Juliana Pires 25/06/2012O legado da caça vampiroA família Gardella tem um legado (ou seria uma maldição?), eles são caçadores de vampiros, e apesar de não serem os únicos, são os mais poderosos e visados pelos inimigos.
Os venadores são especialistas em caçar e exterminar vampiros, que nesta série são criaturas do mal, nenhum está em busca de redenção, eles querem sangue e não se importam em matar nenhum ser humano para conseguir isso. Por isso a presença dos caçadores se faz tão necessária.
Nem todos na família Gardella caçam vampiros, apenas poucos recebem o chamado e menos ainda escolhem para si essa vida. É um percusso tortuoso por isso muitos escolhem ficar na ignorância.
Mas isso não aconteceu com Vitória Gardella, ela aceitou o legado, se tornou uma venadora, recebeu seu vis bulla (uma espécie de amuleto que aumenta as habilidades e a resistência) e começou uma cruzada contra Lilith – que veio a Londres atrás de um artefato mágico – líder dos vampiros e antiga inimiga de sua tia e mentora.
Para auxiliar seu trabalho de inciante, sua tia chama o enigmático e arrogante Max. É para os dois serem parceiros, no início eles se limitam a trocar ofensas – que vem mais da parte dele – mais aos poucos – bem, bem aos poucos – eles vão se tornando parceiros.
Até aí beleza, né? Só que eu deixei de comentar um pequeno detalhe (eu fiz de propósito, muahahahahaha) que faz toda a diferença, toda essa aventura acontece no séc. XIX.
Aí você pensa, história de vampiro na Londres da era vitoriana e chega a produzir um suspiro (hummmmm) de vontade de ler, por que parece muito bom, mas espera que tem mais.
Como estamos no séc. XIX, para Vitória (é mais para a mãe dela) é essencial ter um marido já que, o que seria de uma jovem como ela se continuasse solteira. O grande problema é que na época em que esta sendo apresentada a sociedade (nos bailes), onde sua mãe esta desejosa que ela consiga um marido, é justamente a época em que ela aceita o seu legado e se torna uma caça vampiros.
Esse é basicamente o motivo pelo qual ela e Max brigam o tempo todo, ele acha que ela esta mais preocupada em preencher seu cartão de dança nos bailes do que fazer seu trabalho. O que não é justo já que os vampiros gostam de frequentar as altas rodas, por isso Vitória tem bastante “material de trabalho” nos bailes.
E não pense que a história para por aí, tem mais, muito mais. Você que gosta de vampiros mais nem tanto, pode estar se perguntando se tem romance (ou não, sei lá), e eu te digo que tem sim, em abundância demais para meu gosto.
Vitória acaba conhecendo um excelente pretendente (o melhor de todos), o marquês de Rockley, que se torna seu noivo e de quem ela precisa esconder o seu legado. E para complicar mais sua vida, conhece o misterioso e sensual Sesbastien que abala sua estrutura. E isso tudo enquanto enfrenta uma horda de vampiros que estão fazendo ataques sistemáticos à cidade.
Mas para tudo...
Eu achei que a história teria como foco principal a luta contra os vampiros e que Vitória tentaria equilibrar isso com sua vida amorosa. Pelo menos foi a sensação que eu tive antes de ler o livro e foi o que me levou a praticamente vender meu rim para comprá-lo. Mas não foi isso, eu sinceramente não sei se essa foi a intenção da autora ou se as coisas foram evoluindo assim e ela resolveu deixar como ficou.
Eu fiquei com uma sensação muito forte de que ela se desviou do que pretendia no começo, por que ela nos apresenta a história, mas no fim das contas a parte de caçar vampiros é pouca desenvolvida, está certo que há sim partes de ação, mas fica tão pequena em comparação ao lado pessoal de Vitória. Grande parte da história é dedicada à vida amorosa dela e alguns questionamentos que passam a infringi-la: Casar ou não? Permitir que Sebastien se aproxime? Se casar, como terei filhos? E confesso que achei isso muito chato.
Confesso também que tenho um problema grande quando o romance se sobrepõe a aventura de um livro. E é exatamente isso que acontece nesse. A autora soube desenvolver a parte do romance muito bem, mas os vampiros que são apresentados como criaturas do mal super poderosas, morrem ao mais leve tocar de uma estaca, até os mais fortes são pouco resistentes. A própria Lilith que é mostrada como o suprassumo do mal, esta mais para uma tarada maluca (ela praticamente estupra o Max) do que para uma criatura maligna.
Eu recomendo o livro? Sim, para quem gosta de romance (e eu sei que vocês gostam) o livro é muito bom, mas o que me levou a dar três estrelas foi algo puramente pessoal. Por que eu esperava outra coisa. Entendam que eu não vejo problema em histórias que mesclam aventura e romance, mas a partir do momento em que a proposta do livro é mostrar uma personagem dividida, você não pode dar destaque apenas a um e esquecer de desenvolver o outro.
Esse livro faz parte de uma série (e qual não faz hoje em dia) de 5 livros, se não me engano. E o segundo também já foi publicado aqui no Brasil. Me perdoem pela resenha gigante, e obrigado aqueles que chegaram até aqui.