Roberta Barbosa 07/10/2011
As intrigas da corte inglesa estão de volta.
"Como a maioria, servi a uma rainha atrás da outra. Como a maioria, acompanhei a moda dos capelos adotada por minha senhora real: capelo Gable, capelo francês, capelo inglês. E nas orações: papista, reformista, católica inglesa. Gaguejei em espanhol, conversei em francês. e me sentei em um silêncio introspectivo e costurei camisas para os pobres. Não há muito sobre as rainhas da Inglaterra que eu não saiba, que eu não tenha visto. E logo verei a próxima e saberei de tudo a seu respeito: seus segredos, suas esperanças e suas deficiências. E talvez, até mesmo em uma corte cada vez mais amedrontada sob o governo de um rei que se torna um tirano mais inclemente a cada dia, mesmo sem meu marido e mesmo sem Ana, aprenderei a ser feliz de novo." -Pág. 39
Como o título por si só demonstra, aqui vemos (lemos) o que acontece após a morte da famosa Ana Bolena. O tempo finalmente atinge o rei, o qual antes era considerado o príncipe mais belo da cristandade agora está na faixa dos cinquenta anos, gordo e com uma ferida aberta que exala um cheiro terrível. O povo não sabe o que fazer em relação à igreja; todos têm que agradar o rei, mais do que nunca. Henrique faz tudo o quer, sendo o menino (crescido) mimado que sempre foi, usando o pretexto de que é a vontade de Deus. E quem der um passo em falso vai direto para o cadafalso.
Ele é narrado por três pontos de vista: Jane Bolena (cunhada de Ana Bolena, viúva de George Bolena), Ana de Cleves (a mais nova rainha, a número quatro) e Catarina Howard (prima de Ana Bolena).
Jane Bolena foi a que me surpreendeu mais; sendo tão odiada no livro anterior, não esperava vê-la narrando um terço deste. Entretanto, é melhor do que pode parecer. Nós podemos finalmente entender um pouco mais a chamada Lady Rochford, e sua loucura interna.
Catarina Howard é uma garota fútil, com "apenas" catorze anos e muito ingênua, como várias em sua idade.
Ana de Cleves é a mais compreensiva das três; sem a ambição Bolena e a estupidez Howard a nova rainha vinda da Alemanha é muito doce (em alguns momentos até demais). Ela encara seu destino, sem ter certeza do que vai acontecer, mas olha-o de frente, como se não houvesse nenhuma hipótese desastrosa a seu respeito.
O que agradou-me mais foi que Philippa ao contrário de, por exemplo, Rick Riordan, consegue transmitir brilhantemente as diferenças sob cada ponto de vista.
Uma leitura fácil, instigante.