Carol @leitoraflorida 08/09/2020Superou minhas expectativasEu me lembro dos momentos quando criança em que deveríamos escolher qual personagem do filme ou desenho iriamos ser na brincadeira. As primeiras escolhas sempre eram baseadas à partir das características físicas de cada um, na maioria das vezes ficava com o que sobrava, era difícil achar cabelos cacheados, mais difícil ainda a pele negra no meio das animações, bonecas e filmes. No ensino médio, a mesma coisa, mas dessa vez eu não achava referências não só nas Barbies, mas nas séries , filmes, revistas e livros de romance, era tudo muito branco e claro.
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Eu procurava por algo a me apegar, e que me fizesse sentir parte das histórias, saber que não estava só, mas não achava muita coisa. Por muitos anos foi assim, me sentindo solta, tentando entender qual era a minha identidade, e se você já foi criança e adolescente sabe que ter algo que te representa, um suporte, alguma voz amiga nessa fase de desenvolvimento e amadurecimento é essencial.
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Agora, aos meus 26 anos ler Vozes Negras, fez despertar em mim um misto de emoções e lembranças. Sinto um orgulho e esperança de ver escritoras incríveis dando voz a meninas como Amara, Glorinha, Aleduma, Enyin, Dandara e junto com elas tantas outras Carolines que anseiam pela confirmação de poder ser tudo o que quiser: uma princesa, uma superpoderosa, uma cientista, ou mesmo a mocinha do romance clichê.
Não quero entrar em detalhes sobre o livro, afinal são contos e você deve conhecer cada um na íntegra, apenas ressalto aqui que umas das coisas que mais amei em Vozes Negras, é ver nomes como Maria Carolina de Jesus, Conceição Evaristo e muitos outros presentes nessa narrativa. A distinção entre os temas, planos, e pessoas apresentadas; romance, drama, e mesmo o sci-fi é algo que não espera encontrar, e fui surpreendida pela profundidade dos contos, uma pena serem histórias curtas, alguns desses personagens gostaria de acompanhar por muito mais tempo rsrsrs ( bora transformar em romance)
O 3° em especial, foi o que mais queria mais umas 300 páginas de afrofuturismo