cadelinha do rhysand 17/02/2021
"— Porque — respondia ela —, mesmo que nunca saia do gueto, ele vai saber que o gueto não é o mundo. Se eu conseguir pelo menos isso, já terei feito o suficiente"
Uma biografia não linear, educativa, dinâmica e, principalmente, uma homenagem à uma mulher forte. A maneira com que Trevor consegue trazer certos temas de maneira leve e descontraída, revela seu talento nato para comédia. Já gostava do talk show, agora gosto do ser humano por trás. A história de Hitler é hilária.
Fui capaz de me aprofundar em questões importantíssimas como colorismo, desigualdade e violência doméstica.
Não pude deixar de traçar similaridades entre a sociedade brasileira e a sul africana, principalmente na cultura das favelas: "A periferia me fez
perceber que o crime prevalece porque faz a única coisa que o
governo não faz: o crime cuida dos seus. O crime é uma
organização. O crime cuida dos jovens que precisam de apoio e
uma mão amiga. O crime oferece programas de estágio, trabalhos
de verão e oportunidades de promoção. O crime se envolve com a
comunidade. O crime não discrimina."
Além disso, ao entender como o regime do apartheid foi desenhado, é impossivel não notar as similaridades com o regime colonial português no Brasil: a maneira com que o governo utilizou das diferentes crenças, línguas e culturas para promover discórdia e guerra entre as tribos africanas, voltando a própria comunidade contra si mesma, foi a mesma feita pelos portugueses no Brasil colônia, com as tribos indígenas.
Foi apenas a segunda biografia que li e veleu muito a pena!