jota 25/01/2012Livros e mais livros!Geralmente são as pessoas que devoram os livros, mas aqui acontece o contrário. A ideia do escritor português, Afonso Cruz é muito boa: um garoto, Elias Bonfim, sai investigando o desaparecimento do progenitor (que lhe diziam ter morrido de enfarte) e o faz através da leitura de vários livros que, na verdade, devoraram seu pai.
Ele, Vivaldo Bonfim, um funcionário público que, sempre que podia, em vez de cuidar de seu serviço, devorava livros durante o expediente (algo familiar aqui?), não no sentido literal, claro. Até que um dia acabou devorado por um livro de H. G. Wells, A Ilha do Dr. Moreau.
Os Livros Que Devoraram Meu Pai me lembrou um pouco O Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder, onde se tratava de filosofia e aqui, de literatura. Os livros são “contados”, didaticamente resumidos e até mesmo alguns personagens dos outros escritores passam a tomar parte na ação. Com direito a uma participação especial, entre outros, de Raskolnikov, o assassino de Crime e Castigo, de Dostoievski.
Sempre que vai ao sótão onde o pai guardava os livros, o menino “entra” dentro da história e “viaja” para, por exemplo, Londres – onde conversa com os personagens de O Médico e o Monstro, de R. L. Stevenson -, ou para São Petersburgo – e aí contracena com personagens de Dostoievski, etc.
O pai lia bons livros, não qualquer coisa: Odisseia (Homero), A Divina Comédia (Dante), Fahrenheit 451 (Ray Bradbury), O Barão Trepador (lá em Portugal; aqui, O Barão nas Árvores, de Italo Calvino), os já citados de Dostoievski e Stevenson, e muitos outros.
Opinião do menino acerca de Crime e Castigo, quando o retirou da estante pela primeira vez: “Era [um volume] pesado como uma feijoada (...).” Coisa que criança (de livro e da vida real) diz e que todo adulto gosta de ouvir (ler), não?
Bem, o livro de Afonso Cruz é para quem gosta de boas histórias e de bons livros. Se não é empolgante, é, ao menos, bastante interessante.
Lido entre 24 e 25.01.2012.