Clarisse 23/04/2017Mein Kampf - Volume IInício da vida
Hitler nasceu em Braunau, Aústria. Com desejo de torná-la novamente parte da Alemanha, aos quinze anos já se considerava um "fanático nacionalista".
Muitos de sua geração viam o império austríaco como responsável pelo desmantelamento da nação alemã. Órfão aos 15 anos, com o sonho de tornar-se pintor, apesar de ter talento mais para o desenho, vai para Viena. Lá ele se depara com as dificuldades da vida, trabalha pelo pão diário e muitas vezes opta por passar fome para poder ir a ópera ou comprar livros. Muito interessado pela História alemã e pela Sociedade, ele faz uma análise da sociedade proletária da época e da sociedade nacionalista ideal.
O exemplo exposto por Hitler da formação de um cidadão é ainda muito atual: uma criança crescendo numa "casa" pequena para cinco irmãos e pais que brigam todos os dias devido as dificuldades da vida é ensinada pelos pais a odiar o Estado (que não os ajuda); ao sair da Escola além de ter adquirido poucos conhecimentos, é irresponsável e "amoral". Assim, uma criança que só viu a "sujidade" e a "vileza" humana que vida alcançará? Nesse caso, o autor defende que a "nacionalização de um povo deve começar pela criação de condições sociais sadias como fundamento de uma possibilidade de educação do indivíduo". Do conhecimento, surge o orgulho pela Pátria. Só se luta pelo que se ama, só se ama o que se respeita e só se respeita aquilo que se conhece.
Em Viena
Em Viena, Hitler passou a "entender" melhor a sociedade em que vivia. Sempre lendo jornais diversos para conhecer as doutrinas/ideias que não dominava e poder ter argumento em suas discussões em grupos. Lia desde os jornais "vermelhos" até os antisemitas. Antes de tomar um partido quanto aos judeus, Hitler, afirma ter usado da razão para não fazer uma injustiça. Assim, após meses de estudos, ele conclui que os judeus seriam os líderes da social-democracia. Os responsáveis por incitar a classe trabalhadora, anular a cultura e o nacionalismo alemão . A expansão do "marxismo-judaico" ocasionaria o fim da raça humana. Por isso, Hitler via-se como um agente de Deus na luta contra o judaísmo.
"Eu só via no judeu o lado religioso. Por isso, por uma questão de tolerância, considerava injusta a sua condenação por motivos religiosos. O tom, sobretudo da imprensa anti-semítica de Viena, parecia me indigno das tradições de cultura de um grande povo, Causava-me mal-estar a lembrança de certos fatos da Idade Média, cuja reprodução não desejava ver."
Ataque a Democracia
Outro ataque de Hitler é à Democracia Parlamentarista, extensamente ele defende como essa Instituição é falha. Colocar as decisões de uma nação na mãos de cerca de 500 homens seria uma forma de "tirar" a responsabilidade pelas decisões das costas de um só homem. Logo, sem responsáveis não há culpados. Além disso, ele afirma que esses homens não teriam competência para a tarefa que lhes foi designada, pois haver um verdadeiro estadista em uma nação é uma exceção. Em contrapartida, defende a democracia gêrmanica que centraliza em um único líder toda responsabilidade. A autoridade pública só poderia exigir respeito e proteção caso defendesse os desejos da nação.
Preocupado com o crescimento populacional da Alemanha, cujo território seria "pequeno" para plantio e suprimento de toda essa população, Hitler defende que o país deveria expandir seus domínios. Àquela época muitos países ainda mantinham suas colônias pelo mundo, mas para Hitler o ideal seria que a Alemanha buscasse mais terras no próprio (sub)continente europeu. Conquistadas pela força e diligência do povo alemão. Segundo ele, o "Estado" judeu nunca teve fronteiras, era unido pela raça e se encobria pela religião. O Estado vai além da organização econômica, representa a união de uma raça para a autopreservação.
