para ser chata porque eu não consigo sequer imaginar qual motivo haveria.

Little Mary 15/02/2024

Maurice poderia morrer por um amigo como aquele.
Maurice é um homem ordinário, nele não há nada que o destaque como um homem além dos demais, fora sua sexualidade. Ele é aparentemente um pouco insensível, bruto, levemente ignorante e misógino, mesmo assim, é também delicado com quem ama, é sensível em seu íntimo, honesto e corajoso. Contudo sua normalidade é que chama atenção nessa estória. Maurice não é extravagante, sua sexualidade não é algo visívelmente notável. Ao longo da narrativa nos é mostrado a solidão desse homem gay, que cercado por uma sociedade ignorante a sua condição, busca se libertar da angústia de existir sendo quem se é, e lutar por sua própria felicidade.
A maneira como a narrativa fora escrita, acompanhado-se de perto os momentos mais significativos da vida de Maurice, fora eficaz em cumprir o papel de evidenciar as sensações do personagem como espontâneas do momento em que se passavam, deixando a narrativa mais realista interessante e imprevisível. Por causa desse formato, não pude prever o desenvolvimento da primeira paixão de Maurice, justamente por estar tão imerciva na paixão idealizada de ambos os homens, tanto quanto o próprio Maurice. Por isso, a quebra da expectativa, aparentou ser tão impactante  para mim como pareceu ter sido para o protagonista.
O processo de confusão na infância, adolescência, a renegação da sexualidade, a aceitação na juventude, todos esses processos se mostraram mais impressionantes ressaltados pelo ambiente e época que eram imensamente mais repressores que os dias de hoje.
O livro também é bastante discreto mesmo nos diálogos mais apaixonados reflexo, de uma precaução proporcional ao tamanho do perigo que era expor a temática da homossexualidade.
Achei um livro muito belo, não por seu caráter romântico (acho que não se pode dizer que é uma estória de amor) mas sim, pela mensagem de esperança que deve ter siguinificado em todo seu contexto e todo os simbolismos universais, que expressados por Maurice, representou e representa a vivência solitária penosa de muitos homens da "laia de Oscar Wilde.?

remustrans 04/02/2024

Homossexuais no início do século XX ? Maurice, E. M Foster
A paixão jovial homossexual retratada no universo de Cambridge, Londres e Penge, desenvolve um cenário helênico com emoções variantes. 
Maurice se apaixona perdidamente por um bastardo, que se torna sinônimo da homofobia internalizada e o recalque homossexual. 

A negação é o fator mais desenvolvido, trazendo a guerra do preconceito na Inglaterra do século XX.

Antiquado, mas atual, é um romance extraordinário. Contendo frutos do início de uma luta que ainda está em andamento nos dias de hoje.

E.M Foster criou um universo perfeito.

arthur966 04/02/2024

Os outros também tinham alma. "mas, oh, deus, não uma alma como a minha." tão logo começou a perceber as outras pessoas como reais, maurice se tornou modesto e consistente do pecado: em toda a criação não poderia haver ninguém tão vil quanto ele.

rayssadioli 02/02/2024

O título do livro vem do nome do protagonista, que vai, depois de um tempo, estudar em Cambridge, onde ele conhecerá Clive, e o que a princípio parecia tratar-se do início de uma amizade, se torna algo mais profundo. O livro é inovador à sua época, uma vez que, quando escrito, a homossexualidade era pouco representada na literatura, e, quando era (bem como o autor menciona), o final dessas histórias não costumava ser feliz, como geralmente era nos romances com protagonistas heterossexuais.

O autor aborda diversas pautas importantes nessa narrativa, como a aceitação, liberdade, preconceito, etc. Ele nos mostra como a sociedade da época se comportava diante das pessoas com uma sexualidade que se distinguia da da maioria. Uma parte que me deixou com muita raiva e triste ao mesmo tempo foi quando Maurice foi consultar médicos porque queria ?se curar?, como se fosse uma doença mental. Infelizmente isso era bem comum na época, e ler isso, por mais que seja difícil, nos permite entender o passado de maneira mais satisfatória, para que assim possamos não cometer os mesmos erros no futuro.

A pauta lgtqiapn+ ainda hoje é um tabu para muitas pessoas, de modo que a representatividade, seja ela em qualquer meio, é extremamente importante, já que assim a sociedade pode se livrar do preconceito, que muitas vezes é enraizado. Esse livro, sendo ele um clássico, é um importante marco quando se trata de representatividade gay na literatura, principalmente no que tange aos aspectos aqui já mencionados.

Voltando à narrativa, Maurice representa um tipo de pessoa homossexual na época, já Clive representa outro tipo. Enquanto Maurice, no fim do livro, se aceita, Clive tenta a todo custo camuflar sua sexualidade, chegando a se casar com alguém do sexo oposto, mesmo não sentindo atração pelo mesmo. Contudo, Clive não consegue ocultar o que ele sente, e isso pode ser percebido com clareza quando ele descobre que Maurice está junto com Alec.

Minha experiência não podia ser outra senão extraordinária, e guardarei essa história enquanto puder comigo. Eu já esperava que o livro fosse ser bom, mas fui supreendide porque não foi apenas uma boa leitura, mas muito além disso. Acho que esse é um daqueles livros que todos deveriam ler, vale a pena cada segundo gasto nessa leitura.

lunasolis 28/01/2024

No início, eu fiquei meio confusa com a escrita, mas depois que eu me acostumei se tornou um livro que tudo que posso dizer sobre ele é: lindo.

@eu_rafaprado 27/01/2024

Maurice
E.M. Forster (5 de 5 estrelas)
265 páginas, tempo médio de leitura 9 horas.