A propaganda de guerra
De certa forma o autor também dá uma lição de marketing, ao analisar a propaganda na Primeira Guerra. De um lado a Alemanha teria errado ao ridicularizar o inimigo. De outro, este tiraram vantagem ao retratar os alemães como monstros e bárbaros. Assim, os soldados da Entente (França, Reino Unido e Rússia) estavam preparados para algo muito pior do que encontraram de fato no front. Enquanto que os soldados alemães sentiam-se enganados por receberem notícias falsas. Além do que, a propaganda alemã falhou ao tentar minimizar sua "culpa" pelo desencadeamento da Guerra, em vez de atribuí-la toda ao inimigo. Surgiu então a dúvida entre o povo: "se os inimigos tem razão de nos atacar por que continuamos em guerra?" Na Inglaterra, a propaganda era considerada uma arma de Guerra, mas na Alemanha era algo de segundo plano atribuído aos mais incompetentes
Após a Guerra, Hitler decide-se por entrar para a carreira política. Sua habilidade em oratória rende-lhe um convite para um partido pequeno. Pequeno mesmo, só tinha seis membros. Depois de refletir sobre o assunto, conclui que era de um partido pequeno que poderia surgir o reerguimento da nação. E não dos partidos corruptos com lugar no parlamento. Mesmo contando com superioridade numérica e constante suprimento de armas a Entente levou mais de quatro anos para vencer. E a causa da vitória foi a fraqueza de caráter e descrença do povo , devido a propaganda doutrinária que minava o espírito nacionalista. A crise pós-guerra não teria como causa principal a economia abalada. Mas na verdade surgido de fatores éticos e raciais.
Sífilis
Em um capítulo Hitler faz um extenso ataque a prostituição e apresenta a sífilis como um grave problema de saúde pública na Alemanha. Eu, curiosa, pesquisei, pois desconhecia essa doença como epidemia. Encontrei esse site legal, que traz alguns cartazes orientado os soldados a tomarem os coquetéis para DSTs. Noutro site, explicava que essa preocupação do Fuher, se devia a ele ter contraído Sífilis enquanto estava em Viena. Indica inclusive, que suas obsessões seriam um sintoma da doença.
No mesmo capítulo, Hitler aborda a instituição do casamento, a qual ele considera como meio para a conservação e multiplicação da raça. Ele também considera a arte contemporânea como a decadência da cultura alemã. Em parte pelo crescimento das grandes cidades que deixaram de ser centros culturais para tornarem-se "aglomerações" urbanas, com a industrialização.
A questão da "raça"
Hitler defende a pureza de sangue do povo ariano. Ele acreditava que a proteção e evolução da raça estaria relacionada ao mecanismo de seleção natural, na qual somente as espécies mais fortes sobrevivem. Para tanto os arianos deveriam reproduzirem-se entre si. Ele cita como exemplo histórico, que a América do Norte, por ter sido colonizada mais por arianos, manteve uma grandeza humana e cultural. Enquanto que a América do Sul, colonizada por latinos que se misturaram aos indígenas, seria menos civilizada. A lógica do autor parte para o seguinte: sendo os arianos a raça superior, o pacifismo dependeria de ser dada aos alemães a "posse" do mundo.
"Talvez o conceito pacifista humanitário chegue a ser de fato aceitável, quando o homem que for superior a todos, tiver previamente conquistado e subjugado o mundo, ao ponto de tornar-se o senhor exclusivo desta terra. A tal ideia torna-se impossível produzir conseqüências nocivas, desde que a sua aplicação na realidade se torna cada vez mais difícil, e por fim, impraticável. Portanto, primeiro, a luta, depois talvez o pacifismo."
As características principais de cada raça seriam intrínsecas. Isso explicaria porque, enquanto uma situação levaria certo povo a passar fome, servia a outro como estímulo para trabalhar com mais afinco. Como na fábula da cigarra e das formigas. Os arianos seriam os responsáveis pela origem da civilização humana, toda a arte, toda a ciência (mesmo as do Oriente) teriam surgido de ideias nascidas nesse povo. Essa superioridade justificaria a escravidão dos povos inferiores. Escravidão que seria uma "benevolência", pois os explorados, empregados em um trabalho útil estariam em condição melhor do que quando estavam livres.
O aspecto principal da raça ariana seria a capacidade de autossacrifício pelo coletivo. Enquanto o povo judeu só seria capaz de unir-se mediante o perigo. Passado este, voltaria ao seu estado natural de egoísmo. A inexistência de um Estado Judaico representaria a falta de cultura do povo que se apropria daquela presente nos povos que "corrompe."
Na Alemanha, os judeus seriam os responsáveis pela revolta da burguesia contra a monarquia e depois do proletariado contra a burguesia. Para isso, utilizaria da Maçonaria, entre as classes superiores e da imprensa para os operários. Pregando a igualdade e humanidade eles alcançariam o controle da nação.
O crescimento do Partido
De apenas sete membros o movimento logo chegou a centenas de adeptos, graças a capacidade de Hitler na oratória. Nos discursos ele defendia as ideias que descrevi anteriormente. Com mais de dois mil seguidores, passou a chamar atenção dos comunistas, que começaram a assistir aos comícios, alguns como críticos, outros para provocar a desordem. Apesar de não gostarem de considerar o movimento como um Partido, nomearam a associação como "Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães".
Resenha sobre o volume II, no blog.
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https://asvantagensdeterumblog.wordpress.com/