Li um dos melhores livros da minha vida! Um romance entre dois homens, escrito em 1912, publicado somente após a morte do autor, em 1971. Na Inglaterra da época em que o livro foi escrito, a homossexualidade era ilegal e socialmente rejeitada. Forster tinha receio das possíveis repercussões e críticas que poderiam surgir se a obra fosse publicada em um contexto social mais conservador. Ao escolher a publicação póstuma, ele permitiu que sua visão progressista fosse compartilhada após mudanças significativas na sociedade, tornando a obra um testemunho valioso da luta por aceitação e igualdade.

Um romance corajoso, muito sensível e que desafia as convenções sociais da Inglaterra eduardiana. A trama gira em torno de Maurice Hall, um jovem que descobre sua homossexualidade em uma época repressora. Ele enfrenta dilemas sociais e morais, mas encontra apoio em Clive Durham, seu colega de faculdade. No entanto, suas vidas tomam rumos distintos, e Maurice embarca em uma jornada de autodescoberta e amor proibido com Alec Scudder. O livro explora temas de identidade, amor e desafios enfrentados por aqueles que desafiam as normas sociais. Uma obra atemporal que transcende as barreiras do tempo e continua a inspirar.

Infelizmente, o livro está esgotado no Brasil. Foi adaptado para o cinema em 1987.

#Maurice #EMForster #RomanceLGBTQ+

Lia 20/01/2024

Almost an ancient "heartstopper"
I like it a lot. Mostly parts I had feeling very connected with the Maurice plot. Even if I'm not part of the LGBT community. These questions about social dogmas, marriage, children and making yourself an island feel very close to me. The Cambridge aspect is something that caught my attention in the movie, and here it is no different. Aesthetic material for dark academia and light academia, haha.
I liked the ending, and I thought it was smooth. Scudder is such a sweet heart, and Maurice deserves love in the middle of this messy world. I feel for Clive and the hiding aspect, making it part of the rest of his life. So many men and women's had to pass through it, and if you are a romantic, it's kind of the end of the game for you. Clive had lost more than he could even imagine in his last encounter with Maurice. But it needed to be done: "It was the closing of a book that would never be read again, and better close such a book than leave it lying about to get dirtied." (Page 195)

Karine.Maco 15/09/2023

Uma ácida crítica social
O livro relata a história de Maurice, esse homem em pleno 1912 se descobre homoafetivo e na Inglaterra onde a prática era considerada doença e crime. A história mostra os dilemas e angústias dele e de outros homens semelhantes que ele conhece. Essas angústias estão relacionadas a solidão, ao medo de ser descoberto e a cobrança social sobre constituir família e ter filhos. O final foge do realismo que é trabalhado ao longo do livro mas, o autor justifica, em nota final, que gostaria de dar aos personagens homoafetivos um final digno pelo menos no livro pois, considerando o preconceito da época, um final digno a personagens como o Maurice não seria possível. Eu sou evangélica e li esse livro por causa de um grupo de leitura que faço parte mas, gostei da leitura porque através dela pude compreender melhor os dilemas enfrentados pelos homoafetivos mesmo que hoje eles sofram uma pressão social menor em comparação com 1912. Teve alguns diálogos desnecessários mas, acredito que isso seja comum em livros clássicos.

Marcos606 30/08/2023

Romance sobre amadurecimento e história de amor do autor inglês E. M. Forster. Como grande parte de sua obra, abrange as eras realista e modernista; estilisticamente, assemelha-se à literatura do século XIX, mas os seus temas, em particular, a sua representação da experiência, antecipam o trabalho de escritores como Virginia Woolf e D. H. Lawrence. Elaborado entre 1913 e 1914, só foi publicado em 1971! (um ano após a morte de Forster) devido ao seu assunto, Maurice retrata ser gay de forma aberta e positiva.

Retrato brilhante do amor e da árdua jornada rumo à identidade sexual, narra a vida do protagonista desde os tempos de escola até a universidade.

Maurice enquanto estudante da Universidade de Cambridge, atinge a maturidade e a autoconsciência ao aceitar a sua homossexualidade e também renuncia aos valores burgueses em que sempre acreditou.

Nicolly392 23/08/2023

Uma experiência...
Acabei caindo de paraquedas na adaptação de Maurice, estava achando o filme bom, mas parecia que faltava algo. Então fui pesquisar um pouco sobre e descobri que se baseava no livro, e também achei interessante a história do autor, e o livro só ter sido publicado após sua morte. Então abandonei o filme na metade e fui ler.

Daí a experiência começou, achei a leitura dinâmica, e por ser um livro curto, imaginei que iria terminar super rápido, mas acabou que foi bem mais massante e denso do que eu imaginava.

A grande questão é que por boa parte do livro eu não consegui gostar de nenhum dos personagens, eu odiei Maurice, e odiei Clive, e por mais que quisesse o bem deles(juntos), não conseguia me conectar. Sofrer as dores deles, me importar de verdade. Daí eu passei a dar uma colher de chá para Maurice, e odiar muito o Clive. E em meados de 70% eu já tinha desistido completamente de ter esperanças da leitura ser positiva.

E QUE ERRO! O arco final do livro me empolgou bastante, achei a escolha do autor ótima, e achei a massetada final que o Maurice deu no Clive linda de ver, li umas oito vezes de tanto que gostei(o finalzinho, não o livro todo Deus me livre). No final acabou sendo uma leitura positiva, gostei da experiência e não terminei de ver o filme por pura preguiça.

Andy122 13/08/2023

Definitivamente recomendo. Era para ser apenas uma leitura de madrugada, entretanto, senti um grande mix de emoções e reflexões que acabou se tornando um livro/novel favorito mesmo não sendo 5 estrelas.

Spoiler: se você for sensível como eu concerteza vai chorar.